Projeto de lei polêmico para educação vai ter texto alterado

Autor de proposta que provocou protestos, vereador José Fiorilo confirmou intenção de apresentar nova redação na segunda


Por Renato Salles

24/11/2017 às 16h27

Charlles Evangelista, Fiorilo, Pardal e Betão conversam na Câmara (Foto: Olavo Prazeres)

Durante a reunião ordinária realizada na manhã desta sexta-feira (24), o vereador José Fiorilo (PTC) reafirmou que irá protocolar um projeto de lei substitutivo ao texto inicialmente apresentado por ele que sugere a adoção de um programa denominado “Infância sem pornografia”. O parlamentar assumiu, diante dos pares, compromisso de apresentar nova redação da proposição já na próxima segunda, quando o dispositivo volta a parecer na pauta de votação do Poder Legislativo. Segundo Fiorilo, o intuito de protocolar o novo texto já na próxima sessão tem por objetivo conferir maior transparência aos debates, uma vez que a apresentação de substitutivos e de emendas, ainda durante a apreciação em primeiro turno de uma proposição, obriga que o adendo retorne algumas casas em sua tramitação, sendo necessário novo parecer da Comissão de Legislação, Justiça e Redação do Palácio Barbosa Lima.

Na última quinta-feira, o projeto de lei foi alvo de protestos realizados por professores e integrantes de setores ligados à educação municipal. Os docentes entendem que a proposta prevê censura prévia a materiais didáticos e paradidáticos e tenta utilizar do apelo provocado pela combinação das palavras “infância” e “pornografia” para criminalizar os docentes de maneira geral ao colocá-los sob constante suspeição. O texto originalmente apresentado por Fiorilo define que educadores possam ser denunciados por qualquer pessoa de maneira anônima, o que, na prática poderia resultar em perseguições por práticas educacionais historicamente consolidadas ou posicionamentos distintos. A primeira redação da proposição prevê, inclusiva, aplicação de multa de 5% dos salários de servidores municipais que infringirem os dispostos no projeto de lei.

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Assim como os professores, o projeto original foi criticado pelo vereador Roberto Cupolillo (Betão, PT). Na sessão da última quinta-feira, o petista chegou a ler trechos da proposta que define como “pornográfico” material “cujo conteúdo descreva imagem erótica ou de órgãos genitais, de relação sexual ou de ato libidinoso” e que a definição se aplica a “qualquer material impresso, sonoro, audiovisual ou imagem, ainda que didático, paradidático”. Para ele, tais previsões poderiam considerar livros de biologia como “pornográficos”. Na ocasião, Fiorilo chegou a rebater o posicionamento e leu trecho da proposta que rege que a “apresentação científico-biológica de informações sobre o ser humano e seu sistema reprodutivo é permitida, respeitada a idade apropriada”.

O autor, no entanto, admitiu a necessidade de adequação do texto, que deve ter suprimidos os trechos que definem a aplicação de multa e a possibilidade de denúncias serem feitas por qualquer pessoa; além do acréscimo do entendimento de que “o servidor em exercício de sua função com amparo e previsão legal não cometerá ato faltoso”. O projeto original tem por objetivo fomentar o respeito dos serviços públicos municipais à dignidade especial de crianças e adolescentes. Para isto, o texto reforça aspectos legais de outros dispositivos e cita a Constituição, o Código Civil e a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. Em certo artigo, a redação chega a propor uma legislação municipal que determinas que leis federais sejam respeitadas.

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