Com nova lei, JF quer investimento em telefonia


Por FABÍOLA COSTA

06/12/2015 às 07h00

Quase um mês após a publicação da Lei 13.236/2015, que altera as normas para instalação e operação das Estações Rádio-Base (ERBs), a Prefeitura e a Câmara Municipal pretendem cobrar das operadoras a concretização de investimentos, visando a promover melhorias no sinal oferecido aos juiz-foranos. As empresas alegavam a necessidade de desburocratizar e desonerar o processo de instalação de antenas, para incrementar a prestação de serviço na cidade. As queixas da má qualidade de sinal são frequentes na região central e bairros Norte, Nordeste e Sul, e nas comunidades da Zona Rural, incluindo os distritos de Rosário de Minas, Torreões e Sarandira. Uma reunião entre as partes está prevista para acontecer ainda este mês. A lei foi publicada em 14 de novembro, a partir de uma ação conjunta entre Legislativo, Executivo e prestadores de serviço.

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“Juiz de Fora tem uma legislação que não causa qualquer embaraço ou entrave para que as operadoras possam investir na cidade. Elas não investem agora se não quiserem”, afirmou o secretário de Meio Ambiente, Luís Cláudio Santos. Entre as mudanças com a lei, ele cita a simplificação do processo de licenciamento. O procedimento, antes anual, passa a ser feito a cada quatro anos. A exigência de apresentar toda a documentação a cada renovação foi substituída por declaração, por parte da empresa, de que não houve mudança nas informações prestadas anteriormente. “Além de desburocratizar, agiliza o processo.”

O custo, outra queixa recorrente das operadoras, também foi revisto. O valor cobrado a título de taxa de operação de estações de telecomunicação, que era de R$ 9.858,17 por ano, caiu para R$ 9.400 a cada quatro anos. Com a isso, a economia, para as operadoras, chegaria, no mínimo, a R$ 30 mil no intervalo avaliado. A arrecadação é direcionada ao Fundo Municipal de Meio Ambiente. “Estamos criando um incentivo para melhorar o sinal na cidade. Precisamos analisar como será daqui para frente. Se não houver investimentos, o Poder Público pode voltar a repensar a lei. Agora só depende das operadoras.”

O presidente da Comissão de Telefonia, vereador Vagner de Oliveira (PR), afirma que a aprovação da lei será um instrumento para que se possa cobrar mais investimentos das operadoras. Conforme o parlamentar, as comunidades da Zona Rural sofrem com a falta ou a deficiência na oferta da telefonia móvel. Ele cita como exemplo os distritos de Rosário de Minas, Torreões e Sarandira que não contam com o serviço ou o usufruem de forma precária. Agora, espera-se por medidas das operadoras, que serão cobradas em reunião que pode acontecer ainda este mês. “Esperamos que a comunidade possa colher os frutos.” Também integram a comissão os vereadores Chico Evangelista (PROS) e Oliveira Tresse (PSC).

Procon critica falta de contrapartida

Os problemas relacionados à telefonia móvel levam, pelo menos, dez juiz-foranos por dia ao Procon. Só este ano, foram contabilizadas 3.598 queixas, considerando o acumulado do ano de 1º de janeiro a 1º de dezembro. O número é 20,8% maior do que o verificado no mesmo período do ano passado (2.978) e 12% superior a todo 2014 (3.212). O vício de qualidade (quando o serviço é mal executado, inadequado ou impróprio) está na lista das reclamações mais recorrentes, ocupando o quarto lugar no ranking e concentrando 168 atendimentos este ano. No topo da lista, estão cobrança indevida/abusiva com 60% ou 2.172 reclamações, casos de rescisão/alteração unilateral, que somam 359 queixas, e dúvidas sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/orçamento, que totalizam outros 218 atendimentos.

O superintendente do Procon, Nilson Ferreira Neto, atribui o elevado número de reclamações à falta de investimentos. “Temos carência de investimentos em melhoria da qualidade do sinal e da prestação do serviço.” Segundo o superintendente, apesar de a legislação ter sido revista, as companhias ainda não ofereceram a contrapartida em ações. “O serviço não é prestado de acordo com o que seria razoavelmente esperado pelo consumidor.” Dentre as áreas consideradas mais problemáticas, Nilson cita a região Central e os bairros periféricos, especialmente os localizados nas regiões Norte, Nordeste e Sul. “Nós rodamos todos os bairros, com o Procon Móvel, e a dificuldade de sinal é imensa em quase todos.” Algumas localidades destacadas por ele são Benfica, Grama, Santa Luzia, Ipiranga e São Pedro.

Metas

Apesar das queixas recorrentes dos juiz-foranos, para a Anatel, todas as operadoras de telefonia móvel atendem aos limites mínimos de qualidade aceitos para realização de chamadas de voz na cidade. O mesmo, no entanto, não acontece com a transmissão de dados. Duas operadoras não atingem as metas previstas neste item. Embora a Anatel considere a taxa de, pelo menos, 98% como referência (total de conexões dividido pelo número de tentativas), a Claro e a OI apresentam índices de desconexão inferiores a este percentual: 96% e 92,55%, respectivamente. A dificuldade de acesso acontece principalmente na tecnologia 2G. Os dados referem-se ao Monitoramento de Redes do Serviço Móvel Pessoal realizado em agosto, o mais recente apurado pelo órgão regulador.

Empresas não especificam projetos locais

A Tribuna procurou as quatro empresas que prestam serviço na cidade, questionando se a operadora tem conhecimento da nova lei, se a norma atende às necessidades da empresa e se pretende fazer investimentos na cidade. Dentre elas, Claro, Oi e TIM se posicionaram. Também procurada, a Vivo não falou sobre o assunto.

A Claro informa que participou das discussões da nova lei de Juiz de Fora. “A companhia entende que essas medidas vêm num momento em que é crescente a demanda por serviços móveis, especialmente a banda larga no celular pelas redes de 3G e 4G.” O posicionamento é que empresa segue todas as normas vigentes para instalação da infraestrutura de telecomunicações e que está sempre à disposição para dialogar em busca da melhoria contínua da qualidade dos serviços. O município é considerado estratégico para a Claro. “Para atender a população local, a operadora conta com 37 antenas e oferece as tecnologias 3G e 4G.”

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A Oi, por meio de sua assessoria, ressalta que acompanhou o processo de elaboração da lei. A informação é que a operadora possui cerca de 150 sites de telefonia móvel 2G/3G no município. Os sites são os locais onde ficam as antenas que realizam a transmissão do sinal de telefone celular. O posicionamento é que a operadora investiu cerca de R$ 260 milhões no estado, no período de janeiro a setembro deste ano. “A operadora está priorizando investimentos em suas redes de telecomunicações, com foco no tripé – operações, engenharia e TI -, para melhoria da qualidade do serviço aos clientes em todas as regiões.”

A TIM informa que acompanhou toda a tramitação e sanção da nova lei e acredita que, com as novas regras, o processo de instalação das ERB’s em Juiz de Fora seja, de fato, mais ágil e menos burocrático. “Para a operadora, os termos da legislação anterior eram considerados entraves que dificultavam os investimentos em infraestrutura na cidade.” Por meio de nota, a TIM destacou que “trabalha continuamente para melhorar a qualidade de seus serviços de forma a atender o constante crescimento do tráfego de comunicação das redes de telefonia”. O investimento de R$ 14 bilhões, previsto para o triênio 2015-2017, diz a companhia, é destinado principalmente às redes 3G e 4G.

Economia com taxa de operação por estação de telecomunicação deve chegar a R$ 30 mil a cada quatro anos (Fernando Priamo/04-12-2015)

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