Indústrias metalúrgicas temem impacto na produção

As empresas também estão preocupadas com a alimentação e o transporte dos trabalhadores


Por Tribuna

24/05/2018 às 22h19

Em Juiz de Fora, as grandes indústrias metalúrgicas estão atentas ao movimento e tomam medidas para evitar impacto na produção. Questionada pela Tribuna a respeito da situação dos trabalhadores, a ArcelorMittal Brasil, por meio de sua assessoria, manifestou preocupação com a evolução do movimento grevista. “Esta manifestação já traz impactos às operações de algumas de suas unidades industriais”. A Arcelor tem a maior parte de sua matéria-prima transportada por meio da rede rodoviária. A Nexa Resources, antiga Votorantim Metais, também por meio de sua assessoria, restringiu-se a informar que “está tomando todas as medidas necessárias para mitigar possíveis impactos na produção”. As soluções buscadas não foram especificadas. Já Nexa divide seu abastecimento de insumos por meio das redes ferroviária e rodoviária.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora e Região, as empresas também estão preocupadas com a alimentação e o transporte dos trabalhadores. Ainda que não seja o principal temor, a produção industrial poderá ser afetada com a ausência de insumos em caso de prosseguimento da greve. “Conversei tanto com a Arcelor quanto com a Votorantim para saber como todas essas questões estão. Há uma preocupação, a partir de amanhã (sexta-feira), em relação à falta de alimentação para os trabalhadores e de óleo diesel para os ônibus de transporte”, afirma o presidente da entidade, João César da Silva. O transporte dos trabalhadores é realizado por meio de veículos fretados.

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Em situação distinta encontram-se os trabalhadores da Mercedes-Benz. Em razão da paralisação dos trabalhadores da unidade de São Bernardo do Campo – a qual se encerrou nesta quinta-feira (24) -, os funcionários da montadora em Juiz de Fora estão sem atividades desde 17 de maio, já que o movimento ocorreu em função da falta de peças para a produção. “A princípio, como a paralisação (em São Bernardo) terminou hoje, as atividades devem ser retomadas amanhã. Com a greve dos caminhoneiros, a produção deve ser afetada”, afirma o João César. O Departamento de Comunicação da Mercedes-Benz informa, no entanto, que “a empresa ainda não sentiu os impactos da greve. Os trabalhadores retomaram as atividades nesta quinta”.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio de sua assessoria, afirma que acompanha, com preocupação, o impacto da greve dos caminhoneiros. “O bloqueio das rodovias do país prejudica a operação das indústrias, aumenta os custos, penaliza a população e tem efeitos danosos sobre a economia, que enfrenta dificuldades para se recuperar da crise recente.” A CNI defende a suspensão dos bloqueios das estradas, enquanto as partes envolvidas negociam o fim da greve. A entidade afirma que a paralisação está afetando a produção e a distribuição de bens.

Fiemg defende redução de carga tributária

A Fiemg, por meio de sua assessoria, afirmou que o setor industrial mineiro vê com preocupação os constantes aumentos nos preços dos combustíveis, que oneram os custos de produção e logística das atividades produtivas no país. Para a indústria mineira, é necessário rever a elevada carga tributária incidente sobre os combustíveis e refletir sobre a política da Petrobras de revisão diária do preço dos combustíveis, “pois isso gera volatilidade e incerteza não apenas para os caminhoneiros, mas para toda a sociedade”.
Em nível estadual, diz, também é preciso rediscutir a incidência do ICMS nos combustíveis. “Valores como 31% de ICMS sobre a gasolina, 15% sobre o diesel e outros 16% sobre o álcool estão acima da média brasileira e funcionam como travas para o crescimento de vários setores em Minas Gerais.” Procurada, a Fiemg Regional Zona da Mata afirmou que não há posicionamento local, nem dados a fornecer.

Setor têxtil aponta prejuízos

Conforme a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor já enfrenta desabastecimento. “Os fabricantes já se deparam com a falta de matéria-prima para produzir”, comenta o presidente Fernando Valente Pimentel. Na sua opinião, a paralisação está prejudicando o país, num momento em que os empresários começam a se recuperar da recessão. “Nota-se o início do desabastecimento em numerosos setores, e a população brasileira, já premida por sequelas ainda fortes da grave crise econômica, não pode ser apenada por um colapso da logística, dos transportes e da falta de produtos.”

Já o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) afirma que a continuidade da greve dos caminhoneiros impacta diretamente o setor em todo o país. O posicionamento é que, durante a entressafra do café neste período do ano, os embarques em maio representam cerca de seis mil contêineres, o equivalente a uma receita de, aproximadamente, US$ 350 milhões que deixa de ser gerada para o país. “Nossa entidade respeita os direitos da categoria, mas reafirma a importância da manutenção do fluxo do comércio do café.”

Por meio de nota, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, demonstrou preocupação caso o trânsito de cargas vivas e remédios seja impedido a partir deste sábado (26), ameaça feita pelo movimento dos caminhoneiros. “Se um acordo não for alcançado, a partir de sábado, nenhum tipo de carga passará. O movimento não pode impor sofrimento às cargas vivas, deixar que animais morram de fome e sede nas estradas, nem privar a sociedade do livre trânsito de remédios e produtos perecíveis.”

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