Ocupação de hoteis em Juiz de Fora atinge pico com eventos

Temporada com Minas Láctea, Festival de Música Colonial e Rainbow Fest anima setor, que traça estratégias para segurar turista


Por Fabíola Costa

29/07/2017 às 04h00

A rede hoteleira de Juiz de Fora registrou, no primeiro semestre, uma taxa média de 40% a 45% de ocupação; setor conta agora com eventos para melhorar o desempenho deste ano (Foto: Marcelo Ribeiro)

Depois de comemorar quase 100% de ocupação dos leitos disponíveis em Juiz de Fora com a realização do Minas Láctea, a rede hoteleira volta as suas expectativas para a realização do Rainbow Fest Brasil entre os dias 11 e 20 de agosto, e a retomada – depois de quatro anos – do Miss Brasil Gay, no dia 19 de agosto. Esses eventos, avalia o Sindicato de Hoteis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora, devem contribuir para elevar a taxa média de ocupação deste ano, que, durante o primeiro semestre, ficou entre 40% e 45%. Apesar de ter perdido o vulto das edições anteriores, o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, que começou no domingo e segue até o dia 30, também deve contribuir para aquecer, mesmo de forma menos expressiva, a demanda, que esteve morna até agora.

Segundo o coordenador-executivo do sindicato, Rogério Barros, as perspectivas são positivas. Segundo ele, o Minas Láctea, que reuniu quase onze mil pessoas durante os três dias de realização, ocupou quase 100% da capacidade local. “Estamos com expectativa muito boa em relação à retomada do Miss Gay, não só a rede hoteleira, mas os restaurantes também.” A aposta é que toda a programação voltada a este público possa elevar os percentuais de ocupação para algo em torno de 80% a 90%.

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Para Barros, o Festival de Música Colonial apresenta menor repercussão, mas há estabelecimentos beneficiados com a chegada de músicos e alunos. “Esses eventos são importantíssimos para melhorar a taxa de ocupação do ano, que, no primeiro semestre, foi baixa.” Ele pondera, no entanto, que é preciso avaliar como será a performance do setor no restante do ano. Na sua opinião, é preciso intensificar a captação de eventos de grande porte, para se garantir uma movimentação mais regular na cidade.

Segundo o coordenador executivo do festival, Marcus Medeiros, Juiz de Fora, em função da dificuldade para captação de recursos, houve a necessidade de reduzir “drasticamente” a duração do evento, que, este ano, acontece durante oito dias. Ainda assim, avalia, há movimentação econômica em hoteis e restaurantes de forma mais direta. A programação oficial, que teve início no domingo, segue até este sábado (30).

Diferencial
A presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) da Zona da Mata, Carla Pires, afirma que a realização desses eventos impacta positivamente o setor em um momento em que, pelo menos inicialmente, existe retração na demanda, com a chegada do inverno mais rigoroso. Pelas suas contas, o incremento pode chegar a 30%. Para o Minas Láctea, diz Carla, foi reeditado o “Passaporte do Sabor”, guia com a relação de mais de 20 restaurantes que realizaram promoções durante o período. “O material, além de divulgar os espaços, também auxilia o turista, direcionando-o para os estabelecimentos que estão oferecendo algum diferencial, visando a atendê-los melhor.” Para o Rainbow Fest, o esforço é divulgar o evento, levantar a bandeira da conscientização contra a homofobia e realizar exposições e outras atividade para que se possa atrair – e fidelizar – público.

Na avaliação da presidente do Juiz de Fora Convention & Visitors Bureau, Thais Lima, Juiz de Fora tem condições e infraestrutura para sediar grandes eventos, de âmbito nacional e internacional. Uma prova é a realização do Minas Láctea e a movimentação turística e econômica oriundas da feira. “O ideal seria ter umas quatro feiras desse porte por ano.” Destacando a tradição do festival internacional e a importância da retomada do Miss Gay, a presidente diz que o órgão tem enviado a agências de turismo o tarifário dos hoteis da cidade, visando a incentivar a criação de pacotes com destino a Juiz de Fora. Outra ação destacada por ela foi a disponibilização de estandes de receptivo turístico no Terminal Rodoviário Miguel Mansur, no Aeroporto Regional da Zona da Mata/Itamar Franco e no Expominas durante a realização do Minas Láctea, com o objetivo de fornecer informações aos turistas e promover a cidade.

