O país dos caminhoneiros

“Os caminhoneiros expuseram como o Brasil é um país dependente dessa classe, que é menosprezada e, muitas vezes, passa despercebida”


Por Arthur Raposo Gomes, bacharel em Comunicação

13/06/2018 às 07h00

Poucos carros e ônibus nas vias urbanas; motoristas em filas para abastecer seus automóveis com o restante de combustível que os postos de gasolina possuem; famílias estocando alimentos não perecíveis em suas residências; além da diminuição – e até suspensão – de alguns serviços públicos. O que parece ser um cenário perfeito para uma série ou um filme apocalíptico se tornou a realidade dos municípios do nosso país por dias.

Tudo isso foi causado pela greve dos caminhoneiros anunciada no dia 18 de maio, sexta-feira, que veio a se concretizar no dia 21, segunda, e começou a impactar de maneira clara as rotinas brasileiras já no dia 23, quarta-feira. Os grevistas pararam seus veículos, reivindicando principalmente que o Governo zerasse a carga tributária sobre o diesel, que sofreu com aumentos nos últimos meses por meio da política de preços da Petrobras.

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Apesar da situação caótica anteriormente descrita, grande parte da população ficou do lado daqueles que dirigem caminhões pela extensa malha rodoviária do Brasil _ que, de acordo com o site oficial do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, é formada por mais de 1,5 milhão de quilômetros. Doações de água e mantimentos, “buzinaços” e passeatas pelas cidades foram os principais sinais desse apoio.
Assim como qualquer movimento, porém, também existiram os contrários à greve dos caminhoneiros, alegando que a origem do ato não foi dos próprios motoristas de caminhão, mas, sim, dos seus patrões e empresários do ramo – o que se caracteriza como lock out, ou locaute em português, prática considerada criminosa no Brasil.

Bom, se a decisão de parar os caminhões nas beiradas das rodovias partiu dos motoristas ou dos seus respectivos patrões ainda não sabemos. Isso só as investigações, já iniciadas, irão dizer. Mas uma coisa é certa: os caminhoneiros expuseram como o Brasil é um país dependente dessa classe, que é menosprezada e, muitas vezes, passa despercebida, pois trabalha por noites afinco, carregando produtos que fizeram tanta falta durante os dias de paralisação; e mostraram, também, como a união faz a diferença nesse tipo de atividade.

Existe outro ponto que merece ser ressaltado: o fato de os brasileiros apoiarem os caminhoneiros, mesmo sofrendo com inúmeros desabastecimentos, aponta como estão cansados de pagar por altos impostos e não usufruir de recursos públicos de qualidade.
Aguardemos o passar dos dias…

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