Teatro Paschoal recebe 12 peças locais e nacionais em abril
Espetáculos, que integram I Encontro Sala de Giz, têm início a partir de sexta-feira (6)
Inaugurado no último dia 2 de março após quase quatro décadas de espera, o Teatro Paschoal Carlos Magno já recebeu, no seu primeiro mês de atividades, algumas atrações, e nesta sexta-feira (6) terá início o I Encontro Sala de Giz de Teatro e Poéticas do Corpo. No total, serão 12 espetáculos teatrais com grupos locais e dos estados do Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo, que vão ocupar o Paschoal Carlos Magno, Museu Ferroviário e a Práxis – Escola de Arte Cultura e Movimento até o próximo dia 14. Além das peças, o Encontro Sala de Giz tem seis oficinas programadas no Paschoal Carlos Magno e no Sala de Giz Teatro e Outras Artes.
Um dos responsáveis pela organização do evento é o ator e diretor Felipe Moratori. Ele explica que o Encontro Sala de Giz é fruto da continuidade da pesquisa do Núcleo Dançantes, formado por 15 artistas de oito estados do Brasil e uma artista argentina, que por sua vez formou-se após o curso “O corpo multifacetado”, coordenado pela atriz-pesquisadora Ana Cristina Colla, na sede do Lume Teatro em Campinas (SP), entre 2015 e 2016. “A proposta do encontro teve origem em fevereiro de 2017, quando a Luisa Alves, integrante do Núcleo e atriz do Teatro Circense Andança (Petrópolis-RJ), articulou a ida do grupo para o interior do Rio de Janeiro. Ao concluir a vivência no ano passado, começamos a pensar a possibilidade de circulação do grupo para a cidade de outro integrante. Foi assim que Juiz de Fora foi eleita pelo núcleo como o melhor destino potencial, e eu, como integrante do Núcleo, passei a articular, em nome da Sala de Giz, a continuidade do trabalho aqui na nossa cidade.”
Abordagem artística específica
Ainda de acordo com Felipe, o evento tem dois objetivos diferentes, porém complementares: dar continuidade ao trabalho do Núcleo e seguir viajando por outras cidades do Brasil, e oferecer ao teatro de Juiz de Fora uma oportunidade de formação e experiência artística, em que o “encontro poéticas do corpo” pode se tornar mais um evento cultural local. Quanto a este ponto, vale salientar a presença de artistas-pesquisadores entre os participantes do festival, que vão desde o referencial Lume ao T.O.U. Teatro, de Londrina (PR), e o petropolitano Teatro Circense Andança.
“O evento, além de se configurar como uma mostra de espetáculos e oferecer oficinas (em modelo bem similar ao Festival Nacional de Teatro da Funalfa), tem um recorte muito específico em uma vertente do teatro contemporâneo, que é a investigação das poéticas do corpo”, continua. “É a primeira vez que a cidade ganha um evento teatral com esse tamanho dentro dessa abordagem específica. Para a produção local, a experiência com esse encontro é uma oportunidade de conhecer e se afinar com essa perspectiva, muito pulsante e atual nas práticas de pesquisa teatral hoje.”
E o que o público pode esperar dos espetáculos? Para Felipe Moratori, ainda que as poéticas do corpo sejam o interesse central dos integrantes do Núcleo Dançantes, as peças apresentam identidades e temas diversos. “O foco é no ator e na sua expressividade. Mas, sobretudo, teremos encontro com diferentes sotaques, cores e identidades de cada região de origem desses artistas”, adianta.