Comércio lança campanha para o Rainbow Fest

O próximo passo do Juiz de Fora Convention & Visitors Bureau é fazer uma campanha específica para o Rainbow Fest, envolvendo hoteis e lojas para que ofereçam um atendimento diferenciado a este público. “Precisamos de um trabalho em rede para sensibilizar para a importância de grandes eventos.” Na semana passada, o Sindicato do Comércio (Sindicomércio) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) se uniram e criaram o concurso “Um arco-íris de vitrine”, com o objetivo de promover maior envolvimento com os eventos programados para agosto, tornar o varejo mais atrativo e festivo e atrair maior número de consumidores.

Além de premiar as vitrines que melhor abordarem o tema, existe o incentivo à participação em ações como palestras sobre receptividade ao tour comercial e reflexões sobre o tema “a homofobia como doença de cultura”. “Compramos a ideia porque sabemos da importância dos eventos Rainbow Fest e Miss Brasil Gay. Nossa intenção é, a partir de agora, reunir diversas entidades do setor econômico com os organizadores, a fim de que seja exposta a necessidade de financiamento da semana e do concurso. Com esse pontapé, estamos começando a caminhar para um novo tempo”, avalia o presidente do Sindicomércio, Emerson Beloti.

Gasto até três vezes maior em relação ao do turista tradicional

O secretário de Desenvolvimento Econômico em exercício, Marcos Miranda, presidente do Conselho Municipal de Turismo, destacou o impacto positivo do Rainbow Fest e do Miss Gay no fomento a um turismo específico, cuja estimativa é de consumo até três vezes maior em relação ao dos demais. Segundo Miranda, a previsão da organização é de que de 30% a 40% do público do Miss Gay seja de turistas, o que significaria, no mínimo, a presença de 1.200 visitantes só para prestigiar o evento. A aposta é que, mais uma vez, a rede hoteleira seja completamente ocupada. “A cadeia do turismo será movimentada com a distribuição desses recursos para hospedagem, alimentação e transporte. Esse dinheiro acaba irrigando toda a economia.”

Sobre o Festival de Música Colonial, o secretário interino avalia que também existe impacto, embora em menor número. Pelas suas contas, cerca de 10% do público estimado em oito mil pessoas seria de visitantes, o que levaria à presença de, pelo menos, 800 turistas. Os reflexos positivos do Minas Láctea, em seu formato original, como toda hotelaria ocupada, também foram destacados por ele. “Uma feira dessa magnitude leva uma imagem muito positiva do município, que consegue atender às demandas desse público.”

Miranda defendeu a construção coletiva de uma visão estratégica sobre o setor. “A Prefeitura não tem que ser o único ente a puxar esse processo. É um dos que faz a articulação pelo desenvolvimento da cidade.” Em uma ação conjunta, durante o evento da Epamig, foi disponibilizado um espaço para divulgação e promoção da cidade, com informações sobre comércio, bares, restaurantes, rede hoteleira, infraestrutura turística e atrativos, como museus, cinemas, shoppings, teatros e eventos programados para os próximos meses. Também foi promovido um tour a uma escola de cervejaria, sendo possível acompanhar o processo de produção.

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“É uma oportunidade de apresentar Juiz de Fora através dos projetos das entidades que participaram dessa ação conjunta, onde o objetivo maior é mostrar tudo de bom que temos a oferecer, garantindo ao visitante acesso à informação e possibilitando-o vivenciar integralmente nossa cidade”, disse a gerente do Departamento de Incentivo ao Turismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Tatyana Hauck Hill.

Mais de três mil envolvidos só na montagem do Minas Láctea

O coordenador do Minas Láctea, Adaulto Lemos, diz que só a montagem da estrutura mobilizou mais de três mil trabalhadores de 13 empresas, sendo oito delas de fora. Considerando a movimentação durante os três dias de evento, a estimativa é que, pelo menos, cinco mil pessoas vieram de outras cidades para cá, movimentando a rede hoteleira, os bares e os restaurantes.

O transporte é considerado um ponto crítico, disse, destacando a falta de táxis nas ruas. Segundo ele, Juiz de Fora esteve à beira de perder o evento por conta da falta de estrutura. “O evento cresceu mais do que a estrutura que a cidade oferecia.” Na sua opinião, no entanto, nos últimos anos, a oferta de serviços para os turistas tem crescido e se aperfeiçoado. “Está melhorando.” Um exemplo, cita, é a rede hoteleira, que era insuficiente, foi ampliada e agora atende a demanda.

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