Três peças de JF no Festival de Teatro de Curitiba

Rafael Coutinho, Zezinho Mancini e Adryana Ryal são três dos artistas juiz-foranos que irão participar do festival


Por Júlio Black

16/03/2018 às 19h41

Rafael Coutinho, Zezinho Mancini e Adryana Ryal são três dos artistas juiz-foranos que irão participar do festival (Foto: Leonardo Costa)

Três grupos teatrais de Juiz de Fora vão participar da 27ª edição do Festival de Teatro de Curitiba, considerado o maior evento do país, entre os dias 27 de março e 8 de abril em diversos pontos da capital paranaense. Os espetáculos integram a Mostra Fringe, que faz parte da programação do evento e reúne artistas interessados em dar visibilidade a seus trabalhos, sem curadoria. No total, mais de 300 atrações são aguardadas no festival, que além de teatro terá dança, gastronomia, música, circo, entre outras.

A Cia. Teatrando, com “Sementes de aço”, se apresenta nos dias 7 (20h) e 8 de abril (11h), no Teatro Universitário de Curitiba; a Cia. do Agora (nome criado para o festival), com “Essa estranha sensação de família”, nos dias 30 (21h) e 31 de março (meio-dia) na Casa Hoffman; e a Cia. Pteridophyta (nome também criado para o evento), com “Cinco ou seis graus”, dia 28 (20h30) e 29 de março (11h), no Teatro Universitário de Curitiba.

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Criatividade para participar

A participação no festival demanda o desejo de apresentar sua arte para um novo público e – quem sabe – ser notado por críticos e produtores. A organização do Festival de Teatro de Curitiba é responsável por disponibilizar os espaços, alimentação e estrutura mínima de som e luz, além de 70% da bilheteria de cada espetáculo apresentado para os artistas. Transporte e estadia são responsabilidade dos participantes.

No caso da Cia. do Agora, eles guardaram o arrecadado com as bilheterias das duas primeiras temporadas de “Essa estranha sensação de família”, encenadas no Museu Ferroviário, e vão acrescentar com o que render as apresentações que acontecem neste fim de semana (sábado a domingo), às 20h30, no Espaço OAndarDeBaixo. A mesma estratégia foi utilizada pela Cia. Pteridophyta, que fez curta temporada de “Cinco ou seis graus” no último fim de semana no mesmo local, que acabou rendendo um incentivo inesperado e mais que bem-vindo. “Nós recebemos uma contribuição voluntária de um dos espectadores, o Sr. Lincoln, que sempre assiste aos eventos no espaço”, conta o diretor da peça, Rafael Coutinho.

Quem também apelou para a criatividade foi a diretora de “Sementes de aço”, Adryana Ryal. “Buscamos vários tipos de recurso e formas de baratear os custos. Os meninos (Pablo Abritta, Jô Brandão e Gabi Guarabyra) estão vendendo doces, bombons, chocolates, sanduíches; fizemos uma vaquinha virtual; pegamos dez exemplares, cada um, de um livro que lançamos no ano passado (‘Cia. Teatrando – Tecendo história no teatro – 3x drama’) para vendê-los e pegar o valor das passagens. E também fizemos apresentações de cenas curtas no Instituto Cultural Tenetehara, no Bairro São Pedro, que não cobrou pelo uso do local”, conta. “Temos falado que é preciso investir no teatro com o teatro para não ter que tirar do próprio bolso.”

Vitrine que vale o esforço

O motivo de tanto esforço é que o Festival de Teatro de Curitiba pode ser a oportunidade para artistas de todo o Brasil mostrarem seu trabalho e, assim, poderem viajar com seus espetáculo por outras cidades caso se destaquem. Estes foram os casos de duas peças apresentadas por Rafael e Adryana, respectivamente “Estação dos passageiros invisíveis” – que deve ganhar remontagem com artistas paranaenses – e “Casulo”. “Fomos tão recebidos na ocasião, em 2015, que recebemos convite para apresentarmos ‘Sementes de aço’ este ano”, comemora Adryana Ryal, que fará sua terceira participação no evento.

“Nossa peça ganhou uma sobrevida graças aos elogios que recebemos, a levamos para outras cidades, e fomos procurados por um artista local interessado em fazer uma remontagem”, diz Rafael Coutinho. “É interessante ver como uma peça sobre uma história ocorrida em Juiz de Fora, que não sabíamos se iria interessar a outros, acabou por reafirmar nossa linguagem e nosso trabalho.”

Exceção feita ao diretor da peça, Diego Liberano, será a primeira vez de todo o elenco de “Essa estranha sensação de família” no Festival de Curitiba. De acordo com o ator Zezinho Mancini, será um grande desafio, mas respaldado pelas experiências compartilhadas pelos colegas. “É um investimento grande, afinal você vai sem saber que público encontrar, apenas com a certeza de que não será um público que viria até Juiz de Fora para te assistir. Mas trata-se do maior festival de teatro da América Latina, com muitos diretores, produtores e críticos acompanhando. Há um potencial grande de ser visto”, argumenta.

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Além da possibilidade de divulgação, Adryana Ryal lembra a importância do “olhar do outro” em relação a seu trabalho. “Você é munido pelo medo, a experiência e a ansiedade, mas principalmente a troca. O ‘Casulo’ me fez ver que meu trabalho funciona, que toca as pessoas, uma resposta que não sei se existe no meu ambiente. É algo que se consegue ver ‘fora’ e que dá um ‘ar’ para quando voltar. Quero ouvir todas as críticas, sejam sérias ou bobagens, o importante é a experiência de ouvir quem não te conhece. Às vezes, o retorno que você tem em um evento do tipo abre muitas portas para seu trabalho, o que é indispensável.”

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