Casa do Artesanato pretende fortalecer cadeia produtiva do setor em MG

Artesãos de todo o estado poderão participar, em BH, de cursos e oficinas para aprimorar seus trabalhos


Por Léo Rodrigues, repórter da Agência Brasil

18/12/2017 às 08h12

O governo de Minas Gerais vai implantar em Belo Horizonte a Casa do Artesanato Mineiro, um espaço público destino à capacitação e ao fortalecimento da cadeira produtiva do setor. No local, artesãos de todo o estado poderão participar de cursos e oficinas para aprimorar seus trabalhos. A novidade foi apresentada durante a Feira Nacional do Artesanato, que ocorreu na semana passada.

Com inauguração prevista para março, a Casa do Artesanato Mineiro vai funcionar no bairro Pompeia, em edifício onde antes funcionava o Centro de Referências dos Resíduos Sólidos. A nova estrutura será administrada pela Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais de Minas Gerais (Seedif). “A mais importante agenda neste tempo de crise deve ser o fortalecimento das pessoas que produzem. Um segmento que tem mais de 300 mil trabalhadores até hoje não tinha uma só política pública. Estamos reparando este equívoco”, disse o secretário da pasta Wadson Ribeiro.

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A Casa do Artesanato Mineiro está prevista em decreto assinado pelo governador Fernando Pimentel no dia 5 de dezembro. Ela é parte do Projeto Mais Artesanato, que visa fomentar e valorizar o trabalho artesanal como estratégico para o desenvolvimento econômico e sustentável do estado. Entre as diretrizes do projeto, estão a preservação da tradição artesanal, valorização dos territórios e o estímulo ao cooperativismo e o associativismo.

Além da construção da Casa do Artesanato Mineiro, o Projeto Mais Artesanato prevê a elaboração do Plano Quadrienal de Desenvolvimento do Artesanato de Minas Gerais, que deverá versar sobre cinco tópicos: legislação e políticas públicas, comercialização, desenvolvimento regional, inclusão e desenvolvimento social, e salvaguarda dos mestres artesãos. “Queremos retirar o artesanato mineiro da lateralidade e lembrar que o artesão faz parte do PIB do estado”, disse Pedro Leão, subsecretário de desenvolvimento integrado da Seedif e membro da coordenação do projeto.

 

Prêmio

O artesanato mineiro dominou, no ano passado, o 4º Prêmio Sebrae Top 100, um dos mais cobiçados do setor. Foram 13 premiados, superando Pernambuco, com dez agraciados, e Pará e Santa Catarina, com sete cada um. A produção é diversificada e se observa vocações específicas em diversos municípios do estado: trabalhos com madeira, argila, bordado, fibras naturais e sucata atraem olhares do mercado nacional e internacional. Segundo estimativas da Seedif, Minas Gerais reúne ao todo 300 mil artesões e fomenta uma cadeia produtiva responsável por movimentar cerca de R$ 2,2 bilhões por ano.

A artesã Cecília Miranda, de Cipotânea (MG), espera que o Projeto Mais Artesanato aumente a procura pelo trabalho do artesão, melhorando assim a renda do artesão. Segundo ela, um dos maiores desafios atuais é promover o contato direto entre produtor e comprador, o que pode ocorrer com mais visibilidade. “Fazemos um trabalho muito bonito. O artesanato é o Brasil feito a mão. Hoje temos um ambiente favorável para a comercialização. Mas ainda há uma dependência grande dos intermediários. E não podemos descartá-los porque eles ajudam a escoar a mercadoria. Só que eles compram para revender, ganham sobre lote, e os artesãos que não são associados recebem muito pouco. Muitas vezes o trabalho não é valorizado. Daí a importância da associação, que fortalece o trabalhador e permite que ele receba à vista”.

Hoje aos 58 anos, Cecília é uma das lideranças da Associação dos Artesãos e Agricultores Familiares de Cipotânea e, assim como diversas pessoas no município, trabalha com a produção a partir da palha de milho. “É o capital de giro da cidade, uma parte importante da economia. E usamos um produto biodegradável que não agride o ambiente, além de ser um reaproveitamento de resíduos da produção agrícola”, diz. Atuando no artesanato há mais de 30 anos, ela vê novas políticas públicas como mais um passo da evolução da profissão. “Quando tinha 20 e poucos anos, não tinha ideia do valor do artesanato. Hoje nós vemos o valor que ele tem”, acrescenta.

O plano quadrienal deverá ser apresentado em 90 dias. Sua elaboração envolverá grupos de trabalho compostos por membros de órgãos públicos estaduais, secretarias do governo mineiro, universidades públicas, empresas estatais e entidades representativas dos artesãos.

O Projeto Mais Artesanato prevê ainda o mapeamento da atividade artesanal no estado. Para tanto, um instrumento é a Carteira Nacional do Artesão, criada em 2012 como desdobramento do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB). Ela é fornecida gratuitamente e funciona como uma identificação nacional do trabalhador. Entre os benefícios de possuí-la estão facilidades para participar em feiras de artesanato no país e no exterior e para realizar oficinas e cursos na área.

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Feira

A Feira Nacional do Artesanato de Minas Gerais chegou à sua 28ª edição. Organizada pela primeira vez em 1989, ela é considerada hoje a maior da América Latina. Neste ano, entre os dias 5 e 10 de dezembro, o evento contou com 1,2 mil estandes e 7 mil artesãos de todo o país.

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