‘Não podemos nem piscar’


Por GUSTAVO PENNA

16/08/2015 às 07h00- Atualizada 18/08/2015 às 10h08

Uma das obras na Faefid deve ser entregue até o final do ano Leonardo Costa/15-08-15)

Uma das obras na Faefid deve ser entregue até o final do ano Leonardo Costa/15-08-15)

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Corte de verbas, greve de professores e técnicos-administrativos, adiamento do calendário letivo. A crise que atinge as universidades públicas também é uma realidade na UFJF. Além do evidente prejuízo para a comunidade acadêmica, o projeto olímpico da instituição pode ser afetado caso ocorram alterações no cronograma das obras de modernização da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid). Apesar do curto prazo para o término da construção das novas instalações, a direção da unidade ainda não vê esse risco no horizonte.

“Tenho preocupação (com o corte de verbas federais) sim, mas acho que seria uma irresponsabilidade do Governo federal. Não da Universidade, que sabe da importância. Imaginemos o Governo, responsável pelos Jogos Olímpicos, cortando um braço disso. Estaria boicotando seu próprio evento. Se isso acontecer, e espero que não aconteça, seria uma decepção muito grande, além de um problema internacional”, avalia o diretor da Faefid, Maurício Bara, ressaltando que as obras não foram pensadas para os Jogos Olímpicos, embora essa seja uma consequência positiva.

“Seria até injustificável a gente gastar algo como R$ 20 milhões para 15 dias de treinamento. Essas são obras de melhoria da Faculdade, dentro do nosso planejamento de crescimento, que começou em 2010, e que podem vir a ser usadas como estrutura de treinamento para as equipes também. Coincidentemente, as obras estão caminhando para ficarem prontas até julho de 2016, temos isso como objetivo. Se puderem ficar prontas até lá, vão servir como apoio muito maior para os Jogos Olímpicos.”

 

Melhorias

Além de melhorias como a reforma da estrutura do estádio, com modernização dos aparelhos de atletismo, e construção de um complexo aquático, a Faefid está erguendo duas grandes obras. Com previsão de entrega até o fim do ano, o Centro de Ginástica, Lutas e Laboratórios da Ciência do Esporte começou a ser construído na metade de 2014. “O prédio terá três andares. O primeiro pavimento vai ser um vão livre com pé direito de 8m, ideal para a ginástica, podendo ser usado também para lutas, tênis de mesa. O segundo andar será de vão livre com salas para treinamento. O judô pode treinar lá também. E o terceiro andar é de laboratórios, algo mais específico”, afirma Bara.

Além dessa instalação, chama a atenção a construção do novo ginásio poliesportivo. Ocupando a área central da unidade, a arena vai ter capacidade para duas mil pessoas, além de modernos vestiários, cabines de rádio e TV, e tribuna de honra. Uma estrutura bem maior que o atual espaço, que recebe os jogos do Vôlei UFJF, com capacidade máxima de 500 cadeiras.

“O ginásio é uma obra mais complexa. Temos que acompanhar de perto, mas esperamos que até junho (de 2016) seja entregue. Existe uma preocupação natural, ficamos atentos, mas é uma obra com verba empenhada (ou seja, com compromisso de investimento). Infelizmente, essas coisas acontecem no nosso país. Gosto de trabalhar preocupado, ligado nas situações. Com as duas obras, a gente aumenta muito a nossa capacidade de receber atletas. Ao invés de um ginásio, teremos dois. Poderíamos, por exemplo, receber até três equipes de voleibol”, afirma Bara, já se preparando para a chegada de visitantes estrangeiros.

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Canadá, China, Bélgica, Polônia…

Após longas negociações, as delegações de Canadá e China que virão para a Olimpíada do Rio no que vem confirmaram que vão utilizar a UFJF como centro de treinamento para as equipes de atletismo, olímpico e paralímpico. A Bélgica também negocia para trazer a Juiz de Fora os times de atletismo, judô, taekwondo e vôlei feminino (caso conquistem a vaga nessa modalidade). A Polônia é outro país que já demonstrou interesse em se preparar na cidade. “É um pacote muito interessante para a gente. O ideal é chegarmos a 350 pessoas circulando aqui dentro, entre atletas e comissões técnicas”, diz o diretor da Faefid, destacando a valiosa oportunidade da troca de conhecimento entre atletas olímpicos de ponta e a comunidade acadêmica.

“É um movimento que temos que saber nos preparar para poder viver muito bem. Vai ser um momento único para o esporte da cidade, para Juiz de Fora, a Universidade e a Faculdade de Educação Física. Talvez a gente não veja os resultados só no momento, que vai ser muito intenso, mas vai influenciar uma geração de estudantes de educação física e dos outros cursos. Isso é um efeito que não tem como dimensionar. Falta um ano e não podemos nem piscar. A Universidade vem trabalhando praticamente sozinha, mas sabemos que vamos contar com a cidade na hora que precisarmos”, projeta Bara.

O plano de colocar Juiz de Fora no mapa olímpico começou em 2010, quando a Prefeitura e a UFJF elaboraram um catálogo sobre a cidade para ser apresentado aos comitês olímpicos, em uma iniciativa da Secretaria de Esporte e Lazer do município, então sob o comando de Renato Miranda. As delegações deverão ficar na cidade entre duas e três semanas antes da Olimpíada, que ocorre entre os dias 5 e 21 de agosto de 2016, e da Paralimpíada, de 7 a 18 de setembro.

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