Pauta quente
STF, que se tornou protagonista do processo político, tem temas relevantes pela frente já na gestão do novo presidente
Na reta final de seu mandato, previsto para terminar em setembro, quando será substituída pelo seu colega Dias Toffoli, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, pretende colocar em pauta alguns temas polêmicos como o mandado de segurança impetrado pelo ex-governador Jaques Wagner (PT), em 1997, quando tinha assento na Câmara Federal, questionando uma proposta de emenda constitucional que sugere a implantação do parlamentarismo. Embora politicamente o caso esteja pacificado, após o plebiscito de 1993, quando os eleitores optaram pelo presidencialismo, há a pendência jurídica.
O encaminhamento de matérias de toda a sorte para o STF, inclusive demandas que poderiam ser resolvidas pelo Congresso, amplia o protagonismo do Judiciário e estabelece um claro desequilíbrio entre os poderes. O curioso é que o próprio Parlamento se apresenta para essa condição ao não resolver dentro de casa temas que, em tese, seriam de sua competência exclusiva. Hoje, o Supremo, cuja missão primária é interpretar a Constituição, atua até mesmo na área penal, como é visto nas ações oriundas da Lava Jato.
É provável que o STF mantenha o entendimento das ruas de que o parlamentarismo, a despeito de ser um amortecedor de crises, não encontra espaço na cultura brasileira. Sua única versão, no início dos anos 1960, foi uma operação tapa-buraco, para permitir a permanência do presidente João Goulart no cargo. O sistema não prevaleceu, e Jango, como era conhecido, foi apeado do posto.
Sob a gestão Dias Toffoli há incertezas pelo seu recente passado político. Mas é prematura qualquer ilação, sobretudo por causa de suas recentes decisões. O ministro tem sido duro na caneta até com antigos parceiros políticos do PT, sugerindo que, no cargo, estará um ministro, e não um militante.