M. Dias Branco garante investimento em JF

Em nota, empresa afirma que “não há plano de desistência” do negócio na cidade


Por Fabíola Costa

20/04/2018 às 07h00

Depois de um longo silêncio sobre os projetos de construir uma fábrica de biscoitos, massas e farinha de trigo, um centro de distribuição e um moinho de trigo em Juiz de Fora, a M. Dias Branco se posicionou oficialmente nesta quinta-feira (19). Por meio de nota encaminhada por sua assessoria, informou que “não há plano de desistência relacionado ao investimento na cidade”. A empresa não informou se o projeto inicial foi revisto.

Informações de bastidores, no entanto, dão conta de que, após a aquisição da Indústria de Produtos Alimentícios Piraquê, em uma operação avaliada em R$ 1,550 bilhão, a M. Dias Branco mantém a intenção de erguer uma unidade fabril e um centro de distribuição, mas teria desistido de construir um moinho na cidade. Caso essa possibilidade se concretize, o investimento, inicialmente estimado em R$ 350 milhões, deve ser reduzido, assim como deve ser revista a perspectiva de criação de 800 a mil empregos diretos.

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Como a Tribuna tem noticiado desde novembro do ano passado, há o receio de que a demora na concretização do acesso entre a via pública e o terreno localizado na BR-040 (adquirido pela empresa) poderia comprometer os planos de a M. Dias Branco efetivar o investimento milionário no município. Líder nacional na fabricação e venda de biscoitos e massas, a proprietária das marcas Adria, Estrela e Isabela pretendia iniciar a construção do parque fabril ainda em 2017, mas continua aguardando a obra, que seria de responsabilidade do Poder Público e é considerada imprescindível para o início dos trabalhos propriamente ditos. A M. Dias Branco trabalhava com a expectativa de conclusão da unidade em 2019 e início das operações no começo de 2020.

Em entrevista concedida à Tribuna em agosto do ano passado, o vice-presidente de Investimentos e Controladoria do grupo, Geraldo Luciano Mattos Júnior, afirmou que a Prefeitura se comprometeu a fazer o acesso e, tão logo existisse a sua disponibilização, a empresa daria início às obras.

Novamente procurada nesta quinta-feira, a empresa, por meio de nota, ressaltou que “nunca teve qualquer problema com a Prefeitura de Juiz de Fora”. Há informações extraoficiais, inclusive, de que o vice-presidente estaria com uma viagem marcada a Juiz de Fora para tratar do assunto com o prefeito Antônio Almas (PSDB).

A Prefeitura de Juiz de Fora informa que mantém contato permanente com a M.Dias Branco e que as etapas previstas no protocolo de intenções, firmado entre o município e a empresa, estão sendo cumpridas, “não existindo pendências por parte do Poder Público Municipal”. A informação é que o projeto de instalação da empresa é prioritário nas diretrizes da Administração, “e a cidade é estratégica nos planos apresentados pela empresa”.

Espera pelo acesso continua

O acesso pendente fará a ligação da BR-040 até o Porto Seco, em Dias Tavares. A primeira etapa, orçada em R$ 7 milhões, está prevista até a entrada de onde será instalada a indústria. Os recursos seriam da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). Em posicionamentos anteriores, a Prefeitura afirmou que, em reunião realizada em junho do ano passado, o governador Fernando Pimentel (PT) autorizou o Estado a viabilizar a obra. Em agosto daquele ano, a Codemig encaminhou a documentação à Secretaria de Estado de Transportes e Obras públicas (Setop). A documentação consiste nos projetos viários entregues pela Prefeitura com vistas à elaboração de convênio.

Posteriormente, os projetos foram encaminhados ao Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG). No mês passado, o órgão afirmou que o material foi devolvido para a Prefeitura de Juiz de Fora “para as correções solicitadas e posterior retorno para análise”. Novamente procurado nesta quinta, o DEER/MG, por meio de sua assessoria, afirma que “continua o processo de análise do projeto de engenharia elaborado pela Prefeitura, após mais uma etapa das correções encaminhadas pelo município.” O posicionamento da PJF é que “estão em fase de análise por parte dos órgãos estaduais competentes, seguindo o curso normal exigido por este tipo de empreendimento”.

O empreendimento e a empresa

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A assinatura de protocolo de intenções com o município aconteceu em março de 2015. Em dezembro de 2014, a empresa lançou comunicado ao mercado, anunciando o protocolo firmado com o Estado. Em dezembro de 2015, a Câmara aprovou a incorporação do empreendimento à lei de incentivo fiscal, que permite o reembolso de até R$ 50 milhões para a indústria alimentícia, caso ela cumpra a previsão de gerar, para o município, mais de R$ 100 milhões em dez anos, referentes à quota-parte do ICMS repassadas pelo Estado. O faturamento inicialmente previsto chegava a R$ 650 milhões, podendo atingir a marca de R$ 1 bilhão em uma década. O empreendimento inicialmente divulgado previa a possibilidade de expansões futuras.

No relatório de resultados financeiros e operacionais da M. Dias Branco, publicado no final do ano passado, na análise sobre a perspectiva de mercado para os próximos anos, há manifesta intenção da empresa de dar continuidade ao plano de crescimento global, aumentado a presença nas regiões em que a participação ainda é menor, e intensificando os estudos em busca de oportunidades de atuação em novos produtos alimentícios.

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