O orgulho e o peso da responsabilidade
O convite trouxe, por consequência, a responsabilidade de organizar o primeiro grande evento do Paschoal Carlos Magno, e a reboque os sentimentos de orgulho e responsabilidade. “Para nós da Sala de Giz é um orgulho participar dessa história, claro. Mas um orgulho com consciência e responsabilidade. Consciência de que nosso evento acompanha um movimento de compromisso com a cena local, ao nos afirmarmos como uma companhia que escolheu se fixar em Juiz de Fora, três anos atrás, e abrir um espaço de formação. Responsabilidade, porque as circunstâncias favoreceram nossa iniciativa, para além do simples desejo de ocupar o Paschoal. Somos muito conscientes da história peculiar do teatro, que atravessou mais de uma geração como algo estagnado, sem perspectivas, que jamais iria para frente sem o trabalho dedicado de um grupo de pessoas que lutou para que hoje alguém pudesse ocupá-lo. É fundamental citar o trabalho do Toninho Dutra, e de todos que se movimentaram com ele, tanto na prática quanto no discurso, para realizar essa conquista para a cidade.”
“O teatro tem potencial para ser um espaço de difusão artística de diversas áreas culturais, mas também de formação”, pontua. “Está bem localizado, bem equipado e traz o frescor da novidade. Não tem motivo para o seu palco estar vazio. Senão com espetáculos, ele comportará muito bem oficinas artísticas, cursos regulares de teatro e dança, oficinas técnicas de iluminação cênica, contrarregragem, só para dar alguns exemplos. Seria uma lástima, no entanto, por motivos óbvios, ele ser ocupado com fins que não sejam artísticos.”
Espetáculos
Não-vão-além
Com a Cia. Pisa Ligeiro (Juiz de Fora – MG). Direção e dramaturgia: Felipe Moratori. Não-vão-além é um lugar imaginário. Exílio para um casal de jovens artistas que viajou pelo mundo durante nove meses, até um desentendimento sobre o caminho. Seguir no mundo ou criar raízes? 6 de abril, às 19h, no Teatro Paschoal Carlos Magno (Rua Gilberto de Alencar s/n – Centro)
Ela se vinga com um monólogo
Com a Cia. Okearô (Rio de Janeiro – RJ). Direção de Marília Gurgel e atuação de Tatiana Henrique. As palavras precisas de Simone de Beauvoir trazem os pensamentos nada lineares de Murielle, uma mulher que se encontra sozinha, na noite de ano novo, revivendo as suas relações familiares, as suas relações com o mundo e consigo mesma. 6 de abril, às 21h, no Teatro Paschoal Carlos Magno
Medéia e suas margens
Direção: Denise Espírito Santo (Rio de Janeiro – RJ). Refere-se a um experimento teatral, realizado em três etapas, cujo eixo temático se volta para uma contextualização do mito de Medéia sob a luz de acontecimentos globais recentes. 7 de abril, às 19h30, no Museu Ferroviário (Avenida Brasil 2.001 – Centro)
O Circo dos Quasevelhos
Com a Cia. Sala de Giz (Juiz de Fora – MG). Direção: Felipe Moratori e Bruno Quiossa. Num pequeníssimo circo, a atiradora de facas está gestando o filho do equilibrista com o malabarista, num tempo em que pessoas do mesmo sexo conseguem ter filhos. Os três artistas estão diante do Tenente que comanda as operações de captura dos filhos de iguais. 7 de abril, às 21h, no Teatro Paschoal Carlos Magno
Diversifica
Espetáculo infantil da Cia. Benedita na Estrada (Campinas – SP). Criação e atuação: Mirna Rolim e Bruno Dutra. Inspirado na história “Nós”, escrita por Eva Furnari, o espetáculo conta a história de uma menina que nasceu em uma cidade onde todos eram iguais, menos ela. 8 de abril, às 17h, na Práxis – Escola de Arte Cultura e Movimento (Avenida Dr. José Procópio Teixeira 16 – Bom Pastor)
Sobre letras e gritos para salvar o mundo
