Conheça a força do ciclismo de estrada em Juiz de Fora

Juiz de Fora continua celeiro de grandes atletas, é palco de treinos do técnico da Seleção Brasileira de Ciclismo de Estrada e de competidores de alto nível


Por Bruno Kaehler

05/11/2017 às 06h30

 

 

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legenda – Da esquerda para a direita – Dnartt Fagundes, Wolney Morais, Felipe Marques e Emerson Santos (atrás), com a Represa de São Pedro ao fundo, são alguns dos feras no ciclismo na cidade (Foto: Leonardo Costa)

 

“Juiz de Fora sempre foi um celeiro de grandes atletas. Já tivemos vários campeões nacionais e pan-americanos. A cidade te propicia isso. O clima, os locais de treinamento, ela está no meio de montanhas, é rodeada de boas estradas. Então aqui é um lugar perfeito para você evoluir no ciclismo.” Esta não é uma opinião qualquer. Trata-se de relato do técnico da Seleção Brasileira de Ciclismo de Estrada, Wolney Morais, 38 anos, paulistano, mas que vive na cidade há 35 anos.

A presença do comandante da Seleção e da equipe da Universidade Federal Fluminense (UFF), uma das principais do país, não é a única que encorpa o já histórico ciclismo na cidade. Alguns dos principais atletas do país na modalidade também escolheram ou têm em Juiz de Fora um dos melhores locais para a prática e o aprimoramento da modalidade sobre duas rodas. Este é o caso do trio da UFF, Dinartt Fagundes, Felipe Marques e Emerson Santos, ciclistas profissionais de estrada. Dinartt, 46 anos, é tricampeão pan-americano master e, natural de São João Nepomuceno, iniciou a prática em Juiz de Fora, aos 18 anos, num cenário bem diferente do atual.

(Foto: Leonardo Costa)

“Havia muitas dificuldades no início, como falta de equipamentos, mas hoje temos um apoio maior da equipe UFF e de patrocinadores, que nos propiciam participar de competições nacionais e internacionais. Juiz de Fora tem uma raiz no ciclismo de estrada e no mountain bike. Temos diversos campeões nacionais e internacionais, então a cidade representa bem o Brasil no ciclismo. Há boas estradas e estradas vicinais que permitem treinamentos tanto de subidas, como no plano, então há uma diversidade muito boa”, diz.

Ao lado de Wolney, o trio da UFF busca, a partir de 2018, voltar a competir no exterior. A equipe da UFF e a da Funvic, de São José dos Campos (SP), são as únicas que possuem chancela continental para atuar fora do país. A tendência é que este exemplo de sucesso fomente ainda mais a prática do ciclismo em Juiz de Fora. “Quando comecei, tínhamos uma turma de cerca de 20 pessoas. Hoje o ciclismo é o esporte que mais cresce no mundo. Saímos para treinar na estrada e não tem um dia que não encontramos cinco, dez pessoas. Aos sábados e domingos são centenas de praticantes. O esporte está em evidência no mundo, tanto para competições, quanto para o bem estar”, analisa Dinartt.

(Foto: Leonardo Costa)

 

Já Felipe, mais conhecido como Felipinho, 26, nasceu em JF e acompanhou de perto o sucesso de Dinartt e outros profissionais, o que o impulsionou. “Comecei em 2006 por hobby e estou desde 2011 no ciclismo de estrada profissional. Acumulei resultados como pódios em etapas na Volta de Santa Catarina, no Tour do Rio e na Volta Internacional de Guarulhos, além do 5º lugar no Brasileiro. Estar com tantos campeões na região ajuda porque, como você está perto, vê que possui capacidade para chegar naquele degrau e tudo fica mais fácil”, conta o atleta que costuma realizar treinos na BR-040 com distâncias entre 100km e 200km.

Paixões

A paixão de Emerson pela cidade ultrapassa, inclusive, os limites profissionais. Conhecido como “Baiano”, já que é de Juazeiro (BA), está há quase cinco anos na cidade, onde criou laços familiares. “Quando cheguei a Juiz de Fora percebi que possuía vários tipos de terreno. E treinando aqui consegui obter os melhores resultados da minha carreira. Fui vice-campeão brasileiro sub-23 em 2012, terceiro no contra-relógio individual do nacional de 2014, e 5º geral do Brasileiro um ano depois. Vi que meu rendimento aumentou bastante também com a ajuda da minha equipe e investi em Juiz de Fora. Até já tenho meus documentos na cidade, me considero um juiz-forano. Me casei, minha filha acabou de nascer, então já construí família. Tudo tem dado certo”, conta o atleta que sonha com ouro no Brasileiro.

 


Entrevista /Wolney Morais, técnico da Seleção brasileira de ciclismo de estrada

“Estamos evoluindo muito”

A Tribuna aproveitou para ter uma conversa especial com o técnico da Seleção Brasileira de Ciclismo de Estrada e da UFF, Wolney Morais, na BR-440, a Via São Pedro. Segundo ele, Juiz de Fora é uma cidade propícia á prática do esporte e também do mountain bike pela proximidade das trilhas e estradas para treinamento. Sobre o trabalho com a Seleção, ele diz que 2017 foi um ano “meio parado por conta da crise no país”, mas acredita que 2018 será diferente. Confira.

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Tribuna de Minas – Qual é o cenário atual do ciclismo de estrada nacional?
Wolney Morais – Nessa experiência com a equipe profissional já tive passagens pela seleção e competições internacionais por América do Sul, EUA e Europa. O ciclismo ainda está muito longe do que é lá fora, mas estamos evoluindo muito com a profissionalização do esporte, além do aumento em massa de atletas pedalando.

– Em Juiz de Fora também há esse crescimento?
– Acompanhei essa evolução em Juiz de Fora. Antes eram só atletas de competição, mas hoje temos entusiastas, amadores, todos estão crescendo e querendo pedalar. Juiz de Fora é perfeita para o ciclismo de estrada e mountain bike. Você sai do centro da cidade e rápido está nas trilhas e na estrada.

– Quais os locais você costuma escolher para treinar?
– Aqui no mountain bike as mais usadas são a Trilha do Aroeira, a da Pepsi, as de Humaitá, Piau e a estrada principal é a BR-040 por ter um asfalto, piso e acostamento muito bons e o tráfego não ser tão intenso.

– Há quanto tempo você está na Seleção Brasileira?
– Com a experiência na UFF e nossa evolução fui convocado há um tempo para ser o técnico da Seleção. Disputamos algumas provas fora do país muito importantes como um Mundial. Com essa crise no Brasil tivemos uma parada, porque para fazer uma viagem para a Europa se gasta ao menos R$ 200 mil. Vamos ver se viramos o ano e começamos a trabalhar novamente. Mas a experiência foi muito boa, estivemos com os melhores atletas do mundo, campeões mundial e olímpico.

– E como é o trabalho na Seleção?
– A Seleção de Ciclismo de Estrada possui geralmente oito atletas e cinco pessoas da comissão técnica. Como os atletas costumam ser de várias partes do país, acompanhamos virtualmente. Sabemos o que todos estão treinando, mas para competições normalmente nos encontramos 15 dias antes para os ciclistas se entrosarem e conseguirmos ver como está o nível de cada um.

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