Vítimas e autores

Os jovens estão no centro das ocorrências, ora como vítimas, ora como autores, fruto de uma condição própria que se aguça quando não há projetos de promoção social e redução da desigualdade


Por Tribuna

12/12/2017 às 06h30

Não há solução mágica capaz de resolver os problemas oriundos da violência urbana, mas há sempre medidas que precisam ser tomadas para, pelo menos, reduzir o número de ocorrências. Na edição de domingo, a Tribuna mostrou um diagnóstico completo sobre os óbitos entre jovens, que cresceram dez vezes em uma década na cidade. As causas são diversas, mas a matriz é a mesma: desemprego, falta de oportunidades, ausência de políticas públicas efetivas, o tráfico de drogas e o confronto de gangues, que buscam uma identidade a qualquer preço. O material levantado pelo repórter Renato Salles é revelador: os jovens continuam sendo maioria entre autores e vítimas dos crimes contra a vida. E, nesse aspecto, há um desdobramento: o número mais expressivo envolve jovens e negros.

São muitas as explicações, mas fica claro nos próprios depoimentos que o muito que está sendo feito ainda é pouco diante das estatísticas da violência no país. Juiz de Fora, por exemplo, mudou seu perfil de cidade pacata, sobretudo entre as de mesmo porte, para violenta, principalmente a partir de 2012. Os registros de casos notificados pelo Estado dobraram, passando de 65 assassinatos para 130 casos. O cenário é ainda mais preocupante, destaca a matéria, quando comparado com a realidade de Belo Horizonte, que registrou queda no número de ocorrências feitas nos últimos anos.

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Há, é fato, setores que tentam reverter a situação. Na Câmara, a CPI sobre gangues, além de apresentar o que já foi feito, anunciou também medidas que precisam ser implementadas no curto prazo. Entre elas estão uma consulta popular e, dependendo do resultado, elaborar um projeto de lei proibindo os bailes funk. Os vereadores constataram que tais eventos acabam sendo cenários de disputa. Outra proposta é criar uma legislação exigindo estudos de impacto de segurança no entorno dos condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida. A comissão defende um Fundo Municipal de Segurança para investimentos em projetos sociais.

As iniciativas são positivas, pois constata-se que não basta a repressão, havendo necessidade imediata de projetos de recuperação social dos setores mais afetados pela violência, tanto na autoria quanto no quadro das vítimas.

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