Caminhoneiros já ocupam quase 30 pontos de rodovias federais em Minas

Em Juiz de Fora, paralisação acontece na BR-040, próximo ao entroncamento com a BR-267. Motoristas de aplicativo da cidade prestaram solidariedade aos manifestantes.


Por Tribuna

22/05/2018 às 10h35- Atualizada 22/05/2018 às 12h26

Motoristas de aplicativos de JF arrecadaram alimentos e água logo no início da manhã e seguiram para a BR-040, onde entregaram os materiais para os caminhoneiros que participam da paralisação. (Foto: Leonardo Costa)

A manifestação que caminhoneiros realizam em todo o país contra o aumento sistemático nos preços dos combustíveis ganhou mais adesão nesta terça-feira (22). Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Minas Gerais, já são quase 30 pontos de protestos ao longo de sete rodovias federais que cortam o estado. Na BR-040, os caminhoneiros ocupam a estrada nos kms 808 e 810 (Matias Barbosa), 780 (Juiz de Fora), 699 (Barbacena), 627 (Conselheiro Lafaiete), 618 (Congonhas) e 145 (João Pinheiro).

Em Juiz de Fora, os caminhoneiros que ocupam os dois sentidos da BR-040, próximo ao trevo que liga a rodovia à BR-267, contaram com a solidariedade dos motoristas de aplicativos. Organizados pela Associação dos Motoristas de Aplicativos de Juiz de Fora (Amoaplic/JF), os profissionais arrecadaram alimentos e água logo no início da manhã e seguiram para a BR-040, onde fizeram a entrega para os caminhoneiros.

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De acordo com o presidente da Amoaplic/JF, Julio César Marques Paes, a iniciativa tem a proposta de apoiar os caminhoneiros e terá continuidade enquanto a mobilização nas estradas ocorrer. “Nós sabemos quanto o preço do combustível tem pesado no bolso de toda a população. Eles estão representando todos nós,por isso, vamos ajudar no que for preciso”, garante. “Quando os caminhoneiros param, o país para. Todos os brasileiros devem apoiar esta causa.”

Foram doados 350 garrafas de água, 150 pães, caixas de biscoitos e frutas. Conforme a Tribuna apurou, há centenas de caminhões parados nos dois sentidos da BR-040 próximo à BR-267. A PRF em Juiz de Fora informou que está trabalhando com o intuito de que os manifestantes liberem totalmente a pista de rolamento para garantir a melhor fluidez do trânsito e para que não haja coação de motoristas que não queiram aderir ao movimento.

O advogado Romário Moraes, representante dos caminhoneiros, informou à Tribuna que a mobilização irá continuar até que o Governo federal se posicione sobre o preço dos combustíveis. “Os reajustes consecutivos tornaram inviável o trabalho de transporte.”

 

Outras rodovias em Minas

Outras rodovias federais que seguem com bloqueio parcial em Minas são a BR-050 (em Araguari e Uberlândia), BR-116 (em Leopoldina, Muriaé, Inhapim, Governador Valadares e Realeza), a BR-251 (em Francisco Sá e Montes Claros), a BR-262 (em Juatuba, Igaratinga, Manhuaçu e Ibiá), a BR-365 (em Monte Alegre de Minas, Ituiutaba e Patrocínio) e a BR-381 (em Lavras, João Monlevade, Igarapé, Perdões, Ipatinga e Caeté).

Conforme a PRF, em Monte Alegre de Minas, no km 689 da BR-365, o trânsito estava bloqueado para todos os veículos, inclusive carros de passeio, por volta das 10h. Os demais pontos seguem com restrição de passagem somente para veículos de carga. Em Além Paraíba e Leopoldina, há protestos na BR-116, mas a PRF informou que não há retenções no trânsito.

 

No país

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De acordo com a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), cerca de 200 mil caminhoneiros aderiram ao movimento em todo o país. A Abcam informa que as manifestações ocorrem de forma pacífica, e que serão conduzidas de forma a não prejudicar o deslocamento das pessoas nas estradas.

A entidade reivindica a isenção de PIS, Cofins e Cide sobre o óleo diesel utilizado por transportadores autônomos. A associação também propõe medidas de subsídio à aquisição de óleo diesel, que poderia ser dar por meio de um sistema ou pela criação de um Fundo de Amparo ao Transportador Autônomo. A categoria alega que os caminhoneiros vêm sofrendo com os aumentos sucessivos no diesel, o que tem gerado aumento de custos para a atividade de transporte. Segundo a associação, o diesel representa 42% dos custos do negócio e 43% do preço do combustível na refinaria vem do ICMS, PIS, Cofins e Cide.

Nesta segunda, o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, disse que o governo está preocupado com o aumento constante do preço dos combustíveis, mas ressaltou que ainda não há uma definição do que será feito. Segundo ele, está sendo estudada uma forma de tornar os preços dos combustíveis mais “previsíveis”.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse que o governo examina a redução de tributos incidentes sobre os combustíveis, mas não tem ainda nenhuma decisão sobre o assunto. Ele alertou, no entanto, não haver neste momento “flexibilidade fiscal” para fazer isso.

Os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também se manifestaram sobre o assunto, e anunciaram, para o dia 30, uma Comissão Geral no Congresso para acompanhar os desdobramentos da política de reajuste de preços de combustíveis no país.

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