Democracia além do voto

Sérgio Polistezuq, Liderança comunitária do Bairro Santa Efigênia e apoiador do MPMPL


Por Tribuna

04/10/2017 às 07h00

Era o ano de 1991, então com 75 anos, com muita indignação e coragem, José Lopes Filho e um grupo de amigos organizaram o Movimento Popular Pró-Moralização do Poder Legislativo (MPMPL). Passados 26 anos, José Lopes Filho segue como exemplo de cidadania ativa, ainda indignado e participativo com propostas de soluções à frente do MPMPL.

O movimento foi criado com o objetivo inicial de acompanhamento das atividades do Poder Legislativo, propondo mudanças, motivando a participação popular e fazendo denúncias de abusos de poder. Após as manifestações de junho de 2013, passou a fazer parte da parceria com vários outros movimentos e organizações nacionais na campanha da consulta por um plebiscito constituinte, quando se obteram quase oito milhões de adesões durante a semana da pátria em 2014.

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Foi através dessa grande mobilização popular que se renovaram as esperanças de efetivas mudanças do falido sistema político viciado, controlado principalmente pelo poder econômico e pelas oligarquias. Naquele momento, teve início a proposta de democracia de forma mais ampla e participativa, que vai além do voto.

Consolidado na forma do Projeto de Decreto Legislativo 1.508/2014, ainda parado na Câmara dos Deputados, a proposta tem por objetivo a realização de consulta ao povo, visando à transformação do sistema “representativo” em participativo. O documento contou com participação do MPMPL e outras 500 organizações nacionais, além da assinatura de mais de 200 deputados.

Com atual crise sem precedentes, que vai além da política e da economia, começam a aumentar a desesperança em um futuro com paz social e, pior, a inversão de valores já percebida no cotidiano da vida de pessoas simples e de bem. Fala-se muito de reforma política, que, na verdade, ser for pela vontade dos atuais deputados e senadores, será uma mera mudança das regras do processo eleitoral, que poderá agravar ainda mais o sistema “representativo”.

A retomada das discussões do Projeto de Decreto Legislativo 1.508/2014, que institui o dever de participação, mesmo que feito apenas com críticas construtivas, deve ser a questão central dos que desejam um Brasil menos desigual.

O aprimoramento do sistema e das decisões políticas de interesses do Brasil passa pelo dever de participação cidadã, que vai além do importante ato de votar, é o que nos ensina o exemplar cidadão brasileiro José Lopes Filho, que, com 100 anos, é um orgulho vivo de uma cidade com tantos pioneirismos.

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