Justiça realiza reintegração de posse de fazenda ocupada pelo MST em Coronel Pacheco

Procedimento aconteceu com apoio da PM, mas não houve resistência por parte dos trabalhadores rurais, que já haviam deixado o local


Por Tribuna

16/01/2018 às 09h57- Atualizada 16/01/2018 às 12h08

Militares auxiliaram no cumprimento da reintegração, mas não houve problemas, uma vez que os trabalhadores rurais já haviam deixado o assentamento. (Foto: Divulgação/PM)

Oficiais de Justiça e policiais militares cumpriram, na manhã desta terça-feira (16), a reintegração de posse da Fazenda São José-Liberdade, pertence ao complexo de Fazendas Reunidas HD, em Coronel Pacheco, ocupada por membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde meados de 2017. De acordo com o assessor de comunicação da 4ª Região da Polícia Militar, major Jovânio Campos, a reintegração aconteceu sem resistência. “Ao chegarmos ao local, não havia mais ninguém do movimento. A saída aconteceu antes da ação. Não houve resistência, houve entendimento, por parte dos membros dos movimento, de compreender a situação e sair antes de começar a reintegração”, afirmou.

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Foto: Divulgação/PM

No local, os alojamentos construídos foram derrubados, e os terrenos, limpos, por ordem do proprietário, que acompanhou a ação. Em dezembro do ano passado, 310 famílias  viviam no local, incluindo cerca de 50 crianças e 60 idosos. A ocupação, denominada acampamento Gabriel Pimenta, durou mais seis meses. De acordo com o assessor da PM, a retomada da posse acontece após pedido do proprietário na Vara Agrária do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Durante o período de negociação, os integrantes do assentamento solicitaram ao TJMG que a retomada da posse, anteriormente marcada para o dia 12 de dezembro, fosse adiada para o dia 15 de janeiro. O grupo havia se comprometido a deixar pacificamente o local, o que foi cumprido.

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À Tribuna, a liderança do MST informou que as famílias iniciaram o processo de desocupação do terreno no último sábado. Doze famílias foram para o assentamento na cidade de Tocantins, distante cerca de 100 quilômetros de Juiz de Fora, em um terreno pertencente ao governo de Minas Gerais, com extensão de 50 hectares. As outras cem famílias migraram para o novo assentamento na cidade de Antônio Carlos, a cerca de 80 km de Juiz de Fora

A Tribuna também entrou em contato com representantes da Fazenda São José-Liberdade, mas eles não quiseram se manifestar. De acordo com informações disponibilizadas no site da HD Fazenda Reunidas, o complexo é composto pelas fazendas “Liberdade”, “São José” e “Sítio Santa Rita”, todas contíguas, com área total de 530 hectares, às margens da rodovia MG-133. Ainda segundo a página na internet, a propriedade tem como atividade principal a criação de novilhas girolando – destinadas ao gado leiteiro -, mas possui áreas agriculturáveis com plantio de banana.

 

Antônio Carlos

Na tarde desta segunda-feira, o MST/Zona da Mata já havia confirmado, por meio de seu site, que famílias do acampamento Gabriel Pimenta, em Coronel Pacheco, ocuparam outra área na região, localizada no município de Antônio Carlos, no último fim de semana. De acordo com o MST, a fazenda teria mais de quatro mil hectares e se encontrava em estado de abandono. Ainda conforme o MST, a área ocupada em Antônio Carlos pertencia à Companhia Têxtil Ferreira Guimarães, que teria encerrado suas atividades industriais em 2013.

Foto: Divulgação MST

O movimento informou, nesta terça, que aguarda o processo de organização interna para que possa solicitar às autoridades a posse definitiva da fazenda, uma vez que a propriedade teria ido a leilão e não teria sido arrematada. Mais de 300 pessoas devem habitar o local, conforme informações do MST/Zona da Mata.

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