Sob pressão

Presidencialismo em regime de coalizão impõe ao Executivo uma agenda voltada mais para os interesses dos partidos do que da coletividade


Por Tribuna

17/11/2017 às 07h00

Desgastado ante a impopularidade de seu governo, o presidente Michel Temer, em nome de uma base fluida, insiste em caminhar por regiões pantanosas, mesmo sabendo das consequências. Já sem o risco de processo – pelo menos durante seu mandato -, ele anunciou uma série de reformas, inclusive no seu primeiro escalão, destacando que pelo menos 17 ministros poderiam ser trocados, entre eles os do PSDB, que não é mais o aliado de primeira hora. No entanto, as notícias de Brasília indicam que será apenas uma reforma meia boca, mais para agradar os aliados do que para oxigenar sua gestão.

O simples fato de insistir em ministros denunciados é um mau prenúncio. Vários membros do primeiro escalão, inclusive do chamado núcleo duro, têm que responder a questionamentos da Justiça, outros estão prestes a ser chamados, como o titular do Esporte, Leonardo Picciani, cujo pai, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, foi conduzido coercitivamente à Polícia Federal para dar explicações sobre lavagem de dinheiro, e seu irmão está detido temporariamente.

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Enquanto o modelo de coalizão presidencial permanecer, os chefes do Governo continuarão reféns dos partidos, especialmente os de viés fisiológico, que votam com o Palácio, mas cobram uma conta extremamente alta. Seus custos se baseiam em interesses menores, enquanto o país carece de mudanças profundas.

A lamentar a inação do próprio Congresso, que levou tempos debatendo uma reforma política que não resolveu tais problemas. Mas também aí não há surpresa. Não seria agora que deputados e senadores iriam se voltar contra os próprios interesses. Talvez as ruas, nas eleições de 2018, apontem para um novo norte. A conferir.

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