Juiz-foranos viveram mais um dia de corrida aos postos

Consumidores atravessaram a madrugada na fila dos estabelecimentos para garantir combustível


Por Guilherme Arêas e Fabíola Costa

30/05/2018 às 06h42- Atualizada 30/05/2018 às 20h16

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No São Pedro, fila para abastecer em posto da Rua José Lourenço Kelmer, na saída do Pórtico Norte da UFJF, era formada na Rua Adolfo Kirchmaier e chegava à Av. Pedro Henrique Krambeck. (Foto: Guilherme Arêas)

A corrida aos postos continuou no segundo dia de retomada do abastecimento de combustível em Juiz de Fora. Quem não conseguiu garantir pelo menos 20 litros no tanque na terça-feira – a grande maioria dos juiz-foranos – literalmente amanheceu na fila. Nesta quarta-feira (30), 21 postos receberam combustível, após um novo comboio chegar à cidade durante a madrugada, em operação viabilizada por Prefeitura (PJF), Polícia Rodoviária Federal e Minaspetro. Ao todo, 36 caminhões trazendo gasolina, etanol, diesel, gás de cozinha e ácido clorídrico começaram a iniciar o reabastecimento à população. Segundo a PJF, esta seria uma das maiores operações realizadas durante o período de crise gerada pela paralisação nacional dos caminhoneiros, que se estendeu por longos dez dias.

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Mais uma vez, a meta era seguir as regras previstas no decreto de situação de emergência publicado pelo prefeito Antônio Almas (PSDB), com prioridade para o atendimento a serviços essenciais e limite de 20 litros ao dia para veículos particulares. As filas começaram a se formar nos postos ainda na terça-feira, mesmo sem a informação confirmada de quando o estabelecimento receberia combustível. Muitos motoristas se revezaram na espera. No Posto Chalé, no Bom Pastor, conforme um frentista, a fila se iniciou às 7h de terça, mas o abastecimento teve início às 6h desta quarta, quase 24 horas depois. O posto recebeu combustível para abastecer cerca de dois mil veículos. No estabelecimento, a Tribuna constatou que, durante a manhã, os funcionários cumpriram o limite de 20 litros por veículo.

Ainda durante a manhã, a Tribuna percorreu toda a extensão da Avenida Deusdedit Salgado, no Bairro Salvaterra, para acompanhar a movimentação nos postos. Nos três monitorados pela reportagem, filas extensas ocupavam o acostamento da via. Em um deles, foram contabilizados cerca de 180 veículos. Na maioria dos estabelecimentos, os preços praticados eram os mesmos: R$ 4,99 na gasolina comum e R$ 3,29 no litro do etanol.
Conforme diversos motoristas, o tempo médio de espera variava entre 40 e 60 minutos pela manhã. No início da tarde, a demora passava de duas horas. Apesar do longo tempo, muitos chegaram a vir de cidades da região na tentativa de abastecer, como Evandro Mansur, morador de Simão Pereira. “Lá ainda está sem previsão, então vim para cá tentar abastecer. Fiquei 45 minutos esperando, mas consegui”, disse Mansur, após abastecer o veículo com 20 litros de gasolina, conforme determina o Decreto 13.307.

Segundo o gerente geral da rede 2M, Gustavo Vieira, responsável por administrar os postos Salvaterra e Andradas, cada unidade recebeu 15 mil litros de gasolina comum e cinco mil litros de etanol. O combustível seria suficiente para abastecer mil carros em cada estabelecimento. “Como estamos seguindo o decreto, são 20 litros por pessoa, além de não estarmos permitindo a venda em galão, o que dá essa quantia de mil veículos. Acredito que deva acabar por volta de 14h, 15h de hoje.” A expectativa da rede é de que os estoques de combustíveis estejam normalizados até sexta-feira.

No Posto Cascatinha, o abastecimento foi liberado às 6h30 desta quarta, mas o primeiro veículo aguardava a abertura desde a noite de terça-feira. De acordo com o funcionário Alex Aparecido da Costa, apesar do grande fluxo de pessoas na fila, o atendimento foi ágil, uma vez que o valor fixo de R$ 100 por abastecimento, seguindo o limite de 20 litros por veículo a R$ 4,99 o litro da gasolina, facilita o pagamento. A estimativa dele era de que o combustível durasse até o fim do dia. “Vai depender do fluxo, até porque existe um tempo de abastecimento de cada carro. Provavelmente, para hoje, temos produto; para amanhã, depende se vai sobrar alguma coisa”, afirma.

Minaspetro

Após dez dias de paralisações nas rodovias do país – além do bloqueio dos acessos às refinarias e bases das companhias distribuidoras, o Minaspetro, representante institucional dos mais de 4.300 postos instalados no estado, confirma que alguns caminhões-tanque já conseguem sair das bases de distribuição sem a necessidade de escolta de órgãos de segurança pública. “A situação é um alívio para os postos e a população em todo o estado, visto que a crise do abastecimento já atingia níveis críticos há cerca de sete dias.”

A expectativa do sindicato é de que o combustível chegue a todas os pontos da Região Metropolitana de Belo Horizonte nas próximas 48 horas. Para o interior, o prazo de estoque para atendimento à população é de dois a três dias. O Minaspetro estima que a situação se normalize, em todo o estado, entre cinco e sete dias.

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