Usuário deve ficar atento à cobrança nos ônibus
Pelo segundo dia consecutivo, os passageiros enfrentaram problemas para utilizar o transporte coletivo em Juiz de Fora. A demora na validação dos cartões de passagem, mais uma vez, provocou filas e atrasos nos ônibus. O transtorno também afetou quem realizou o pagamento em dinheiro. Nesta terça-feira, o problema teria ficado concentrado em 15 linhas exploradas pelo Transporte Urbano São Miguel (Tusmil), empresa que integra o consórcio Manchester, e que atende bairros da Cidade Alta e da Zona Sul. Na segunda, usuários reclamaram da mesma situação ao realizar viagens pela Goretti Irmãos Ltda (Gil), integrante do mesmo consórcio.
A questão é que o problema na validação dos cartões pode acarretar outro prejuízo aos usuários, além da demora para rodar a roleta. O estudante Enedio dos Santos Rezende Júnior, 25 anos, identificou que, apesar de as linhas utilizadas por ele serem integradas, não houve o desconto correspondente nas tarifas. Enedio mora no Alto dos Passos e se desloca de ônibus para a UFJF. No dia 23, um dia após a implantação do sistema de bilhete único para integração nas linhas da cidade, ele usou o ônibus 549 às 20h23 e, menos de 20 minutos depois, a linha 214, que são integradas. O valor cobrado, nas duas viagens, no entanto, foi igual – R$ 2,75, quando deveria ser de R$ 4,13 – o equivalente a uma passagem e meia. O mesmo aconteceu em outros três trajetos, que deveriam ser integrados, realizados nos dias 24 e 26 deste mês – ver fac símile. “Na hora que passava pela roleta, eu via o saldo restante, mas nunca apareciam cifras com R$ 0,02. A diferença era esperada já que o valor seria de R$ 4,13 no total de duas utilizações integradas. Observei atentamente e vi que era cobrado sempre R$ 2,75, mesmo na segunda utilização de linhas teoricamente integradas.”
O estudante foi até a sede do Consórcios Integrados de Transporte Público (Cinturb), antiga Astransp, pagou por um extrato e comprovou a cobrança maior. “Depois de esperar por exatamente 32 minutos, me foi informado pela atendente que o sistema não está integrado ainda e só estaria funcionando para as linhas da Zona Norte. Eu argumentei que, na página do bilhete único, informa que as linhas que eu usei integram o sistema, mas ela me disse que o sistema não estaria funcionando (em sua totalidade).” Enedio procurou, ainda, o Procon, cujo atendimento foi agendado para quinta-feira. “Isso é um desrespeito ao usuário do transporte público.”
A Secretaria de Transportes e Trânsito (Settra), por meio de nota, afirmou que todas as linhas estão integradas, no entanto os consórcios informaram que ocorreram falhas em alguns processos de integração. “A Settra está em campo verificando o funcionamento do sistema para propor as adequações cabíveis nos casos em que houver falhas que prejudiquem os usuários.” Conforme a pasta, o consumidor, ao embarcar pela segunda vez na linha integrada, no intervalo máximo de 1h30, deverá verificar a palavra “integração”, que deve ser exibida no visor do validador, assim como o saldo remanescente. A informação é que foi solicitado ao Cinturb que também exista a informação, de forma clara e transparente, o valor debitado – metade da passagem no caso da segunda viagem integrada.
Procurado, o Cinturb afirmou que, a partir desta quarta-feira (dia 31), haverá a destinação de um funcionário para avaliar cada reclamação formalizada. A entidade confirmou que houve falhas na operacionalização, inclusive ontem. Os problemas com a operação dos cartões eletrônicos nas catracas, afirma a entidade, aconteceram em função da necessidade de atualização do software, que permite o uso do bilhete único integrado ao sistema de bilhetagem eletrônica. Segundo a nota, “a atualização foi realizada primeiro em 60 linhas que pertencem ao
Consórcio Manchester, justamente para evitar que alguma dificuldade na operação atingisse todas as demais. Porém, a correção depende de reconfiguração de cada um dos validadores da frota, o que foi feito por cada empresa operadora enquanto os cerca de 600 ônibus circulavam e até que todos passassem pelas garagens na última madrugada”. Apesar do procedimento, alguns ônibus da Tusmil continuaram com problemas, que teriam sido solucionados na própria terça, garantiu a assessoria. Os erros foram considerados pontuais, e a expectativa é que não se repitam a partir desta quarta.
Estorno imediato
O superintendente do Procon, Eduardo Schröder, afirma que está em contato com a Settra e com os consórcios para acompanhar a implantação do sistema. “Como toda mudança deste porte, pode causar percalços.” Segundo Schröder, o consumidor que suspeitar de erro na cobrança deve, em primeiro lugar, procurar o Cinturb, verificar o extrato de utilização e conferir os valores. Caso não seja providenciado o estorno imediato, o órgão de defesa do consumidor deve ser acionado. Conforme o superintendente, ainda não há queixas formalizadas neste sentido. A sede do Cinturb fica na Rua Espírito Santo 296, Poço Rico. Já o Procon está localizado na Avenida Itamar Franco 992, no Centro.
*colaborou: Michele Meireles