Jimmy revela: ‘eu não participei da decisão do fim do Matanza’

Após 22 anos de banda, Jimmy London recebeu o comunicado que o Matanza acabaria. Passada a turnê de despedida, pretende ficar ainda mais dentro de estúdios produzindo outras bandas e tem um desejo enorme de se dedicar ao seu trabalho, ainda incipiente, como ator.


Por Carime Elmor

27/07/2018 às 13h12- Atualizada 27/07/2018 às 14h59

Vocalista do Matanza (ao centro) abre o jogo sobre o fim da banda. Grupo se apresenta no Cultural nesta sexta-feira (Foto: Divulgação)

Esta é uma conversa franca com Jimmy, ou Bruno Munk London. Como não há personagem, Jimmy só é no palco um Bruno mais exasperado. “Eu nunca falei nada em cima do palco que eu não falaria na vida normal.” E que me surpreendeu ao descobrir que o fim do Matanza não partiu dele. “Sendo muito sincero, eu não participei da decisão do fim do Matanza. Eu me surpreendi como todo mundo”. Se nos shows conhecemos seu “âmago”, como ele mesmo me disse, nessa conversa, com muita cordialidade, Jimmy não deixou nada no indizível. “Sendo totalmente sincero, eu tive momentos em que eu não gostei de levar em frente algumas músicas”, disse sobre algumas letras que o incomodam.

A coerência de sua fala sobre os caminhos da música, e o que te interessa artisticamente, só nos faz compreender o motivo pelo qual Matanza é uma das maiores bandas de hardcore e heavy metal do Brasil. Um projeto que começou em 1996 e lançou sete discos, além de singles, EPs e o especial ao vivo para a MTV. Viajando sem parar, sempre com casa lotada e um público extremamente diversificado. A ideia é fazer música que comunique, simplificando para atingir mais pessoas, sair do nicho e buscar a massa. Uma reflexão sobre o fim da banda é sobre como sustentar este lugar, pouco trilhado pelas bandas, de estar acima do underground, porém abaixo do mainstream.

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“A gente teve, provavelmente, que se esforçar muito mais para descobrir o caminho que a gente queria seguir, inventando ele.” E isso tem muita relação com a decisão do fim. “Talvez desse tempo de fazer outra coisa se a banda fosse um pouco menor. E nem dá para tirar férias, talvez desse, se a banda fosse um pouco maior.”

Jimmy London não vai descansar ou gravar um trampo solo. Essa entrevista, sob um ponto de vista, pode ser renomeada para: “A primeira entrevista de Jimmy London como ator”, que é algo que está te interessando muito no momento. A excitação do teatro é a de poder desencontrar dele mesmo, entrar em outro, em características que nada combinam com as suas. É nerd de equipamentos de estúdio, e se deixar vive dentro de um para sempre, já está produzindo uma banda carioca, que começa a gravar nos próximos meses, e quer sempre estar junto de outros projetos que receba o convite para produzir. Inclusive, foi quem produziu o EP “Trindade” (2006) do Martiataka, banda de fechamento do último Matanza Fest, turnê de despedida, que acontece nesta sexta-feira (27), no Cultural Bar, em Juiz de Fora.

 

Tribuna: Eu vi um texto sobre o fim da banda que dizia: “No underground do rock pesado no Brasil, Matanza era a banda mais bem-sucedida, e pelo jeito, a única”. Outros já consideram o Matanza uma banda pop, no sentido de estar mais próxima do mainstream. Mas o que a gente percebe é que o Matanza sempre esteve bem ao meio ‘entre’ uma banda underground e uma banda mainstream. Como é ter uma banda que ocupa este lugar? Hoje em dia ainda é sustentável uma banda que está no meio?

