Alexandre Ank: da raquete para o asfalto


Por Gustavo Penna

06/03/2016 às 07h00

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Atleta paralímpico Alexandre Ank se aventura no handbike (Foto: Olavo Prazeres)

Provando que limitações físicas não limitam o amor pelo esporte, o mesa-tenista paralímpico Alexandre Ank deu os primeiros passos em uma nova modalidade esportiva. Medalhista de ouro e bronze nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no Canadá, em 2015, o juiz-forano comemora sua participação na Corrida da Suprema, que abriu o Ranking de Corridas de Rua de Juiz de Fora no último dia 28 de fevereiro, pouco menos de três meses após iniciar os treinamentos com a handbike, uma bicicleta adaptada, movimentada pelas mãos. O equipamento, que custa aproximadamente R$ 4 mil, foi comprado com a ajuda de amigos.

“Foi algo apaixonante. Imaginei que não conseguiria completar a prova, mas não só completei como consegui o décimo lugar geral e o primeiro na categoria PCD (pessoas com deficiência). Meu objetivo é melhorar minha qualidade de vida, mas também quero incentivar outras pessoas para a prática esportiva, servindo de exemplo positivo”, afirma Alexandre Ank, satisfeito por ter encontrado uma modalidade esportiva que possa suprir a carência que já havia identificado na oferta de academias adaptadas na cidade.

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“Em Juiz de Fora, tenho muita dificuldade para fazer atividade física, perder peso e fortalecer a musculatura. Você chega nas academias e não tem adaptação. Ficamos barrados na roleta e nas escadas, já que a maioria não tem rampas. No Pan-Americano vi algumas pessoas usando a handbike e me interessei. Desde antes do meu acidente, sempre gostei de pedalar.”

Integrante da equipe Todos Pela Inclusão/Alae, Alexandre Ank completou os 10 km de sua primeira prova na handbike em 34m39s. Em um trajeto que envolvia muitos trechos de subida, causou surpresa à equipe do atleta a capacidade de Alexandre vencer o desafio com o pouco tempo de treinamento.

Para o fisioterapeuta Jardel Trindade, que acompanha Alexandre Ank nos treinos pela Via São Pedro, a antiga relação do paratleta com o esporte facilitou na adaptação. “Ele está em forma, tem uma assessoria, faz crossfit, natação, e tem também a memória de atleta. Tem potencial para disputar algumas provas estaduais.”

Jardel afirma já ter outros pacientes cadeirantes interessados no handbike. “Os benefícios para a saúde são inúmeros, até mesmo pela parte psicológica, tirando de dentro de casa essas pessoas que não têm tanta liberdade de fazer atividade física ao ar livre.”

Foco no tênis de mesa

Apesar do início animador nas corridas, Alexandre Ank não perde o foco de sua atividade principal. O mesa-tenista ainda nutre esperança de receber um convite para representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, seja individualmente ou por equipes. “Minha prioridade é o tênis de mesa, que não pretendo abandonar. Se eu for evoluindo e tiver tempos muito bons nas corridas, eu pretendo, no futuro, participar de um evento no Rio de Janeiro para ver como vou me sair. Vou continuar treinando e participando das corridas de rua em Juiz de Fora”, afirma Alexandre Ank, animado para, no handbike, sentir novamente algo que há muito tempo não sentia. “O mais gostoso foi quando comecei a pedalar e pude sentir outra vez o vento batendo no meu rosto, assim como eu sentia quando pedalava antes do acidente. Um sentimento de total liberdade. Foi incrível para mim.”

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