Briga entre Lacerda e PSB continua após retirada de candidatura
Partido afirma que irá apresentar documentos que comprovam que candidato teria usado provas adulteradas em processo para validação de chapa
A queda de braços entre Marcio Lacerda e o PSB não terminou após o político anunciar a retirada de sua candidatura ao Governo de Minas e a sua saída do partido no início da tarde de terça-feira (21). Além de manter o processo de impugnação e aguardar a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sobre o assunto, a direção do PSB informou que irá apresentar, nesta quarta-feira (22), documentos que comprovam que o ex-candidato teria adulterado provas do processo para validação da chapa “Minas tem jeito”.
Em entrevista à Tribuna, o presidente estadual do partido, Renê Vilela, disse que a decisão de manter a impugnação da candidatura de Lacerda se deu pelo fato de ele não ter retirado o processo de validação da chapa junto ao TRE, apesar de ter anunciado publicamente a desistência. “Como ele não retirou o agravo, nós vamos manter tudo como está e aguardar o julgamento do Tribunal.” Sobre a saída de Lacerda do PSB, que até então tinha o projeto de não tê-lo na disputa pelo Governo de Minas e lançá-lo como candidato ao Senado, Renê afirmou que “fatos novos fizeram o partido mudar de planos”.
Segundo ele, os advogados do partido verificaram que nas provas anexadas ao processo de Lacerda junto ao TRE haveria a transcrição de vídeos do Congresso Nacional do PSB, realizado em agosto, com corte de falas. “Desta forma, ele afirma que esteve no evento, mas não participou da votação. Nós não esperávamos este procedimento”, declarou. “Como alguém que vota num Congresso e depois afirma que não votou, que modifica provas, pode nos representar no Governo ou Senado? Se ele não saísse, com certeza seria convidado a se retirar do partido. A decisão dele é o reconhecimento da derrota jurídica que ele teria, mas permite que todos saiam tranquilos.” O PSB irá apoiar o PT na candidatura de Fernando Pimentel à reeleição pelo Governo de Minas, e de Dilma Rousseff e Miguel Corrêa ao Senado.
Procurada pela Tribuna, a assessoria de Lacerda informou que não teria mais nada a acrescentar sobre o assunto, e que tudo já havia sido comunicado pela carta publicada pelo ex-prefeito de Belo Horizonte. No texto, ele afirma que “a cúpula do PSB e do PT conspiraram para retirar” a sua candidatura a governador de Minas Gerais, impedindo a desvinculação definitiva do tradicional papel de braço do PT, desempenhado pelo PSB.”
Ele também criticou a demora para o julgamento da validação da chapa. “A impossibilidade do julgamento definitivo do assunto, desenhada nos últimos dias no âmbito da Justiça Eleitoral, conduz esta insegurança jurídica até a véspera do 1º turno, o que me leva a retirar minha candidatura. Esse prazo alongado dificulta e muito a mobilização de apoiadores e, especialmente, tornará muito fragilizada a situação dos candidatos a deputado do PSB, que estão contra sua vontade, presentes em duas coligações. Além disso, manter uma campanha eleitoral, muito curta e de grandes desafios como essa, com tamanha indefinição jurídica, poderia prejudicar muito o crescimento que vínhamos detectando nos últimos meses em torno da nossa proposta para Minas Gerais.”
Em resposta à carta divulgada por Lacerda, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, contestou o ex-prefeito de Belo Horizonte. “Inicialmente, Marcio Lacerda não compreende que política é uma atividade que se exerce por meio de construções coletivas. (…) diálogo não é conchavo; construir candidaturas viáveis não equivale a fazer má política; ouvir o conjunto de forças envolvidas não representa caudilhismo.” Siqueira informa ainda que Lacerda chegou a desistir da candidatura por meio de carta direcionada à presidência nacional da legenda e que outras alternativas eleitorais ao ex-prefeito foram buscadas após o acordo nacional com o PT.
Imbróglio
O imbróglio da candidatura de Lacerda começou em abril quando, segundo o PSB, ele teria comunicado à direção nacional do partido que não se candidataria ao Governo estadual por razões pessoais. Em maio, Lacerda reconheceu a possibilidade de se lançar como candidato à vice-presidência na chapa de Ciro Gomes (PDT). Após esta candidatura não ser viabilizada, ele teria manifestado interesse na coligação com o MDB na disputa para o governo.
Conforme informações do PSB, o principal motivo para a impugnação de Lacerda ao Governo estava no “desacato” do candidato à resolução votada durante o Congresso Nacional do partido, realizado em março. Na ocasião, teriam sido definidas as alianças partidárias para as eleições 2018. Nesta definição, PSDB, MDB e DEM ficaram de fora. No entanto,Lacerda registrou junto ao TRE a chapa “Minas tem jeito” , na qual teria o candidato Adalclever Lopes (MDB) como vice.
Segundo vaga ao Senado
“Os dois candidatos (da coligação majoritária) ao Senado serão do PT. Ontem (dia 20), eu já comuniquei à presidente do PT e ao coordenador-geral das coligações majoritárias deles que nós estamos retirando a possibilidade de Marcio Lacerda concorrer ao Senado”, pontuou o presidente da comissão provisória estadual do PSB, confirmando como candidato o deputado federal e ex-secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Miguel Corrêa Júnior (PT), ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff.
O congressista, registrado junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em primeiro momento, como candidato à reeleição na Câmara dos Deputados, lançou, nesta terça (21), sua candidatura ao Senado lado da presidente estadual da legenda, Cida de Jesus, primeira suplente do cargo na chapa “Do lado do povo”, encabeçada pelo PT e constituída, também, por PCdoB, PSB, DC e PR.
À espera da resolução do imbróglio judicial entre a Executiva nacional do PSB e o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda e seus correligionários, o PT havia inscrito, temporariamente, o tesoureiro da legenda em Minas, Jorge Alexandre Luna da Silva, na vaga i
Tópicos: eleições 2018