Capoeirista é indiciado por estupro de vulnerável após ser denunciado por aluna

Inquérito será encaminhado para a Justiça nesta terça-feira


Por Vívia Lima

01/10/2018 às 20h05- Atualizada 02/10/2018 às 10h50

Um mestre de capoeira, 66 anos, foi indiciado pelo crime de estupro de vulnerável após uma de suas alunas, 13 anos, procurar a polícia e denunciar abusos praticados por ele. Segundo a polícia, o investigado é conhecido não só em Juiz de Fora, mas em cidades vizinhas. Ele ministra aula em outros 13 municípios, e, em Juiz de Fora, atua há cerca de 50 anos. O episódio está em investigação na Delegacia de Atendimento à Mulher e, nesta terça-feira (2), o inquérito do caso segue para a Justiça.

Os abusos vieram à tona no dia 23 de agosto deste ano, depois que a jovem registrou um boletim de ocorrências contra o professor, com quem tinha aulas de capoeira em um projeto social, na região Norte de Juiz de Fora. “Ela procurou a delegacia tendo em vista que teria sido abusada pelo homem. Ele teria passado a mão nas pernas dela e, segundo a vítima, fez o registro, pois não estaria ‘aguentando mais’ “, ressaltou Ione Barbosa, delegada responsável pelas apurações.

PUBLICIDADE

Conforme o boletim de ocorrência, os assédios vinham ocorrendo há cerca de 30 dias e iniciaram através de mensagens “inapropriadas” via celular. Em um determinado dia, o professor levou os alunos para uma pizzaria, data em que teria passado as mãos na perna da jovem e ainda teria tentado beijá-la. A vítima contou o fato a outras duas amigas, e ambas relataram ter sofrido com a mesma conduta por parte do homem e não teriam contato antes, por medo.

Após o registro policial, foi instaurado inquérito pela Delegacia de Mulheres. O depoimento de um garoto, também de 13 anos, foi essencial para o indiciamento do suspeito. “Foram ouvidas algumas testemunhas, dentre elas o adolescente. Ele nos relatou ter presenciado um desses abusos.” Anexado ao inquérito estão mensagens de texto trocadas entre a vítima e o suspeito, por meio de um aplicativo. “Ele diz apenas que as mensagens eram para informar sobre eventos e aulas, mas havia certa intimidade, caracterizando assédio. Mas, diante dos depoimentos, entendemos que se trata de estupro de vulnerável (quando a vítima tem menos de 14 anos)”, declara Ione. Em seu depoimento, o professor alega que as denúncias foram motivadas pelo fato de ele não ter dado à aluna uma corda de graduação superior à que ela possuía na capoeira.

Outras vítimas

Ione não descarta a possibilidade de o homem ter feito outras vítimas e pontua que uma das testemunhas é um pai de dois ex-alunos que também teriam sido abusados quando crianças. Atualmente ambos têm mais de 40 anos e residem no exterior. “Esse pai nos procurou e contou que os filhos revelaram o ocorrido em dezembro de 2017. No entanto, diante da passagem de muitos anos, nada foi feito. Entretanto, após assistir reportagem sobre o caso, o pai resolveu procurar a polícia. Os filhos teriam dito que, para os garotos, o professor mostrava o órgão genital, e, com as meninas, acariciava suas partes íntimas”, contou a delegada. Ainda conforme relato do pai, para que os casos não viessem a público, o professor usava de ameaçava dizendo que possuía amigos policiais e, caso relatassem algo, poderiam fazer algo contra seus familiares. O suspeito nega os fatos.

 

 

 

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.