Interino diz que saída foi motivada após Cultura entrar na ‘roda de disputa’


Por Guilherme Arêas

16/06/2017 às 17h17

O ministro interino da Cultura, João Batista de Andrade, disse nesta sexta-feira (16), ao jornal O Estado de S. Paulo que decidiu deixar o cargo após perceber que o posto estava sendo negociado pelo governo com outros partidos da base. O titular anterior, Roberto Freire (PPS), pediu demissão do cargo, em maio, após a crise gerada pela delação do empresário Joesley Batista, da JBS.

Como mostrou a Coluna do Estadão, o Palácio do Planalto decidiu tirar a vaga do PPS em retaliação ao fato de Freire ter deixado o cargo e cobrado a renúncia do presidente Michel Temer. Andrade justificou o pedido para sair do comando da pasta afirmando que há uma “deterioração” do ambiente político e que ele não queria ficar no meio “dessa roda de disputa”. “Eu não vim aqui atrás de cargo, vim fazer política cultural”, disse.

PUBLICIDADE

O ministro interino afirmou também que o corte de mais de 40% do orçamento da pasta tornou o funcionamento do ministério “inviável”. “A verdade é que os governantes não ligam muito para o Ministério da Cultura”, disse.

Ele também comentou que a sua indicação para ocupar o cargo de presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine) foi ignorada e que Temer preferiu colocar outra pessoa no lugar. “Se eu como ministro não posso indicar os nomes das agências que estão ligadas à pasta, o que eu estou fazendo aqui? É um grau de desprestígio muito grande. Isso vai desgastando”, apontou.

Filiado ao PPS, Andrade é escritor, roteirista e cineasta. Antes do ministério, foi nomeado secretário de Cultura do Estado de São Paulo em 2005 e, entre 2012 e 2016, exerceu a função de presidente da Fundação Memorial da América Latina (SP).

O governo deve efetivar a troca na Cultura quando o presidente Michel Temer retornar da viagem para Rússia e Noruega na sexta-feira, 23. O nome mais cotado é o deputado André Amaral (PMDB-PB).

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.