O esquenta das eleições de outubro

Por Cristhian Silva, Kamilla Menezes e Vinicius Viegas

17/07/2018 às 07h00 - Atualizada 16/07/2018 às 18h41

Com as eleições cada dia mais perto, a tensão dos investidores aumenta e, com ela, vem a troca de posição nos ativos financeiros. De acordo com a provedora de serviços financeiros Economatica, o saldo depositado em ativos classificados como renda fixa aumentou em R$ 56 bilhões desde o início do ano. Um terço (R$ 1,975 trilhão) desses recursos está aplicado em ativos com grau de investimento e baixo tempo de resgate, o que implica em menor remuneração. O volume de recursos aplicados em fundos de ações também cresceu em 35 bilhões de reais, ou 16% desde o final de 2017. Nessa classe de ativos, chama atenção o volume aplicado em ativos no exterior, saindo de pouco mais de R$ 23 bilhões no final de 2017 para quase R$ 46 bilhões em junho de 2018, um crescimento de quase 100% em apenas 6 meses. Já os fundos de previdência apresentaram um modesto crescimento ao longo do ano, pouco mais de 4%.

Fundos de renda fixa com grau de duração livre e indexados foram os que registraram o maior volume de saída de recursos no mês de junho de 2018, cerca de R$ 11,5 bilhões e R$ 7,7 bilhões respectivamente, segundo a Anbima. Essa situação confirma que a aversão ao risco dos investidores cresceu com a insegurança no quadro político nacional, refletindo na volatilidade dos preços dos papeis. Em contrapartida, o tipo de fundos denominado Multimercados Livre (aplica em diferentes tipos de ativos, a depender da conjuntura) registrou resultado positivo, com entrada de R$ 2 bilhões e captação acumulada no ano de R$ 22,3 bilhões. Esse resultado pode ser atribuído à capacidade que esses fundos têm de se adequar aos cenários econômicos, dada a liberdade contratual de adotar diferentes estratégias ao longo de sua existência.

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Os movimentos nesses ativos são, de certa forma, esperados, com os investidores buscando menor volatilidade em tempos de incerteza crescente, o que explica o aumento da posição em ativos de renda fixa de curto prazo, fundos de investimento com estratégias flexíveis e o aumento expressivo na posição em ativos no exterior. Some-se a isso a guerra comercial levada a cabo pelo presidente americano contra a China, que traz instabilidade à moeda americana e escalada na relação real/dólar.

Para encerrar, muda o cenário, mas a recomendação permanece: em tempos de muita volatilidade, mas também na calmaria, há que se avaliar com cuidado onde investir o dinheiro. Fatores externos e a proximidade das eleições vão influenciar na cotação das ações e na rentabilidade dos fundos e da renda fixa. Porém, ativos de empresas boas, no longo prazo, tendem a ter uma performance superior à renda fixa e a fundos de investimento. Isso posto, é importante que o investidor esteja preparado emocionalmente para variações momentâneas nos ativos e sempre busque os melhores investimentos e papeis para o seu perfil e metas. Trabalhando dessa forma, conseguirá uma maior rentabilidade para alcançar seus objetivos pessoais não importam quais sejam os resultados das urnas.

Email para cmc.ufjf@gmail.com

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