Pela prevenção
Projeto “Fica Vivo” é uma chance única de combater os crimes contra a vida com ações que vão além da repressão
Juiz de Fora, há anos, tem demandado suas lideranças políticas para atuarem na instância estadual, em busca da instalação do programa de combate a homicídios “Fica Vivo”, uma experiência que começou há 13 anos e que tem tido resultados positivos, sobretudo na Região Metropolitana de Belo Horizonte, embora a violência ainda seja um dado preocupante em todo o estado, como nos demais entes federados do país. No caso local, o projeto começa pela Vila Olavo Costa, uma das regiões mais conflagradas de Juiz de Fora, tendo respondido pela maioria dos crimes consumados contra a vida. Nesta edição, a Tribuna fala dos investimentos que serão feitos e das expectativas da própria comunidade, hoje cercada pelo medo.
O “Fica Vivo”, ao contrário de outras iniciativas, é complementado por uma série de ações que vai além do viés repressivo. É, na verdade, preventivo, como defendem especialistas e estudiosos da própria polícia, como é o caso do coronel Alexandre Nocelli, comandante da Quarta Região de Polícia Militar, que desde o início da carreira estuda o assunto. É dele, por exemplo, um mapeamento do que chamava de zonas quentes da cidade, isto é, aquelas com maior incidência de crimes e que careciam da presença do Estado com seus serviços.
O “Fica Vivo” tem esse viés. É formatado de dentro para fora, com o envolvimento direto da comunidade, pois é esta que conhece, de fato, o problema e as suas implicações. A parceria com os moradores é fundamental para a iniciativa dar certo, pois obtém a sua participação sem necessidade de indução, mas por estes reconhecerem que serão os principais beneficiados se a proposta der certo. Sob esse aspecto, o público-alvo são jovens de idade entre 12 e 24 anos, por ser a fase de formação do indivíduo como ser social. Sem perspectiva e ante a ausência do Estado, essa faixa torna-se vulnerável ao apelo do tráfico, que tem uma técnica própria de convencimento que não se esgota no medo. Também apresenta o lado lúdico, que acaba funcionando como ferramenta de cooptação.
Desta forma, quando há programas que se oponham a esse falso apelo, a chance de mudança é expressiva, com benefício direto para a comunidade e também para o seu entorno.