Baixa adesão à vacinação é tema de debate na CBN
Especialistas falaram sobre mitos e verdades que podem influenciar na diminuição da procura pela imunização
Faltando três dias para o fim da Campanha Nacional de Vacinação contra Sarampo e Poliomielite, Juiz de Fora apresenta baixa adesão às doses destinadas ao público-alvo da ação: crianças menores de 5 anos. O dado mais recente divulgado pela Secretaria de Saúde é da última sexta-feira (24), e mostra que apenas 59% deste público foi vacinado contra ambas as doenças, estimativa aquém da meta preconizada pelo Ministério da Saúde, que é de 95%. Os números preocupam, uma vez que algumas regiões brasileiras já apresentam surto de sarampo. Inclusive, há casos confirmados da doença no estado do Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pelo governo do Estado, ainda não há confirmações. Até o momento, são 169 casos suspeitos notificados, sendo 127 descartados e 42 em investigação. Nenhum próximo a Juiz de Fora.
O cenário foi tema de debate nesta terça-feira (28) na Rádio CBN Juiz de Fora. Especialistas na área de infectologia foram convidados para falar a respeito das doenças e também das vacinas de modo geral, além de abordarem os fatores que podem influenciar no retorno das moléstias. Eles ainda reforçaram que as doses contra o sarampo, a poliomielite e mais de 20 outras doenças estão disponíveis o ano todo nas 63 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), no Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente (DSCA) e no PAM-Marechal, conforme o Programa Nacional de Imunização (ver quadro).
Durante a entrevista, a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Cecília Kosmann, ressaltou que a baixa procura pelas vacinas não é uma particularidade de Juiz de Fora. Pelo contrário, reflete em todo o país, o que propicia a reintrodução de vírus antes erradicados. Além disso, ela destacou que, entre os fatores que influenciam para a baixa procura, está o desconhecimento, por parte dos pais e responsáveis, das doenças em questão. “Os pais de hoje certamente não conviveram com crianças doentes, com paralisia causada pela pólio ou surdas por conta do sarampo, como era comum na década de 1980”.
Importância da vacina
A pediatra e epidemiologista do mesmo departamento, Sônia Rodrigues, reforçou que se essas doenças estão fora da nossa realidade, o mérito é totalmente da vacina. “Ela foi a ferramenta que afastou essas doenças, mas quando chama-se para uma campanha, é porque a vacinação se faz necessária. A pólio, por exemplo, é endêmica em três países do mundo e há risco de reintrodução, como aconteceu com o sarampo. O vírus chegou e encontrou brasileiros não vacinados”.
No que tange aos movimentos antivacinais e às fake news presentes na internet, que apontam danos causados pelas vacinas, o médico infectologista Guilherme Côrtes Fernandes apontou que podem ser um dos fatores, mas, que é simplista e ainda fraco no país. Para ele, são precisos estudos para melhor entender o financiamento e para a distribuição de vacinas para a população. “A vacinação é um ato coletivo. Não protege apenas a nossa família, mas a cidade, o país e o mundo. Sem a vacinação as doenças podem voltar”, alertou.