Jimmy: Você fez uma observação muito importante até para explicar tudo que está acontecendo desde à existência até o fim da banda. O Matanza foi nosso projeto, mas realmente a gente não tinha muita referência de como fazer as coisas. A gente teve, provavelmente, que se esforçar muito mais para descobrir o caminho que a gente queria seguir, inventando ele. A gente realmente não sabia de antemão o que fazer, nunca soube. E a gente nunca soube também o que iria acontecer depois de começar. Esse lugar de banda que não é nem grande nem pequena… é óbvio que é super legal, a gente fica muito amarradão, mas tem suas agruras como qualquer outra. Uma das coisas mais difíceis com certeza é o fato de que a grana fica sempre muito curta, sabe? A gente nunca tem uma grana, um trampo gigante para ficar: ‘Agora está tudo bem, podemos tirar férias de seis meses e esperar, passar o saco cheio um da cara do outro para ver se melhora’. Não dá. A verdade é que não dá, todo mundo precisa trabalhar. Ao mesmo tempo, como também é uma banda grande o suficiente para pagar nossas contas, o trampo nos exige um tanto que não tem como parar e fazer outra coisa. Talvez desse tempo de fazer outra coisa se a banda fosse um pouco menor. E nem dá para tirar férias, talvez desse, se a banda fosse um pouco maior. Além do mais, nos faltava um caminho mais claro. E é muito difícil, tá? É muito legal! É muito maneiro! É a coisa mais satisfatória, prazerosa. As pessoas falam: ‘Ah, mas deve ser estressante!’ Não tem estresse nenhum. Estresse é ser brasileiro, acordar 5 horas da manhã e pegar 3 horas de ônibus para chegar em um trabalho que você não gosta e ser maltratado, roubado. Seria um absurdo, o auge do mimado falar que é estresse. Não tem estresse, é do caralho. Mas é difícil, porque você tem que adivinhar um caminho enquanto você vai e você tem que se dedicar muito. Se dedicar muito talvez seja o grande pulo do gato na história.

O objetivo do Matanza sempre foi fazer canções de rock pesado que comuniquem? No sentido de criar um rock mais acessível, palatável, que pudesse atingir a massa?

É verdade. A gente nunca teve vontade de ser uma coisa hermética, uma coisa tipo: ‘vamos fazer uma música aqui que só nosso clubinho entenda, sabe?’. Mas também acho que cada banda é sua banda, cada pessoa é uma pessoa, quer fazer? Ótimo. Show de bola. Nossa ideia sempre foi fazer um show, saca? Algo que vem junto ao adjetivo ‘show’ é uma coisa que mostra e diz para as pessoas. A gente sempre teve essa vontade de mostrar às pessoas o que a gente estava querendo, onde a gente estava querendo chegar. E para isso, obviamente, você tem que ser acessível. É muito doido, porque ao mesmo tempo, a gente fala umas coisas muito malucas, muito não convencionais e não-comerciais. Se for olhar direitinho, o que a gente fala é um monte de bobagem, mas é uma maneira de falar que de repente as pessoas acham ok, acham que conversa. No final das contas, talvez nem todo mundo seja assim tão normalzinho, muito pelo ao contrário, e por isso falar coisas estranhas faça tanto sentido para muita gente. Verdade seja dita: é muito legal fazer música, mas é muito mais legal quando você consegue fazer música e ter um retorno disso, a maior galera gostar, poder fazer show para muita gente e isso ser maneiro, claro que é. Não dá para fingir que não é. Não é a mesma coisa. É muito mais legal quando a maior galera gosta, quando o show é grande e aquilo emociona as pessoas. Óbvio.

“A gente vive há algum tempo um lance muito doido, que para mim foi um gigantesco impacto, que foi a revolução tecnológica da gravação. Quando eu comecei a ter banda para os idos de 1990 e poucos, fazer um disco era uma coisa cara e difícil mesmo”. (Jimmy London, sobre o que mudou em duas décadas na música)

E na música, mais do que nunca, na era de streaming, as bandas com excelentes shows são as que se destacam. Você concorda? É o ao vivo que conta, não somente os discos.

Uma coisa que me impressiona pra caralho e eu fico chocado. Você tem amigos que segue no Instagram, estão no mercado, mas trabalham com bandas que você não acompanha, nunca ouviu falar. Aí quando eu olho, tipo o show do Baiana System com 20 mil pessoas batendo cabeça de uma maneira que eu nunca vi igual. Depois da Anavitória lotando cinco noites do Circo Voador, Francisco El Hombre em destaque. Às vezes são bandas que ou eu nunca ouvi falar ou ouvi falar muito pouco, e você olha e os malucos tem uma carreira fenomenal, estabelecida para caralho, o show das pessoas é um absurdo, 40 mil pessoas. Você olha e se pergunta: ‘Porque você nunca ouviu falar?’ Porque o show tem a maior galera, mas realmente não participam, aliás estas que citei estão até nas mídias. Mas tem um cara que eu não lembro o nome, que toca algumas músicas sozinhas em violão, a parada é enorme, eu nunca tinha ouvido falar, eu fico chocado. Isso tem relação com o que você estava falando, que hoje em dias as coisas são muito baseadas no show porque a grande informação é muito pulverizada. Ninguém consegue acompanhar.

