59% dos pais fazem vontade dos filhos na hora das compras


Por Guilherme Arêas

25/03/2015 às 19h22

Quase 60% dos pais brasileiros fazem a vontade dos filhos na hora de comprar algum produto. É o que revela uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de educação financeira Meu Bolso Feliz. O estudo procurou entender de que modo os filhos influenciam no orçamento familiar e quais são as dificuldades dos pais em educá-los financeiramente. Segundo o levantamento, 59% dos pais compram o que seus filhos querem, se o orçamento permite. Foram ouvidas 662 pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais nas 27 capitais brasileiras. A margem de erro é de 3,7 pontos percentuais com margem de confiança de 95%.

Sobre o orçamento familiar, seis em cada dez dos pais entrevistados afirmam que não há discussão com os filhos sobre os gastos e que as decisões ficam concentradas apenas nos pais. Somente 18% dos entrevistados afirmam que os pequenos participam das decisões sobre o que comprar e onde investir. Ainda assim, nove em cada dez entrevistados (88%) consideram a educação financeira dos filhos importante, e a média de idade considerada ideal para o início do processo em casa é de oito anos.

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Filhos conscientes

Em relação à atitude dos pais e ao comportamento dos filhos, quase a metade dos entrevistados (45%) garante que os filhos entendem a situação quando querem comprar algo mas os pais não podem. Outros 14% afirmam que os filhos utilizam recursos próprios, como a mesada, para comprar aquilo que desejam.

A pesquisa mostra que, para as crianças, mostrar-se compreensivo resulta em uma estratégia bem mais eficaz do que fazer chantagem quando querem alguma coisa: 79% dos pais de filhos “compreensíveis”, isto é, que entendem a impossibilidade de se comprar algo, acabam cedendo às vontades dos filhos quando o orçamento permite. Entre os pais de filhos que usam a chantagem como forma de persuasão, esse número diminui para 48%.

Entre as famílias que conversam sobre os gastos, é maior o percentual dos filhos que utilizam o dinheiro da mesada para comprar o que desejam: 13%, contra 5% das famílias em que não há conversa.

 

Prática x discurso

A pesquisa mostrou, ainda, que, mesmo que os pais tenham relatado que trabalham a educação financeira dos filhos, muitas vezes mais falam do que fazem. Durante a consulta, foram encontradas diferenças entre a prática e o discurso. Os entrevistados foram convidados a dar uma nota de 1 a 10 para a frequência com que incluem as ações na sua vida financeira com o intuito de ensinar os filhos (prática) e a frequência com que afirmam praticar cada ação (discurso). As principais diferenças foram encontradas em atitudes como: economizar para realizar um sonho (7,2 na prática, 8,2 no discurso); não se render aos apelos de consumo (7 na prática, 8 no discurso); e não comprar tudo o que deseja (5,4 na prática, 8,8 no discurso).

 

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Educação financeira; veja algumas dicas

– A conversa entre todos os membros da casa é capaz de estimular atitudes compreensivas e conscientes entre os filhos, sejam crianças ou adolescentes.

– Entre os assuntos que podem ser discutidos estão o valor do dinheiro e do trabalho, a impossibilidade de comprar tudo o que se deseja, a importância de pesquisar preços, a realização de sonhos por meio de disciplina e economia.

– É importante que os pais demonstrem com mais frequência a importância da educação financeira a partir de suas próprias atitudes, já que os filhos tendem a repetir as ações dos adultos.

Fonte: José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil

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