Briga no quintal

Antes de enfrentarem os concorrentes de outros partidos, os pré-candidatos vivem um embate interno pelo repasse dos recursos de campanha


Por Tribuna

14/07/2018 às 07h00

A partir do dia 20, como estabelece a legislação eleitoral, os partidos estarão autorizados a fazer suas convenções, ocasião em que serão definidos os seus candidatos para o pleito geral de outubro. Como é comum, a maioria irá deixar a definição para o apagar das luzes, como parte da tática de olhar primeiro para o quintal do concorrente para só depois bater o martelo. Num cenário em que ainda há incertezas em torno de candidaturas, é cedo para se definir o jogo, afinal, além da estratégia da última hora, há pendências judiciais, como a candidatura do ex-presidente Lula, e a possibilidade de mudanças no quadro de postulantes.

Mas a briga mais intensa se dá nos bastidores da disputa proporcional. Sem o financiamento público de campanha e impossibilitados de receber doações empresariais, os diretórios fazem um verdadeiro malabarismo para atender aos seus pré-candidatos. Como o principal repasse vai para a disputa presidencial e, em seguida, para a eleição de governador, os deputados estão brigando pela sobra, numa luta recheada de tensões. Os postulantes a deputado estadual são os mais afetados por uma simples razão: eles não definem nada em termos de tempo de TV e repasse do fundo partidário. As bancadas federais, sim. Desta forma, antes mesmo de enfrentar os adversários, os políticos vivem o embate interno, tão ou mais desgastante do que o do convencimento do eleitor.

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Mas tal situação foi criada pela própria instância política, que, entra e sai ano, não define regras consistentes para a disputa eleitoral. A reforma política foi um fiasco, e as mudanças na legislação eleitoral foram pífias. Tal leniência agora cobra a conta. Numa campanha de tiro curto, os candidatos mais ricos, de novo, levam a vantagem por terem o direito de se autofinanciar.

O grave, porém, é que dificilmente a próxima legislatura irá mudar tal pauta. O Congresso tem uma lógica própria de não mexer em causas que contrariem seus próprios interesses. Até então, a legislação beneficia os detentores de mandato, o que impede a reformulação adequada da instituição. Ademais, a troca de nomes não é garantia de mudanças quando o modelo político se mantém viciado e fomentador das relações pouco republicanas entre os poderes.

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