Vocês escreveram no recado de despedida que estão entusiasmados com o que está por vir. Depois de 22 anos de sua vida dedicados ao Matanza como enxerga que será o futuro? Um lugar para descansar? Ou acompanhando a letra de Tempo Ruim não sabe o que espera, mas pouco importa o que venha a ser?

– Sendo muito sincero, eu não participei da decisão do fim do Matanza. Eu me surpreendi como todo mundo. Recebi um comunicado do fim do Matanza. Eu não estou terminando a banda para fazer uma carreira solo, nem nada parecido. Muito pelo ao contrário. Nunca foi do meu interesse que o Matanza terminasse. Eu estou me preparando aí para continuar a minha vida, fazendo as várias coisas que eu gosto de fazer. Eu acho só que o que eu pretendo fazer no meu futuro é plural. Eu quero fazer várias coisas diferentes. Quero muito fazer música, mas quero muito escrever, quero muito atuar, mas quero muito fazer televisão. Quero muito fazer uma porrada de coisa porque eu realmente gosto de todas estas coisas. Às vezes eu acho inclusive que eu me dediquei muito ao Matanza e está bom já. Esse filho já teve toda atenção que podia ter tido desse pai, sabe? Eu quero ter uma ninhada completa, para isso, o objetivo agora é fazer várias coisas diferentes e me dedicar bastante à elas. Descansar? Eu acho que eu não sei descansar, acho que eu perdi esse dia de aula. Só vou saber descansar no dia que eu for morar no Alasca, aí eu vou ficar lá cortando lenha e conversando com meus amigos ursos, aí eu vou poder descansar.

 Você diz se dedicar como ator de cinema, teatro ou fala em relação a ser apresentador de TV? Como você já fez na MTV e agora no Multishow?

– Eu gosto de ser apresentador, me divirto fazendo isso no Multishow atualmente, mas eu também gosto de atuar mesmo, ser ator. Eu andei fazendo umas coisinhas muito pequenas de ator, mas eu acho do caralho e tenho muito interesse. Tenho estudado mais nesse sentido, tenho tentado me preparar um pouco mais para isso, e espero que role. Todas as artes são semelhantes se a gente pensar bem, e essa é uma arte que eu acho do caralho de verdade. O que eu acho foda quando você vira ator é que você tem que começar a inventar coisas que não te pertencem. No Matanza eu estava exagerando, mas botando para fora coisas que eram minhas. Eu nunca falei nada em cima do palco que eu não falaria na vida normal, eu só não falaria berrando ou mostrando a língua porque são coisas que todo mundo só faz quando está em um show. Mas quando você é ator você tem que fazer isso com coisas que não são suas. E esse pulo do gato da atuação é foda para caralho, é uma das coisas mais tesão que eu já fiz na vida. Eu estou muito amarradão de fazer e muita vontade de fazer cada vez mais. Então aceito convites, coloca aí, o nome da matéria é: aceito convites! Tem gente que fala manda nudes né, para mim não, mande papéis porque eu quero ser ator também. Eu gosto de fazer uma porrada de coisa, eu fico feliz fazendo muita coisa, e quero continuar assim.

“Não fui eu, foram os outros caras da banda que decidiram que não queriam mais manter as coisas do jeito que estavam e queriam fazer diferente. Eu seguiria, com certeza, eu adoro o que eu passei fazendo nestes últimos 22 anos” (Jimmy London, sobre o fim do Matanza)

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Sempre encarei o Jimmy como um personagem. Mas parece que os fãs da banda realmente conheceram quem você, Bruno Munk London, é? Certo?

