Fadepe pode gerenciar fábrica do Instituto de Laticínios Cândido Tostes

Busca de parcerias envolve ainda Fundação Arthur Bernardes e Codemig


Por Gracielle Nocelli

19/07/2017 às 20h58- Atualizada 21/07/2017 às 14h46

Inovação e tecnologia para o desenvolvimento foram temas discutidos por palestrantes no Cândido Tostes na tarde desta quarta-feira (Foto: Leonardo Costa)

O gerenciamento da fábrica do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) poderá ser realizado pela Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe), em breve. Quase um ano depois de reiniciar as vendas ao varejo, a unidade encontra dificuldades para ampliar a produção por conta da burocracia dos processos de gestão dentro da esfera pública, que exigem a elaboração de licitações para qualquer tipo de demanda, inclusive a compra de leite. Por conta disso, a fábrica tem sido subutilizada. Com capacidade para processar até 35 mil litros por semana, opera apenas com três mil litros, oriundos da própria Epamig.

Desde a abertura, em agosto do ano passado, a fábrica escola produz requeijão em barra, doce de leite pastoso e os queijos Minas frescal, Minas padrão, muçarela e o queijo fundido, que registraram boa aceitação dos consumidores. A expectativa inicial era aumentar para 12 o total de produtos, incorporando itens como requeijão cremoso, doce de leite em barra, manteiga, iogurtes e queijos finos, além de produtos tecnológicos frutos de pesquisas realizadas no ILCT. “Temos a aprovação destes novos produtos, mas a dificuldade dos processos de gestão, manutenção e aquisição de insumos na estrutura pública prejudica esses avanços. Não é possível aumentar ou diversificar a produção enquanto não tivermos um mecanismo de compra do leite eficiente”, explica o chefe geral do ILCT/Epamig, Cláudio Furtado Soares.

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Segundo ele, a situação pode ser revertida com a concretização de parcerias com a Fadepe e a Fundação Arthur Bernardes (Funarb). “Ambas são credenciadas pelo MEC (Ministério da Educação) para gerenciar projetos. Estamos analisando questões jurídicas, para que possa ocorrer, também, a realização da gestão da fábrica, o que irá garantir maior flexibilidade nos processos, pois sairemos da burocratização da estrutura pública.” Na terça-feira, durante a abertura do Minas Láctea, o presidente da Epamig, Rui Verneque, anunciou que um estudo junto à Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) para a criação de um modelo de parceria público privada (PPP) está em fase avançada.

Procurada pela Tribuna, a assessoria da Codemig informou que realiza estudos com o objetivo de “fomentar a operação fabril e a produção de queijos diferenciados.” O setor de Negócios e Comunicação da Fadepe declarou que “é uma fundação de apoio à Epamig e, como tal, está à disposição para a realização de projetos, aguardando a finalização do estudo da Codemig.” Já a assessoria da Funarb declarou que a contribuição da instituição deve ser direcionada para os projetos de pesquisa e ensino.

Busca por inovação
Além da mudança de gestão, a expectativa é que a fábrica também passe por uma atualização nos processos, conforme o chefe geral do ILCT/Epamig, Cláudio Furtado Soares. Para isso, a instituição busca parcerias para a implantação de um modelo de inovação direcionado ao setor laticinista, que poderia incluir, por exemplo, softwares de gerenciamento e controles de automação de processos. Informações de bastidores afirmam que há negociações com uma fundação de Santa Catarina para que possa ocorrer a adaptação de um modelo tecnológico criado para um segmento diferente do laticinista.

Congresso debate setor na era das startups

As inovações tecnológicas e o empreendedorismo no setor de laticínios também foram temas abordados nesta quarta-feira (19), segundo dia de palestras do 31º Congresso Nacional de Laticínios, que integra a programação científica do Minas Láctea. Para uma plateia de mais de 150 pessoas, formada em sua maioria por técnicos laticinistas, palestrantes debateram a indústria do leite na era das startups.

“Vivemos um momento de crise, que é quando mais as empresas precisam se reinventar. Precisamos impulsionar a inovação no setor de laticínios, que até o momento está focada apenas em trazer lançamentos de fora para o Brasil. Estamos devendo o desenvolvimento de novos produtos e formas de consumo para o mercado”, analisa o professor, pesquisador e coordenador do Congresso, Adauto Lemos.

Ele destaca que Juiz de Fora é o polo tecnológico laticinista do país e que daqui podem surgir muitos produtos e processos inovadores. “Temos o Instituto Cândido Tostes, a Embrapa e a Universidade Federal de Juiz de Fora com os cursos de Nutrição, Farmácia e Bioquímica, Biologia, Física e Química, que podem agregar muito neste sentido. Temos que discutir a inovação para fomentar mais trabalhos, pois temos um grande centro de conhecimento que forma profissionais muito capacitados. Também podemos trabalhar para que nossos estudantes se tornem também empreendedores.”

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Mercado
Professor e coordenador do laboratório de análise da qualidade do leite da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Leorges Moraes da Fonseca, participa há 28 anos do Congresso Nacional de Laticínios realizado pelo ILCT/Epamig. “É uma oportunidade de troca de experiências muito importante. Aqui temos a participação da indústria, das empresas, dos profissionais e pesquisadores.”

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