O esporte anda triste


Por Juliana Netto

16/07/2020 às 07h20- Atualizada 16/07/2020 às 16h12

Logo no início de pandemia aqui no Brasil, expus, neste mesmo espaço, a minha angústia frente a esse vírus devastador. Cerca de cem dias depois, mesmo com algumas ligeiras retomadas – diante de uma situação ainda incontrolada – me peguei cantarolando, pouco antes de rabiscar essas palavras, “Tristeza”, do botafoguense Vinicius de Moraes, interpretado também por vozes como Beth Carvalho, também alvinegra fervorosa, pelo santista Jair Rodrigues e por Diogo Nogueira, rubro-negro de carteirinha.

“Quero voltar àquela vida de alegria, quero de novo cantar”. Ah! Como quero. Mas, no âmbito das competições esportivas, ainda vejo poucos motivos para tal. Nem mesmo o possível título do Fla ontem à noite, momentos depois deste texto ter sido finalizado, despertaria aquele sentimento mais puro de felicidade causado pelo meu clube de coração. Imbróglios no precoce retorno do Carioca, confusões nos direitos de transmissão, disputas judiciais e a desconfortável soberba da diretoria, que, diante de um time competitivo, após anos e anos de míngua, a cada dia se afasta mais da essência rubro-negra, achando-se superior a todos e a tudo, não me fizeram apreciar o triplo e broxante Fla-Flu.

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Lamento o que sinto também, ainda no futebol, ao ver o nosso local Baeta buscar na Justiça uma alternativa para impedir o retorno da competição e, só assim, no tapetão, tentar driblar a queda quase certa e o impacto financeiro ao ter sacramentado o descenso.

Motivos para comemorar o retorno da Fórmula 1, um dos primeiros eventos a voltarem, ao vivo, à grade da TV? Nenhum. O campeonato, sem brasileiros em ação, e sem torcida, ficou ainda mais melancólico. Falta de público que, pelo menos, não gerou repercussão negativa, tal como o evento realizado por Djokovic, meu queridinho do tênis, no mês passado. O sérvio que tanto me simpatizo, e não pela primeira vez, escorregou, primeiro, em suas declarações antivacina e, depois, ao promover um torneio sem protocolos de segurança.

E as corridas de rua? Nem mesmo a São Silvestre, lá em dezembro, no último dia do ano, deverá passar imune à Covid-19.

Triste. Tudo muito triste.

Em um momento em que gestores esportivos precisarão ser muito atuantes, JF perdeu, no sábado, o ex-atleta e secretário Júlio Gasparette, titular da pasta de esporte da cidade. Assim, repentinamente.

Lamento, leitores, mas, no momento, o esporte, para mim, anda triste. Quem sabe, na próxima, pego-me cantarolando canção mais animadora. No momento, vamos de Vinicius.

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