Nunca inventei nada, a gente só exagera e não é de propósito. A gente exagera porque ninguém na vida normal anda fazendo heavy metal com dedinho e berrando. Óbvio que eu também não ando. Mas naquela hora ali é uma coisa que ninguém segura, é normal. É tudo exasperado sim, porque a exasperação faz parte do universo de um show. Que bom que é, porque é exatamente para isso que a gente gosta daquilo’. Na verdade eles conheceram muito mais, conheceram o âmago, conheceram o Bruno literalmente vomitado ali, conheceram intimamente. As piores facetas inclusive, uma das mais fedidas eles conheceram, com certeza. O que sai ali na hora do show é a verdade.

Como foi encarar as próprias músicas de uns anos para cá? Certamente receberam muitas críticas por ter conteúdo que reafirme um típico macho heterossexual que já foi desconstruído? As letras falam muito sobre bebida, mulheres e violência.

Sendo totalmente sincero, eu tive. Eu tive momentos em que eu não gostei de levar em frente algumas músicas, fiz questão de não levar em frente algumas músicas, que o resto da banda resolveu fazer, então eu falei: ‘Ah, beleza, a gente faz aí’. Mas não me sinto à vontade para cantar no show, por exemplo. Umas últimas músicas que a gente andou fazendo passava um pouco por aí. Há certeza, há racionalização para qualquer coisa. Na verdade se você quiser racionalizar, explicar uma letra e falar ‘ah, olha só isso aqui, eu não estou sendo babaca não, você pode fazer isso com qualquer coisa. Mas eu parto do princípio que, porra cara, se você está tendo que explicar, você tem que dar uma pensada antes de falar, né? Se você está tendo que explicar alguma coisa aí, então provavelmente isso pode ter saído meio esquisito. Não há fato, nada dentro da história do Matanza que tenha tentado dizer qualquer coisa ofensiva, não poderia haver, inclusive, até pelas minhas raízes. Sou judeu e passei por uma porrada de coisa, de tia avó tinha tatuagem de campo de concentração no braço almoçando com a gente no domingo, coisas ainda mais sinistras na minha família por causa de preconceito e coisas horrorosas, eu nunca me permitiria participar de qualquer coisa que tivesse qualquer nível de falta de respeito ao ser humano. Nunca. Porém, tem coisas que uma pessoa fala e um cara vai lá e fala: ‘Ah, mas eu acho que não’, mas porra bicho, mas eu acho que sim. E isso é muito complicado. Definitivamente não vejo o Matanza, especialmente em suas letras mais conhecidas, tipo Caminhão, ‘Quanto mais feio’, eu acho sempre uma mulher muito forte, sacana, sempre vejo a letra do Matanza desenhando uma mulher muito forte e um cara bebum, meio bobão, sendo levado pela mulher e pelas coisas da vida, enquanto a mulher é muito forte, faz o que quiser, que levou a vida em frente. Isso é o que eu enxergo. Mas essa questão de enxergar é extremamente sensível. As coisas mudaram muito ultimamente e que bom que mudaram, hoje em dia as coisas estão melhores, as pessoas prestam mais atenção no que falam, que do caralho. Esse tipo de discussão sobre quando cada um começa a prestar atenção no que fala é uma coisa muito pessoal, quando houve alguma coisa dentro do Matanza que eu achei esquisito, eu preferi não tocar no show, por exemplo.

Pretende continuar trabalhando como produtor musical de novas bandas?

Mude a manchete aí e coloque: mande produções. Também adoro fazer isso, quero fazer para caralho e estou até fazendo com duas bandas aqui do Rio, uns projetos menores, uns EPs, eu adoro. Uma eu já estou fazendo a produção e chama Unnature. Uma banda que canta em inglês, de um vocal bem novo, a gente vai fazer algumas músicas, deve começar agora em setembro. A vocalista é uma mulher que canta muito, foda, é tudo diferente, um heavy metal trabalhado, cheio de sacanagem, mas o meu objetivo é até trabalhar com eles para que esse lance cheio de sacanagem seja ao mesmo tempo simples, conversável, para que as pessoas consigam conversar com esse som. Adoro produzir, adoro ficar em estúdio. Sou o maior CDF do mundo de equipamento. Se me deixar brincando com o microfone e as coisinhas eu nunca mais saio, se me deixar, eu moro no estúdio. Mais uma coisa que eu adoro! Que bom, porque aí eu vou começando a desenvolver um monte de coisas.

