‘Nada melhor do que ver uma criança sorrindo’


Por Guilherme Arêas

21/01/2015 às 19h05- Atualizada 21/01/2015 às 19h55

Estudante de Sistemas de Informação está por trás do personagem que tem andado pelas ruas de Juiz de Fora
Estudante de Sistemas de Informação está por trás do personagem que tem andado pelas ruas de Juiz de Fora

Entrevistar um Power Ranger não é tarefa fácil. Ao chegar ao local marcado para a entrevista, em um café no Centro, ele se desculpa pela demora: “Atrasei porque muita gente me parava para tirar fotos no caminho”. No período de quase duas horas em que a Tribuna acompanhou o Ranger Verde pelas ruas de Juiz de Fora, foram dezenas de pedidos de fotos com o personagem que fez sucesso na TV nos anos 1990. Alguém que cobre o corpo com uma fantasia do Power Ranger e sai por aí, pela rua, interagindo com as pessoas, sem dúvidas chama a atenção.

O estudante juiz-forano que vem fazendo sucesso nas redes sociais é, de fato, uma daquelas “figuraças”. Mas por trás da máscara verde existe alguém que, como seu personagem, só quer fazer o bem. Pelo menos é o que garante o responsável por isso tudo, um jovem de 20 anos, que divide a casa com os pais e uma irmã na Zona Norte de Juiz de Fora e estuda sistemas de informação no IFSudeste. Como todo bom super-herói, ele não revela totalmente sua identidade, mas decidiu mostrar um pouco seu lado humano: “Às vezes acham que eu sou doido, maluco, que quero fazer farra e bagunça. Mas sou sério, faço faculdade e alguns trabalhos”.

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O que começou como brincadeira, hoje já virou negócio. Em pouco menos de dois meses, o Ranger Verde já é requisitado para divulgação de lojas, aparições em festas de aniversário de crianças e adultos e até casamento, em que cobra R$ 200 por uma hora de presença VIP . Para o carnaval, organiza seu próprio bloco de rua, com direito a carro de som e abadá, em Bom Jardim de Minas, sua cidade natal. Sobre o futuro? “Ainda não está planejado. Espero que o Ranger Verde se torne algo maior do que é hoje.”

O “algo maior” inclui projetos sociais, como visita a hospitais e a crianças que não têm a chance de vê-lo pelas ruas ou nas festas. “Ainda não apareceu essa oportunidade”, diz. “Nada melhor do que ver uma criança sorrindo. Quando eu era criança, sempre quis ver um Power Ranger.”

Ranger Verde ajuda pedestres durante a travessia na Rua Santo Antônio.
Ranger Verde ajuda pedestres durante a travessia na Rua Santo Antônio.

Se o futuro ainda está incerto, o passado recente que levou o Ranger Verde ao estrelato local está bem fresco na memória do jovem. A primeira vez que vestiu a armadura em público foi em setembro último, durante a Circus, festa a fantasia tradicional na cidade. “A intenção inicial era deixar guardada para coleção. Mas, na semana seguinte à festa, meus amigos me incentivaram a sair na rua e até ir para a faculdade.” Já nas primeiras aparições, ainda de forma despretensiosa, foi abordado por pessoas interessadas em contratá-lo para eventos. E foi aí que ele percebeu que a fantasia verde e uma performance engraçada poderiam render dinheiro.

Nas ruas, personagem é abordado por crianças e adultos
Nas ruas, personagem é abordado por crianças e adultos

Fama na rede

As redes sociais ajudaram a popularizar sua ousada missão de “defender Juiz de Fora”. Após sua foto fazendo compras de Natal ser compartilhada na página do “Juiz de Fora da Depressão” no Facebook, o Ranger Verde se tornou mais conhecido entre os internautas. A fama aumentou depois que o jovem sofreu um acidente de carro enquanto voltava de outra festa a fantasia, na cidade de Astolfo Dutra. Vestido de Power Ranger, ele saiu do carro batido, sem ferimentos. A cena inusitada chamou a atenção de uma testemunha, que fotografou o momento e logo compartilhou a imagem nas rede sociais com a legenda: “Power Ranger acabou de bater seu Megazord”.

Hoje sua página no Facebook tem quase quatro mil curtidas. No Instagram (@rangerverdejf), em pouco mais de uma semana, acumula duas centenas de seguidores. Para o Ranger Verde, os principais vilões de Juiz de Fora são os bandidos e as pessoas que depredam o patrimônio público. “Minha missão é, inicialmente, salvar Juiz de Fora, livrá-la do crime e dos monstros que a atacam.”

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