O idoso e o trânsito

Por José Luiz Britto Bastos, especialista em Engenharia de Transportes


Por Tribuna

22/09/2017 às 06h30- Atualizada 22/09/2017 às 07h35

Cidades para pessoas! Ora, cidades são para as pessoas. Mas, no Brasil e em muitos países do terceiro mundo, as cidades têm sido destinadas, principalmente, para os automóveis. Normalmente, as autoridades municipais relegam as pessoas para dispensarem tratamento vip aos veículos, quando, na verdade, deveriam se preocupar em retirar das ruas o excessivo volume de automóveis, que atrapalha a mobilidade urbana e aumenta a insegurança das pessoas. Políticas de trânsito corretas tendem a estimular o uso do transporte coletivo público, bicicletas como modal de transporte e caminhadas a pé, possibilitando a existência de uma cidade mais humana, menos agressiva e dotada de melhor qualidade de vida.

De acordo com informações fornecidas pelo Seguro Dpvat, por ano, o trânsito no Brasil faz 60 mil vítimas fatais, ou seja, 150 pessoas mortas por dia. Isso é uma tragédia. Aqui, infelizmente, o trânsito mata mais gente do que muitas guerras que se encontram em andamento pelo mundo, e parece que isso não incomoda mais!

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Em Juiz de Fora, hoje, a frota de veículos automotores é de 255 mil veículos, para uma população de 517 mil pessoas, da qual 13,62% são idosos. Segundo a Tribuna de Minas, em reportagem datada de 9/07/2017, até o mês de abril, foram atropelados no trânsito da cidade 103 idosos, dos quais três morreram. Nessa lamentável estatística, dentre nove cidades, ficamos colocados, por incrível que pareça, em segundo lugar, logo abaixo de São Paulo, que tem 11 milhões de habitantes e uma frota de 7,8 milhões de veículos.

Mas será que nosso trânsito é tão violento quanto o dessas metrópoles? Não creio, nossa cidade é bem sinalizada, tem uma estrutura viária razoável, apenas com algumas deficiências próprias das cidades mais antigas. Por outro lado, temos motoristas, motociclistas e ciclistas muito mal educados, que não respeitam as normas de trânsito. Aqui, o excesso de velocidade é praticado sem constrangimentos, requerendo uma fiscalização mais rígida que possa punir, exemplarmente, esses infratores de conformidade com a lei.

Uma coisa é certa: todos nós, pedestres e motoristas, somos responsáveis pelos acidentes de trânsito, mas isso tem que mudar. Ordem, respeito e acima de tudo educação intensiva no 1º grau das escolas são condições fundamentais para que o trânsito se torne mais seguro, menos agressivo, menos assassino. Nas travessias semaforizadas, por exemplo, para maior segurança dos pedestres, principalmente dos idosos, já é possível instalar sensores que prorrogam o tempo dos semáforos de acordo com a faixa etária dos pedestres acima de 60 anos.

Essas e muitas outras tecnologias, como os sensores de avanço de sinal vermelho, lombadas eletrônicas, faixas elevadas de travessias, iluminação noturna para travessias, radares, sistemas de câmeras eletrônicas de controle de tráfego e a presença física de fiscais de trânsito, são instrumentos colocados à disposição das autoridades para a redução da insegurança no trânsito.

Na verdade, o exemplo a ser seguido nos vem do Parlamento Sueco, que adotou naquele país o projeto Visão Zero, através do qual “no trânsito, ninguém deve morrer ou se ferir”!

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