Embrapa lança estudo com tendências para agricultura nacional

Documento aponta principais transformações que devem ocorrer no setor nos próximos anos


Por Gracielle Nocelli

01/05/2018 às 07h00

 

Paulo do Carmo: a agricultura deixou de ser para amadores, e irá exigir, cada vez mais, profissionalismo (Foto: Olavo Prazeres)

Em comemoração aos 45 anos celebrados este ano, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou o documento “Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira”, um estudo sobre as principais transformações que devem ocorrer no setor nos próximos anos em termos científicos, tecnológicos, sociais, econômicos e ambientais. Também são apontados os impactos, os desafios e os possíveis caminhos diante destas mudanças. A proposta é que o trabalho possa nortear ações para o planejamento estratégico das organizações públicas e privadas de ciência, tecnologia e inovação. A pesquisa está disponível no site www.embrapa.br

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Em entrevista à radio CBN Juiz de Fora, o economista e chefe-geral da unidade da Embrapa na cidade, Paulo do Carmo Martins, destacou a importância do agricultura para a economia nacional. “Nós temos 85% da população morando nas cidades, o que significa que cada produtor rural seria responsável por alimentar ele mesmo e mais seis brasileiros. No entanto, a realidade mostra que a nossa produção chega a 1,1 bilhão de pessoas ao redor do mundo, ou seja, o produtor rural alimenta ele e outras 35 pessoas no planeta. Esta é a magnitude da nossa agricultura.” Em 2017, o setor gerou mais de R$ 80 bilhões de dólares para o país, entre importações e exportações.

Neste sentido, o especialista destaca a importância de se discutir os rumos do agronegócio. “A Embrapa é uma empresa de pesquisa estatal reconhecida mundialmente. O mérito brasileiro foi conseguir fazer um ambiente agrícola nos trópicos. Exportamos para 150 países, mas é muito importante estarmos atentos às transformações que podem chegar. O ano de 2030 é logo ali.” Ele alerta que algumas destas transformações já estão acontecendo. “Tivemos uma alteração espacial nos últimos anos. A região da Zona da Mata, por exemplo, no passado produzia arroz, leite e café. Agora vemos que a produção de leite está concentrada no Triângulo, e a de café no Sul. Isso ocorreu em outros estados também.”

Ele ressalta que o fenômeno de migração rural também deve trazer impactos econômicos para o setor. “Nos próximos anos, teremos cada vez menos pessoas no campo. Com isto, a tendência é que o valor da mão de obra encareça, pois as pessoas que irão atuar nesta área serão mais especializadas. A concentração dos elos que compõem a cadeia produtiva também devem aumentar os custos de produção.” Desta forma, ele diz que será ainda mais necessário reduzir perdas e desperdícios. Ao produtor caberá o papel de gestor. “A agricultura deixou de ser para amadores, e irá exigir, cada vez mais, profissionalismo.”

Lucro social
Também pelas comemorações dos 45 anos, a Embrapa divulgou o Balanço Social. O levantamento revelou lucro social de R$ 37,18 bilhões em 2017, gerado a partir da adoção de tecnologias pelo setor. De acordo com a assessoria da empresa, o número representa que a cada um real aplicado na estatal no ano passado, foram devolvidos R$ 11,06 para a sociedade.

 

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