Juiz-foranos têm rotina impactada por protestos


Por Participaram desta cobertura: Bárbara Riolino, Fabíola Costa, Júlia Pessôa, Márcio Santos, Marcos Araújo, Rafaela Carvalho, Renan Ribeiro, Renato Salles e Vívia Lima

28/04/2017 às 20h27- Atualizada 28/04/2017 às 20h40

Foto: Fernando Priamo
Foto: Fernando Priamo

Com a adesão de diversas categorias à greve geral, os juiz-foranos buscaram outras opções para driblar as dificuldades encontradas, principalmente, no deslocamento, por conta da paralisação dos funcionários do transporte coletivo. Escolas públicas e a maioria das privadas aderiram à paralisação. Conforme a Prefeitura, um terço das escolas e creches municipais funcionou e, dos estabelecimentos conveniados, metade permaneceu com atendimento normal. Já a UFJF e o IF Sudeste paralisaram todas as atividades. Bancos públicos também não funcionaram e, durante a manifestação, representantes dos bancários afirmaram que haveria greve por tempo indeterminado.

Na maioria dos setores da administração pública, o atendimento seguiu de forma normal, conforme a Prefeitura. Segundo nota enviada pela assessoria, nos serviços de varrição e coleta de lixo, o impacto foi de apenas 10%, sendo que 90% dos serviços teriam acontecido normalmente. O atendimento ao público na Secretaria de Agropecuária e Abastecimento e na Secretaria de Transporte e Trânsito aconteceu parcialmente. Já na Saúde, ainda segundo a Prefeitura, os Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) I, Leste e Casa Viva funcionaram com cerca de 30% do atendimento. Nas unidades de emergência de emergência foram registradas poucas ausências. No total, 15 Unidades de Atenção Primária à Saúde (Uaps) não funcionaram e 20 funcionaram parcialmente. Outras nove Uaps tiveram funcionamento normal.

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Das 30 escolas de Juiz de Fora associadas ao Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe/Sudeste), 50% funcionaram normalmente. De acordo com a presidente da entidade patronal, Anna Gilda Dianin, em alguns estabelecimentos, houve a falta de professores, contudo o funcionamento não foi prejudicado. Ela também informou que diversos colégios ligados ao sindicado, na Zona da Mata, mantiveram as aulas. Sobre a questão do desconto da falta, Anna afirmou que a decisão fica a critério de cada estabelecimento. “Cada instituição segue, se quiser, a orientação de que não há proibição de desconto de falta”, ressaltou. A Tribuna entrou em contato com outros representantes de sindicatos patronais, mas não obteve retorno.

Foto: Fernando Priamo
Foto: Fernando Priamo

A cidade amanheceu se deparando com a falta de ônibus, já que o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo (Sinttro) optou por paralisar suas atividades a partir da meia-noite de ontem. Durante todo o dia, os veículos permaneceram nas garagens das empresas. A Tribuna registrou muitos pedestres andando pelas ruas do Centro por volta das 6h, caminhando em direção a seus locais de trabalho. Apesar da expectativa de grande aumento no fluxo de veículos nas ruas, de forma geral, o tráfego permaneceu tranquilo nas principais vias.

A doméstica Madalena Maria do Nascimento, 52 anos, moradora do Bairu, foi a pé para o trabalho. Ela tinha que se deslocar até o Bom Pastor. Para isso, levantou às 5h e saiu de casa às 6h, caminhando pela Avenida Rio Branco para chegar ao trabalho às 8h. Mesmo com o contratempo da paralisação, ela se mostrou a favor do movimento e não se importou de ter que ir a pé. A servente de limpeza Rosemaire Arruda, 49, também se conformou com a situação e permaneceu favorável ao movimento, apesar de ter chegado atrasada ao trabalho. Tendo que estar às 6h na Receita Federal, acabou saindo de casa no mesmo horário e atrasou-se. Já a doméstica Adriana Marinho, 35, moradora do Jóquei Clube II, foi surpreendida com a suspensão do serviço de transporte coletivo, já que aguardava a paralisação para as 8h30. “Achei que chegaria a tempo, mas como o horário da paralisação dos ônibus foi alterado, vou ter que apelar para uma carona até o Centro para chegar ao São Mateus no horário.”

 

Lojas e bancos

Mesmo com a manhã atribulada por conta da falta de serviços de ônibus, o movimento no Centro foi se normalizando aos poucos. As lojas abriram, e os funcionários chegaram para ocupar seus postos. Contudo, houve pouco movimento de clientes nas primeiras horas do dia. A vendedora Gisele Alves, 30, chegou ao estabelecimento onde trabalha com uma hora e meia de atraso. Ela só conseguiu chegar, pois sua gerente deu uma carona de carro . “A outra funcionária foi dispensada por morar mais longe. A orientação que recebemos era para ficar na loja e, caso houvesse tumulto, fechar o estabelecimento. Ela garantiu que não descontaria nosso dia de trabalho.”

Foto: Fernando Priamo
Foto: Fernando Priamo

Algumas empresas providenciaram o transporte de seus funcionários, como a Almaviva, que buscou duas funcionárias no Bairro São Pedro, na Cidade Alta. Outros dois trabalhadores da BrasilCenter, moradores da Zona Norte, contaram que a empresa enviaria um táxi para buscá-los às 7h, mas já passava das 8h30, e o carro não havia chegado, quando conversaram com a Tribuna.

Embora tenham amanhecido com a fachada coberta com tecido preto e dizeres contra o atual governo, alguns bancos da iniciativa privada funcionaram normalmente. A unidade central dos Correios, na Rua Marechal Deodoro, também permaneceu com as portas abertas.

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Táxi foi uma das alternativas

Diferentemente do que se vê em dias normais, o movimento de táxi no Terminal Rodoviário Miguel Mansur foi intenso nesta sexta. Por alguns momentos, a área destinada aos táxis ficou sem nenhum carro disponível. O taxista Fernando William Lourenço, 35 anos, voltou ao trabalho nesta sexta depois de 24 dias parado por conta do carro que estava recebendo serviços de mecânica e aproveitou a oportunidade para dobrar o tempo de trabalho e recuperar o prejuízo. “Desde o começo do dia, notei que a procura pelo serviço estava muito grande, tanto pelo aplicativo, como pelos grupos que participo de taxistas na cidade.” Quem também estava otimista era o taxista Amauri Marques dos Reis, 65. Das 5h até as 8h30, ele havia feito nove corridas, mais que o dobro de viagens realizadas em dias normais.

Os taxistas relataram à Tribuna que houve poucos momentos de retenção em função do fluxo de veículos. Com a liberação da pista exclusiva para ônibus na Avenida Rio Branco para os taxistas, o movimento foi normalizado, voltando a ficar pouco mais complicado no início da tarde, com a ocupação das ruas Barão de Cataguases e das avenidas dos Andradas e Rio Branco. Depois das manifestações, todas as vias do Centro foram totalmente liberadas por volta das 15h.

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