Fins e meios

Partidos travam batalhas internas até a chegada da convenção; a meta é garantir espaço nos futuros governos


Por Tribuna

13/07/2018 às 07h00- Atualizada 13/07/2018 às 07h20

A implosão do MDB, a menos de um mês da convenção estadual — quando serão oficializados os candidatos a deputado, senador, governador e vice —, é o retrato claro do modelo de gestão das legendas pelo país afora. Os partidos têm dono, e, quando não, alguns agem da mesma forma, elaborando acordos nem sempre referendados pelas bases. No caso mineiro, não foi bem assim, mas a presença do comando duplo colaborou e muito para o impasse. Se de um lado o presidente do diretório estadual, Toninho Andrade, tem controle sobre as coordenações regionais, o presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, fala pelos deputados. E, como os dois estão em trincheiras opostas, não poderia se esperar outra coisa.

Adalclever, até o surgimento da candidatura de Dilma Rousseff ao Senado, era um aliado de primeira hora do governador Fernando Pimentel. Graças a ele, as propostas do Governo foram aprovadas no Legislativo, e um pedido de impeachment não progrediu. Com a chegada da ex-presidente, a relação subiu no telhado, pois o sonho de Adalclever era liderar a chapa ao Senado na coligação PT/MDB. Ele, agora, é pré-candidato a governador, mas poucos acreditam que vá insistir nessa toada, pois seria uma candidatura fadada ao fracasso, e ele, certamente, não pretende ficar sem mandato a partir de 2019. Está no páreo para negociar, assim como Andrade, que também conhece as limitações da legenda para eleger o governador. Quer disputar, mas, de acordo com seus desafetos, a meta é entregar o partido ao DEM no segundo turno.

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Fica claro que os dois lados têm interesses próprios, como os deputados federais e estaduais, que insistem numa coligação não por gostarem dos parceiros, mas para garantir votos suficientes para serem reeleitos. Sozinho, o partido tende a desidratar suas bancadas no Congresso e na Assembleia. Nesse fim e meio, o importante é garantir o espaço nos palanques, de preferência de candidaturas que sejam robustas, com capacidade de vitória e abertas a acordos posteriores. A aliança com o PT também se justifica. Pimentel pode estar com sua cotação na altura do rodapé, mas o partido do Palácio da Liberdade sempre será forte, independentemente de quem esteja sentado na cadeira de governador.

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