Imoralismo do auxílio-moradia
O Brasil é mesmo um país de grandes disparates e de uma profunda desigualdade social, a ponto de quem mais tem recursos mais ainda possui benesses, e quem menos tem, como o Bolsa Família, é duramente criticado e chamado até mesmo de vagabundo, principalmente pelos oportunistas privilegiados pelo sistema ou, infelizmente, por aqueles que sequer sabem o que falam. Já os juízes… gozam do auxílio-moradia, mesmo que possuindo imóveis próprios ou, pior, se cônjuges forem juízes, como é o caso de Marcelo Bretas e sua esposa, ambos possuem o mesmo benefício. Por que também não estender este benefício para quem tem Bolsa Família? É imoral somente para os pobres deste país?
A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) apresentou uma questão de ordem ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar adiar o julgamento da ação que discute o auxílio-moradia para a magistratura, porque Cármen Lúcia já sinalizou a intenção de colocar o assunto em pauta no mês de março para votação. As alegações são as mais diversas, mas infelizmente naufragam no casuísmo e na teimosia de se preservar um benefício indecente em que até mesmo juízes como Sérgio Moro, que se traveste de paladino da justiça, também lutam por desfrutar de um dinheiro a mais no final do mês, pouco se importando se o merecimento se embasa no destino moral do dinheiro público.
Este fato também se aplica ao STF, que de maneira parecida também desfruta das benesses do erário, porque ministros desta Corte moram em imóvel funcional, apesar de serem proprietários de outro em Brasília. É o que chamamos de parasitismo sanguessuga do dinheiro público!
Curiosamente, podem ter certeza de que os vencimentos dos juízes superam em muito a média do trabalhador brasileiro. Sete em cada dez magistrados recebem acima do teto constitucional, que é de R$ 33.700, fora estabilidade de emprego, aposentadoria integral, dois meses de férias por ano.
Não condeno ninguém por benefícios, mas defender privilégios imorais como o auxílio-moradia para juízes destoa da realidade do nosso país em que boa parte da população sequer conta com uma educação e uma saúde pública dignas capazes de suprir as necessidades básicas do cidadão.
É preciso que este tipo de corporativismo seja extirpado do serviço público, porque situação como a do auxílio-moradia para a magistratura e a de penduricalhos, como dentre outros benefícios que sequer chegam a público, vai na contramão da ética e da moralidade para com o dinheiro público.
A sociedade brasileira tem que dar um basta! O Judiciário tem que abrir a caixa-preta! Ser transparente! Por que tanta obscuridade em sua folha de pagamento?