Progresso X Meio Ambiente
Chico Evangelista, ex-vereador
Recentemente, este jornal publicou uma matéria sobre o Rio Paraibuna. Reportagens como essas são muito importantes, pois reacendem discussões ambientais relacionadas ao praticamente esquecido Paraibuna. Não sou especialista no assunto, porém posso opinar empiricamente, pois sou morador e vizinho deste rio há muitos anos.
Até o início da década de 1970, Juiz de Fora tinha aproximadamente 240 mil habitantes. Mesmo com esta população, o Rio Paraibuna ainda não estava tão poluído. A calha do rio era bem servida, e a quantidade de dejetos despejados era levada pelo volume d’água, o que mantinha a vida em seu curso. Lembro-me de que nessa época pesquei muitas vezes em suas margens.
A chegada de grandes empresas e indústrias provocou a construção em larga escala de habitações no sentido horizontal, o que, consequentemente, impermeabilizou o solo e provocou o assoreamento do rio. Hoje a população de Juiz de Fora é de aproximadamente 560 mil habitantes. Para não faltar água potável para seus moradores, nossos governantes represaram o rio na altura de Chapéu D’Uvas, garantindo o abastecimento pelos próximos 30 anos.
Com o problema de abastecimento de água resolvido, a próxima etapa é despoluir o Paraibuna. O esgoto captado através de turbações instaladas às margens do rio e córregos será tratado na ETE das Granjas Betel.
Se pensarmos que está chovendo pouco, que a população está aumentando, que a cidade é abastecida pela represa de Chapéu D’Uvas e o esgoto é captado pela tubulação, em breve, a calha do rio que vem da represa até a ETE da Betel será abastecida somente pelos seus afluentes, deixando o rio com pouca água.
Para minimizar esse problema, o Meio Ambiente, juntamente com a Cesama, já deveria começar a pensar em uma maneira de levar a água tratada das ETEs de volta para repor a vida no trecho prejudicado