200 mil mosquitos são soltos no lançamento do Aedes do Bem

Insetos geneticamente modificados vão para os bairro Santa Luzia, Monte Castelo e Vila Olavo Costa


Por Rafaela Carvalho

30/11/2017 às 16h05- Atualizada 30/11/2017 às 19h14

Detalhe dos mosquitos geneticamente modificados (Fotos: Olavo Prazeres)

Cerca de 200 mil mosquitos geneticamente modificados do projeto Aedes do Bem foram soltos nesta quinta-feira (30), no Bairro Santa Luzia, Zona Sul. A ação marca o início da fase de soltura dos Aedes modificados, que será realizada em outros dois bairros participantes do projeto: Monte Castelo, na Zona Norte, e Vila Olavo Costa, na região Sudeste. O objetivo é inserir os insetos no ambiente para que eles cruzem com as fêmeas selvagens e gerem descendentes com um gene autolimitante, impedindo que eles transmitam dengue, zika ou chikungunya. A expectativa é que a redução da população do Aedes seja verificada em cerca de quatro a seis meses nos bairros onde os mosquitos foram soltos.

Uma cerimônia simbólica foi realizada na Praça Padre Geraldo Pelzers para marcar o início desta fase do projeto. O evento reuniu o prefeito Bruno Siqueira (PMDB), a secretária de Saúde do município, Elizabeth Jucá, e membros da Oxitec do Brasil, empresa responsável pelo Aedes do Bem. Segundo Elizabeth, o projeto foi o melhor método encontrado pela Prefeitura na tentativa de combater o Aedes aegypti de forma mais efetiva. Com o Aedes do Bem, os descendentes dos mosquitos machos modificados contêm um gene autolimitante e não chegam à idade adulta.

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Vivemos uma epidemia em 2016 e, a partir daí, passamos a buscar ferramentas para ajudar no combate ao Aedes aegypti. Foi assim que encontramos o Aedes do Bem, que consideramos como a melhor ferramenta para nos auxiliar nesse sentido.

Elizabeth Jucá, Secretária de Saúde

Conforme a secretária de Saúde, a expectativa é de mensurar os resultados já nos próximos meses. “Temos plena certeza de que o projeto vai ser um sucesso e esperamos ver o resultado em quatro meses. Se fizermos nosso papel e o Aedes do Bem fizer o dele, vamos reduzir muito a população do mosquito e também o número de casos de doenças transmitidas por ele.”

O chefe do Executivo destacou que os mosquitos geneticamente modificados não picam e não fazem barulho e afirmou que a população não precisa se preocupar com possíveis incômodos causados pelos insetos soltos no ambiente. “É importante deixar claro que o Aedes do Bem não vai incomodar a população. Os mosquitos são apenas geneticamente modificados, de modo que vão eliminando os Aedes aegypti que podem transmitir dengue, zika ou chikungunya. É um projeto inovador que estamos trazendo para Juiz de Fora, começando em três bairros, mas que, posteriormente, pretendemos ampliar para outras regiões.”

Foto: Olavo Prazeres

Luta constante
O prefeito destacou ainda que, apesar de ser um método inovador, o Aedes do Bem é só uma das ações de combate ao mosquito, e a população deve continuar fazendo sua parte. “A luta deve ser constante para combater as doenças transmitidas pelo Aedes. É essencial que a população dê continuidade aos métodos tradicionais de combate ao mosquito, com os dez minutos contra a dengue, pois ainda estamos em guerra. Já vencemos algumas batalhas, mas essa guerra só será vencida totalmente quando houver a vacina contra essas doenças. Enquanto isso, vamos continuar combatendo o Aedes aegypti.”

Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, o trabalho de engajamento e mobilização social realizados desde o início do projeto são importantes para que a população compreenda o Aedes do Bem e a importância da prevenção. “Partimos da premissa que a cada R$ 1 gasto com prevenção, economizamos R$ 4 em assistência. Além de fazer o engajamento para o Aedes do Bem, trabalhamos com a prevenção nesses bairros, e isso é muito importante, uma vez que 80% dos focos estão dentro das residências. Com essas ações, podemos ter maior qualidade de vida para a população.”

Como funciona o Aedes do Bem

Após a apresentação do Aedes do Bem, uma van da empresa foi utilizada para liberar os mosquitos por ruas do bairro. A cada 100m, mil mosquitos foram soltos no ambiente. A partir de agora, as solturas devem ocorrer em cada um dos bairros três vezes por semana, preferencialmente na parte da manhã. O veículo contém um ventilador por onde os insetos são impulsionados para fora, garantindo que cheguem ao ambiente. A quantidade de insetos liberada em cada área varia, considerando o número de habitantes e o índice de infestação.

Conforme a coordenadora de suporte científico da Oxitec, Cecília Kosmann, a previsão é que as solturas continuem durante dois anos, seguindo contrato firmado com a Prefeitura. “Durante o primeiro ano estaremos na fase de intervenção, quando liberamos uma quantidade maior de mosquitos. A fêmea só cruza uma vez, então temos que inserir muitos mosquitos no ambiente para que ela tenha maior probabilidade de encontrar o Aedes do Bem ao invés do macho selvagem. Depois entramos na fase de manutenção, quando liberamos uma quantidade menor de mosquitos para manter a população geneticamente modificada.”

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Ainda segundo a coordenadora, a empresa está monitorando as áreas onde os mosquitos serão soltos desde agosto, bem como uma área chamada de controle, onde não haverá soltura de mosquitos, para que os dados sobre os resultados do Aedes do Bem sejam mais claros. “Toda semana coletamos os ovos presos em armadilhas para medir a taxa de infestação desses locais.

Quando os Aedes do Bem cruzarem com as fêmeas selvagens, poderemos identificar, em cerca de um mês, a existência dos descendentes geneticamente modificados, por meio de fluorescência que inserimos nos machos. Assim, em cerca de quatro a seis meses, poderemos comparar o índice de infestação.”

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