Com a Cia. TOU Teatro (Londrina – PR). Concepção e atuação: Camila Fontes. Um encontro com as vozes e imagens de Jardelina da Silva, sergipana, muito conhecida nas ruas da cidade de Bela Vista do Paraíso, interior do Paraná. Busca vestir alguns dos retratos, objetos e palavras de Jarda, como era carinhosamente chamada. 8 de abril, às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno
Meu dia perfeito
Com a Cia. de Teatro Mezcla (Juiz de Fora – MG). Direção: Ricardo Martins. Com Marcos Marinho. O Senhor M acorda todos os domingos e sai para o terraço de seu prédio que fica no centro de uma grande cidade. Trata-se de um palhaço, um perdedor que só não perde a capacidade de sonhar e a vontade de brincar. 12 de abril, às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno
Serestando mulheres
Com a Cia. Lume Teatro (Campinas – SP). Direção: Fernando Villar e Ana Cristina Colla. Com Ana Cristina Colla. Um encontro forte e delicado com o feminino, é uma história “dançada” pela atriz, sobre si mesma e sobre outras mulheres. A matéria que compõe o espetáculo surge de momentos distintos do seu caminhar de atriz e mulher no Lume Teatro. 13 de abril, às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno
2ª Mostra de solos Sala de Giz
Direção: Felipe Moratori e Bruno Quiossa (Juiz de Fora – MG). Fundamentada nas investigações sobre poéticas do corpo desenvolvidas pela cia. Sala de Giz em seu Núcleo de Formação Teatral, a criação em processo se deu ao longo de 2017, resultando em solos que têm como buscas principais a expressividade e a presença. Na mostra, os atores-pesquisadores inter-relacionam suas composições em um jogo de percepção e escuta. 14 de abril, às 18h, no Museu Ferroviário
Da outra margem do rio
Com a Cia. Teatro Circense Andança (Petrópolis – RJ). Direção: Madson José. Com Luisa Alves e Renata Alves. À beira rio, às duas margens, as mulheres entoam memórias e cantos de outrora. Tecem um tênue fio de história. Duas mulheres, filha e mãe, em uma cena encantada por Mia Couto, desfiam contas à beira rio e deixam transparecer um outro tempo-espaço: feminino, materno, terrestre, universal. 14 de abril, às 21h, no Teatro Paschoal Carlos Magno
Circo de Baratas
Com a Cia. Trem (Juiz de Fora – MG). Direção e atuação: Luis Gustavo Mandarano. Atuação: Leo Cunha e Sandro Massafera. Um personagem cria um circo de baratas e, dilacerando sua natureza de liberdade, faz com que elas dependam dele para tudo o que queiram, tudo. 15 de abril, às 18h30, no Museu Ferroviário
Gineceu
Com a Cia. Okearô (Rio de Janeiro – RJ). Direção: Rodrigo Viegas. Um barulho numa rua deserta. Medo. Era apenas um cachorro, buscando comida num saco de lixo. Desses medos diários que toda a mulher experimenta. Sobre as amarras invisíveis que o capital impõe nos corpos das mulheres. Sobre o Gineceu. 14 de abril, às 20h30, no Teatro Paschoal Carlos Magno
Oficinas
• O corpo multifacetado, com Ana Cristina Colla
9 a 11 de abril, às 19h, no Teatro Paschoal Carlos Magno (Rua Gilberto de Alencar s/n – Centro)
• Práticas para uma abordagem orgânica do texto teatral, com Andrea Weber
7 e 8 de abril, às 14h, no Sala de Giz Teatro e Outras Artes (Avenida Olegário Maciel 769)
• Brincando com as coisas – Do objeto ao corpo, do corpo ao objeto, com Camila Fontes
9 e 10 de abril, às 19h, no Sala de Giz Teatro e Outras Artes
• Corpocidade, com Denise Espírito Santo
9 e 10 de abril, às 19h, no Teatro Paschoal Carlos Magno
• Corp(o)ralidade, com Tatiana Henrique
11 e 12 de abril, às 19h, no Sala de Giz Teatro e Outras Artes
• Técnicas para criação coletiva, com Phillipe Faria
7 e 8 de abril, às 9h, no Teatro Paschoal Carlos Magno