Estradas nacionais

Empresas pedem revisão das concessões, mas já deviam saber, ainda na concorrência, dos desafios que tinham pela frente


Por Tribuna

18/05/2018 às 06h30

 

O noticiário tem sido pródigo em mostrar a situação das estradas nacionais, inclusive as privatizadas, que estão abaixo de padrões normais de acessibilidade. No caso das que estão sob controle de concessionárias, a constatação é de que é cobrado um pedágio de primeiro mundo e presta-se um serviço de terceiro. Juiz de Fora está no meio de duas concessões. Em direção ao Rio, a BR-040 está sob controle da Concer; em direção a Belo Horizonte, o controle é da Via 040. Ambas têm problemas.

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A Concer tem seu gargalo na Serra de Petrópolis, que, desde o primeiro contrato, deveria ser duplicada, a fim de garantir segurança e melhor tempo de trânsito para os usuários. Por uma daquelas articulações que ninguém entende, conseguiu mudar a prioridade. Em vez da Serra, duplicou o trecho entre Matias Barbosa e Juiz de Fora – sem obstáculos a serem ultrapassados. Quando se voltou para a Região Serrana, o leite azedou, e o que se vê são esqueletos de túneis e viadutos, cujas obras foram paralisadas por vícios contratuais e de preços.

Em direção ao Norte, a Via 040 já anunciou sua disposição em devolver a concessão por conta dos prejuízos que estariam comprometendo seus balanços. Há vários trechos que carecem de obras, mas o que se vê são ações pontuais, mas nada que aponte para mudança no perfil da rodovia. Na vizinha cidade de Santos Dumont, quatro viadutos, dois deles em curva, desafiam os motoristas, mas não há qualquer indicativo de mudanças, embora haja a necessidade, ou de duplicá-los ou de se fazer um novo traçado. Por enquanto, o projeto está só no papel.

Quando o país adotou o modelo de privatização das rodovias, vários conglomerados viram no projeto uma fonte de grande rentabilidade, mas não levaram em conta as obrigações. A construção do túnel na Serra de Petrópolis e a mudança nos viadutos são projetos de grande investimento, mas estavam previstos. Daí, não haver sentido na justificativa das concessionárias para mudar contratos e ganhar respaldo do Governo, jogando para este a conclusão das obras.
É fato que a qualidade das rodovias sob pedágio é melhor do que as que estão sob controle da União, mas nada justifica o preço dos pedágios se comparado com os serviços prestados. O grave desse enredo é que o Governo federal tem agências próprias para fiscalização dessas condições. Aparelhadas por partidos políticos, elas só consomem recursos sem cumprir a sua real missão.

 

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