 E nestas duas décadas de banda, qual sua percepção atual sobre a música, principalmente no Brasil?

A gente vive há algum tempo um lance muito doido, que para mim foi um gigantesco impacto, que foi a revolução tecnológica da gravação. Quando eu comecei a ter banda para os idos de 1990 e poucos, fazer um disco era uma coisa cara e difícil mesmo. Tinha que ser em um estúdio grande e tal, hoje em dia é ao contrário, as pessoas gravam em casa com facilidade e bastante qualidade, isso faz com que as coisas sejam muito mais fugazes. O que acontece, é que essa revolução está criando um círculo, uma maneira de girar super rápida. A música tem girado muito mais rápido do que eu estou acostumado. O tempo em que uma coisa fica sendo mais ouvida que as outras é muito mais curto do que antigamente. Você tem os prós e os contras. É muito mais fácil você entrar nesse círculo, já que ele gira mais rápido, ele cria muito mais espaço, mas é muito menos facilitador para sua vida entrar nesse círculo, porque você normalmente dá duas ou três giradas e já é cuspido de novo. Existe uma porrada de banda, que a gente nunca ouviu falar, estabelecida, porque os nichos são muito fortes, você consegue se encaixar neles sem necessariamente ter que passar por aquele processo gigante de antigamente, sabe? De gravadora, criar público, fazer um trampo giga. Às vezes não precisa mais, com rapidez você consegue alcançar algo e ficar estabelecido no mercado. Esse momento da música, por conta disso, é muito importante? É. As portas estão muito abertas e os ouvidos estão muito disponíveis, mas estão disponíveis porque é que nem quando você vai em restaurante japonês e come muito wasabi. Wasabi na verdade é um veneno e ele dá uma inflamada em suas papilas gustativas e faz com que elas sintam mais. Mas é um veneno. Os ouvidos estão inflamados, estão ouvindo coisa para caramba, a quantidade de música que somos submetidos hoje em dia, a quantidade de coisa que a gente lê, ouve, assiste, é muito grande. Os ouvidos ficam muito sensíveis, especialmente quando algo é muito doce, aí cai muito bem. Até mesmo a respeito da quantidade de shows, nos anos 1990, as pessoas ficavam conversando entre si três, quatro meses, falando ‘você vai no show que vai rolar de alguma banda gringa meio grande?’ E hoje são 5, 6, 7 show de bandas gringas grandes e 20, 30 de bandas nacionais. Que bom, que foda, irado. Mas as pessoas lidam diferente com essa rotação. O show, por exemplo, tem que ser bom o tempo todo, se cair dois, três minutos, cara, já perdeu. Já perdeu sua atenção. Do caralho o momento da música e os caminhos que as bandas tem para alcançar as pessoas, com Deezer, Spotify, que eu acho que são as coisas mais legais dos últimos 20 anos. Mas puta merda, olha que roubada para o artista, olha o nível de excelência que esse cara tem que ter para continuar bem.

O que mais me impressionou foi saber que não foi você quem pôs um ponto final na banda. Eu achava que você seria a única pessoa que poderia acabar com o Matanza

– Não fui eu não, foram os outros caras da banda que decidiram que não queriam mais manter as coisas do jeito que estavam e queriam fazer diferente. Eu seguiria, com certeza, eu adoro o que eu passei fazendo nestes últimos 22 anos, tem que ser muito doido para ter trabalhado o que eu trabalhei para chegar em um momento e falar ‘ah não quero mais’. Eu só acho importante falar isso, porque as vezes as pessoas ficam me olhando com aquela carinha: ‘Ah, está saindo para fazer seu disco solo, né?’. Tipo, eu adoro fazer o Matanza, adoro as músicas do Matanza, e eu posso falar isso, até porque a maioria são do Donida, e ele é um cara que é um excelente compositor. Eu tenho liberdade para falar que eu gosto muito das músicas porque é verdade, adoro. O fim não foi uma coisa que tenha partido de mim. Espero que tudo que eu faça daqui para frente seja completo, bem feito, divertido, como eu tenho dito por aí, até a última gota. Só gosto de fazer as coisas que vão até a última gota, detesto meio trabalho, eu gosto de muito trabalho.

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