Pedrada sonora


Por JÚLIO BLACK

08/09/2015 às 07h00

Banda promove um cruzamento sonoro e viajante com vários subgêneros do rock em 'Elixir' (no detalhe) (Divulgação)

Banda promove um cruzamento sonoro e viajante com vários subgêneros do rock em ‘Elixir’ (no detalhe) (Divulgação)

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O rock pode não ser o ritmo da moda, mas também sabe rolar as pedras para não criar limo e encontrar alguém que saiba manter viva a chama surgida há seis décadas. Promovendo uma equação sonora em que entram múltiplas influências (King Crimson, Muddy Waters, Pink Floyd, Miles Davis, Slayer, Jaco Pastorius), o quarteto juiz-forano Pathos lança seu CD de estreia, “Elixir”, com sete canções que, nas primeiras audições, fazem o ouvinte imaginar um encontro viajante do stoner rock de bandas como Kyuss e Queens of The Stone Age com o Black Sabbath e algum medalhão do rock progressivo da década de 1970 – com um pouco de jazz para deixar a mistura ainda mais interessante.

Progressão natural do Patos do Espaço, banda que se dedicava a recriações livres de clássicos do rock, o quarteto é formado por João Pedro Vieira (vocais), Ricardo Maliere (guitarra), Hugo Moutinho (bateria) e Lucas Guida (contrabaixo), e começou a semear o terreno que rendeu elixir ainda quando utilizavam a antiga alcunha. Das jam sessions em que esticavam além do limite os clássicos alheios, surgiu “A haunted vision” (ainda na época do Patos do Espaço), que volta a aparecer em “Elixir” – considerado pelos seus integrantes como um álbum conceitual.

“‘Elixir’ é mais uma história que gira em torno da jornada do herói, como define Joseph Campbell”, explica Ricardo Maliere. “Temos um personagem que é confrontado por um desafio que deve ser conquistado ao longo das músicas, funcionando como uma espécie de transmutação do seu Ser. É retratado seu nascimento, sua morte e seu renascimento. Por isso, é intrínseco no disco o conceito de Iniciação, mas, no geral, seguimos a ideia dos cinco elementos ao compor as faixas.”

O quarteto decidiu gravar o álbum – totalmente independente – no Estúdio Verde, em Belo Horizonte, dividindo a produção com Arthur Damásio. Como os compromissos do cotidiano impediam viagens constantes à capital mineira, o Pathos encarou os quase 300km apenas uma vez e gravou todo o material em um final de semana de fevereiro. Foi chegar no estúdio sexta-feira à noite e montar tudo para a gravação no sábado e domingo. “Não tínhamos tempo para gravar separadamente, o que nos obrigou a fazer ao vivo, como os antigos. Então, (era) bateria numa sala, voz na outra, amplificador de guitarra em outra e baixo em linha, tudo unido na massa sonora que saía através dos nossos fones de ouvido e dos monitores do nosso produtor. Em média, foram necessários três takes para cada música. Na segunda-feira de manhã, prontos para voltar para casa, estávamos exaustos e completamente realizados”, conta o guitarrista.

A necessidade de resolver tanto em tão pouco tempo resultou em um som coeso, urgente e poderoso, com a intensidade que pode ser conferida em álbuns da época em que tudo precisava ser feito “ao vivo”. As únicas gravações feitas após essa tour de force foram as dos músicos convidados (Gustavo Campos, percussão; Wagner Souza, trompete; Gabriel Vaz Duque, flauta; e o próprio Arthur Damásio, nos teclados). O trabalho pode ser conferido e adquirido no formato digital por meio da página do grupo no Bandcamp (https://pathos-sound.bandcamp.com/), e também há a possibilidade de audição pelo YouTube e SoundCloud. Quem quiser adquirir o CD pode entrar em contato pelo e-mail pathos.sound@gmail.com.

Pensamento no futuro

Atualmente, o Pathos se concentra apenas na divulgação do álbum de estreia, que recebeu resenhas positivas de sites como o americano Doomed & Stoned e o inglês Desert Psychlist. Os ensaios e shows ficam para 2016, porque o quarteto está espalhado por três continentes: enquanto Hugo mantém a atividade musical com o projeto 8bits, João Pedro cursa engenharia elétrica na UFJF com Lucas Guida, que no momento faz intercâmbio na Alemanha. Ricardo, estudante de sistemas de informação pela mesma instituição, participa também de intercâmbio, mas na cidade americana de New Orleans. “Como eu e o Guida estamos fora do país, evidentemente não ensaiaremos e nem nos apresentaremos por algum tempo, pelo menos até ano que vem. Mas esta sempre foi a parte mais difícil para nós, por termos rotinas tão diversas. No geral a gente sempre conseguiu conciliar as datas de apresentações”, diz Ricardo.

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“Já estamos pensando e preparando o show da volta”, emenda João Pedro, seguido por mais uma intervenção do guitarrista. “E vamos continuar a divulgação do nosso trabalho. E que venha o próximo disco! Apesar de não termos nada definido, ele virá mais cedo ou mais tarde.” Lucas Guida também mostra animação com o futuro. “Ideias para o segundo disco estão surgindo; nada muito consolidado, mas parecem promissoras.”

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