Pré-candidatos de Juiz de Fora vivem semanas decisivas

Aqueles que pretendem mudar de partido ou se desincompatibilizar de função pública para disputar as eleições de outubro têm até o dia 7 de abril para escolherem seus destinos


Por Renato Salles

08/03/2018 às 07h00- Atualizada 08/03/2018 às 07h39

A pré-campanha eleitoral entra em seus momentos mais decisivos nos próximos 30 dias. Isto porque o prazo para troca de partido e para desincompatibilização de funções públicas para aqueles que querem ter suas fotos nas urnas se expira no próximo dia 7 de abril. Assim, pré-candidatos que ainda estudam qual o melhor projeto para transformar suas empreitadas eleitorais em trajetórias vitoriosas precisam se apressar para definir seus futuros. A decisão mais aguardada continua sendo a do prefeito Bruno Siqueira (MDB). Diante das especulações de que poderia deixar o Executivo municipal para concorrer a uma cadeira parlamentar, seja na disputa majoritária para o Senado ou nas proporcionais para a Câmara dos Deputados e para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o que significaria um retorno do emedebista à Casa legislativa após seis anos, Bruno deve anunciar seu futuro até a Semana Santa.

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Especulações de que Bruno poderia até mesmo mudar de legenda e acompanhar possível movimento pendular a ser encabeçado pelo deputado federal Rodrigo Pacheco (MDB), arrefeceram. Apesar de Pacheco ainda tentar viabilizar sua candidatura ao Governo de Minas, tendo, inclusive, recebido convite do DEM para mudar de ares, a sensação de momento é de que, dificilmente, o prefeito de Juiz de Fora mudaria de legenda. Até aqui, um único detentor de mandato com domicílio eleitoral em Juiz de Fora parece ter acertado com uma nova casa. Depois de quase dois anos filiado ao PSD, o deputado estadual Lafayette Andrada (PSD) já teria tudo acertado para tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados nas eleições de outubro pelo PRB. Antes, o parlamentar teve uma passagem relâmpago de três meses pelo PMB, após ter sido eleito, em 2014, pelo PSDB.

Depois de quase dois anos filiado ao PSD, o deputado estadual Lafayette Andrada (PSD) já teria tudo acertado com o PRB (Foto: Marcelo Ribeiro)

Na Câmara, dos seis vereadores apontados como pré-candidatos, pelo menos quatro já teriam aventado a possibilidade de trocar de legenda. É o caso de Cido Reis (PSB), de Sheila Oliveira (PTC), de Charlles Evangelista (PP) e do presidente da Câmara, Rodrigo Mattos (PSDB). Os dois primeiros vão tentar uma cadeira na Assembleia, enquanto os dois últimos devem tentar uma vaga na Câmara dos Deputados. Caso ocorram, as trocas teriam por objetivo encontrar um caminho mais competitivo para que o quarteto possa impulsionar seus anseios de vitória nas urnas. Por outro lado, dois parlamentares municipais que já ensaiam uma candidatura para a Assembleia e, assim, subirem um degrau na escada legislativa, Adriano Miranda (PHS) e Roberto Cupolillo (Betão, PT) não teriam considerado mudança de agremiação política e devem disputar as eleições pelos partidos pelos quais foram eleitos em 2016.

Entre os deputados federais eleitos por Juiz de Fora, há pouca ou quase nenhuma especulação sobre uma possível troca de partido. Assim, a expectativa é de que Marcus Pestana (PSDB), Margarida Salomão (PT) e Júlio Delgado (PSB) voltem a correr pela reeleição pelas mesmas legendas que os levaram ao triunfo há quatro anos. À exceção de Lafayette, o mesmo deve ocorrer com os deputados estaduais da cidade. Assim, nos bastidores políticos da cidade, não há burburinhos sobre trocas de siglas envolvendo os nomes de Antônio Jorge (PPS), Isauro Calais (MDB), Márcio Santiago (PR) e Noraldino Júnior (PSC).

Janela partidária
Cabe lembrar que, a partir desta quinta-feira (8), deputados federais e estaduais que desejam se candidatar nas Eleições de 2018 podem mudar de partido sem correr risco de perder o mandato. Tal período é chamado de “janela partidária” e tem duração de 30 dias. O hiato legal, no entanto, não beneficia vereadores, uma vez que não haverá eleições na esfera municipal este ano. Desta forma, qualquer migração deverá ser acordada com suas siglas de origem.

Desincompatibilizações afetam governos estadual e federal

Se uma possível desincompatibilização de Bruno Siqueira da Prefeitura poderia chacoalhar a política municipal e alçar o vice-prefeito Antônio Almas (PSDB) ao posto de chefe do Executivo juiz-forano, a permanência do emedebista no cargo não seria comprometida por baixas em seu primeiro escalão por conta de candidaturas de integrantes do atual secretariado. A sensação de momento é de que, caso Bruno tenha seu “Dia do Fico”, os nomes da atual gestão tendem a ter a continuidade de seu trabalho mantida até o fim do atual mandato. Algo que poderia não ocorrer, caso, pela caneta de Almas, o PSDB retornar ao comando do Município após seis anos do fim da segunda gestão do ex-prefeito Custódio Mattos (PSDB). Neste cenário, trocas podem ocorrer, mas não por desincompatibilizações voluntárias.

Entre os nomes apontados como pré-candidatos na cidade, o ex-deputado federal Wadson Ribeiro já desincompatibilizou da Secretaria de Estado Extraordinária de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais e da Ouvidoria-Geral do Estado. Ele deve tentar retornar à Câmara dos Deputados pelo PCdoB, após ter ficado como suplente nas eleições de 2014 e ter exercido mandato no Congresso Nacional entre janeiro de 2015 e abril de 2016, ou mesmo buscar uma cadeira na ALMG.

A exoneração do juiz-forano foi confirmada ainda em 1º de fevereiro, quando também foram publicadas as saídas de outros seis integrantes dos secretários: Neivaldo de Lima Virgílio (PT, que deixou a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agrário); Nilmário Miranda (PT, Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania); Arnaldo Gontijo de Freitas (PRB, Esportes); Sávio de Souza Cruz (MDB, Saúde); Ricardo Rocha de Faria (PCdoB, Turismo); e Macaé Evaristo (PT, Educação). À época, Pimentel determinou que as saídas fossem repostas com a promoção dos secretários-adjuntos das respectivas pastas no início do mês de fevereiro.

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Baixas similares também devem afetar a gestão do presidente da República Michel Temer (MDB), que vai ser obrigado a realizar uma reforma ministerial com as saídas em série que devem ocorrer nas próximas semanas. Além do ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PSD), que tenta articular uma possível candidatura à Presidência, entre outros integrantes do primeiro escalão de Temer que já tiveram seus nomes especulados para deixar o Governo aparecem os nomes de Ricardo Barros (Saúde, do PP), Mendonça Filho (Educação, DEM), Fernando Coelho (Minas e Energia, sem partido), Helder Barbalho (Integração Nacional, PMDB), Sarney Filho (Meio Ambiente, do PV), Leonardo Picciani (Esporte, MDB), Marx Beltrão (Turismo, PMDB), Maurício Quintela (Transportes, PR), e Osmar Terra (Desenvolvimento Social, PMDB).

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