O clamor da Terra


Por Tribuna

29/07/2017 às 04h10

Equipe Igreja em Marcha, Grupo de leigos católicos

No Brasil, os movimentos sociais ligados à questão agrária celebraram seu dia em 25 de julho. Quem é próximo à questão sabe que não há muito a celebrar, pois é um dia é de luta. A terra é mal repartida. Se a situação de trabalho é ruim nas cidades, no campo ela é pior. A concentração das propriedades rurais é crônica em nosso país. As nações que se desenvolveram no mundo realizaram sua reforma agrária. Foi o acúmulo gerado por uma terra bem distribuída, garantindo alimentação e trabalho para todos, que permitiu aos países da Europa e aos Estados Unidos fazer seu desenvolvimento industrial.

No Brasil, tudo começou com concentração dos meios de produção rural, que, em vez de gerar riquezas, gerou injustiça. E nunca se encarou a sério a necessidade de melhor distribuir a terra. Historicamente, o latifúndio improdutivo era a regra. Agora, sem que tenha sido resolvido esse problema, acrescentou-se outro: o agronegócio.

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Ninguém discorda que, por conta do comércio exterior, o agronegócio seja necessário. O problema é que gera pouco emprego e é concentrador. Além disso, não atende à produção de itens que compõem a mesa dos brasileiros, dos quais 75% são produzidos pela agricultura familiar. A mecanização e a tecnologia foram expulsando os trabalhadores do campo, criando um problema social: o inchaço das periferias das cidades, a favelização e a marginalização de milhões de seres humanos. A fome e a miséria nas cidades se agravam por conta de trabalhadores rurais, sem terra, sem emprego e sem perspectivas.

Identificados com Jesus, sofrendo nesses nossos irmãos, somos chamados a ações para resolver esse problema. O Brasil possui terras para agricultura, e é possível ainda uma reforma agrária. Cada família assentada gera cinco empregos. E mais, ela produz a maior parte da produção agropecuária, apesar de a maior parte dos subsídios governamentais ir para o agronegócio. É uma iniquidade!

Quem começou a apoiá-los foi a Igreja Católica, através da Pastoral da Terra. Mas o forte apelo evangélico de suas lutas logo foi agregando irmãos de outras denominações. Em vários locais, neste mês, ocorrem Romarias da Terra, devoção tradicional católica, que vão ao encontro de terra e água, sagrados por serem sinal de vida. Os irmãos das cidades devem apoiar suas atividades através de pressão aos governantes por uma reforma agrária e do apoio à agricultura familiar.

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