Entrevista Larissa Oliveira, Nadadora
Sexta-feira, 15h55. Larissa Oliveira, a nadadora de Juiz de Fora que conquistou duas medalhas (uma de ouro e outra de bronze) no Mundial de Piscina Curta em Doha, no Catar, na última semana, atende a ligação da reportagem da Tribuna e, simpática, diz que pode dar uma entrevista, sim, mas apenas depois das 18h. O motivo? Hora de treinar para o Open, que será realizado na próxima semana no Rio de Janeiro, competição que é a primeira oportunidade para se obter índices para o Pan-Americano de Toronto, no Canadá, e o Mundial de Natação em Kazan, na Rússia, duas das principais competições internacionais do próximo ano. Duas horas depois, conforme combinado, ela conversa sobre o último Mundial, a próxima competição, o curto descanso de final de ano e, como não poderia ser diferente, os planos da nadadora do Esporte Clube Pinheiros e terceiro-sargento do Exército Brasileiro para melhorar seus tempos e se classificar para os grandes torneios. Afinal, 2015 já começou para Larissa Oliveira.
Tribuna: O Mundial de Piscina Curta do Catar encerrou-se no último domingo, mas você continua treinando – agora, para o Open. Quando vai ter uma pausa para aproveitar o fim de ano?
Larissa Oliveira: Eu tenho essa competição no Rio de Janeiro, o Open, que é seletiva para o Pan-Americano de 2015. É o último torneio do ano. Ainda não combinei exatamente a programação com meu técnico, mas treino até por volta do dia 27 e paro por uma semana.
– O Mundial de Piscina Curta terminou no último dia 7, com o Brasil conquistando diversas medalhas contra nadadores de países com tradição. Como você analisa o nível técnico do Mundial?
– Aconteceu o que estava esperando acontecer, pelo que vemos dos outros países. Tenho acompanhado bastante o ranking mundial, as competições lá de fora, os resultados… a gente já sabia quem iria enfrentar. O nível encontrado já era esperado.
– E como analisa a evolução do seu desempenho, além dos resultados, em comparação a Istambul (Piscina Curta, em 2012) e Barcelona (Mundial de Esportes Aquáticos, em 2013)?
– Acho que fui bem, mas a competição em que mantenho o foco é o Open. O Mundial de Piscina Curta não era uma competição muito importante, já o Open é classificatório para o Pan de Toronto e o Mundial de Kazan, na Rússia. É nele que preciso alcançar o índice para as competições. A princípio, vou me concentrar nos 100m e 200m livre. Mas fiz tempos muitos bons no Catar, bati recordes, conquistei medalhas, e isso é importante.
– Cesar Cielo alertou, logo após o Mundial, que o bom resultado em Doha não reflete a situação real da natação. Para você, em qual patamar em relação às potências (Rússia, Estados Unidos, Austrália, Holanda) o Brasil se encontra?
– O nosso desempenho reflete a melhora da natação brasileira, que vem numa crescente muito boa, a natação feminina estava estagnada desde 2004. A gente vê que a evolução está muito boa, as meninas estão perto da final, da medalha. Ainda não dá para comparar com a Holanda etc, mas estamos buscando melhorar. As medalhas são reflexo disso, de que não estamos paradas. Todas as meninas que foram para Doha entraram nas fases finais, situação que não ocorreu em 2012 e 2013.
– E os bons resultados não aparecem apenas nas piscinas.
– Foi uma competição muito visada no Brasil, teve uma repercussão muito boa. Espero que ajude a desenvolver tanto a parte técnica como a de patrocínio, que os resultados dessas competições ajudam financeiramente também.
– Qual a expectativa para o Mundial de Kazan, na Rússia?
– O Mundial vai ser uma consequência do que eu conseguir antes, do meu desempenho. Estou concentrada, primeiramente, no Open, em melhorar os tempos. E ainda teremos o Troféu Maria Lenk, para tentar melhorar os tempos e alcançar os índices.
– Quais as outras provas importantes a que você deve se dedicar em 2015?
– O próximo ano é muito importante, decisivo, até mesmo para as Olimpíadas. Começa com o Maria Lenk, em abril, que é a última oportunidade de ir a Toronto e Kazan. Depois, entre maio e junho, participo dos Jogos Mundiais Militares, na Coreia do Sul, pois faço parte do Programa de Alto Rendimento do Exército. É como se fosse a Olimpíada dos militares, a maioria dos atletas dos outros países também é de militares. É como se fosse uma prévia para a Olimpíada.
–Quais as vantagens de se ter o apoio do Exército?
– Entrei no início do ano, e o Exército fornece um salário mensal, plano de saúde, além de toda a estrutura que há na Urca, onde estou lotada. Posso me hospedar lá, usar a piscina, que inclusive estão reformando. E devo agradecer não só o apoio que eles me dão, como também do meu clube (Pinheiros) e da Larha, empresa que fornece meus suplementos.
– E o final de ano? Será em Juiz de Fora? – A programação de treinos ainda não está totalmente definida, mas é certo que passarei as festas de fim de ano com a família, aí em Juiz de Fora.