Juiz de Fora oficializa entrada na Agenda 21 da Cultura
Iniciativa tem entre seus objetivos pavimentar o compromisso das cidades associadas com o desenvolvimento cultural, cidadania e sustentabilidade
A Prefeitura oficializou na manhã desta quinta-feira (29), em solenidade realizada no Teatro Paschoal Carlos Magno, a entrada da cidade na Agenda 21 da Cultura. O documento de vocação mundial foi elaborado em 2004, durante o IV Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social de Porto Alegre, em Barcelona (Espanha), no marco do primeiro Fórum Universal das Culturas. A iniciativa visa estabelecer as bases de um compromisso das cidades e dos governos locais para o desenvolvimento cultural, tendo como base as experiências práticas e concretas dessas urbes e dos governos locais, assim como as contribuições de organizações internacionais, de universidades e do ativismo.
A cerimônia aconteceu como parte da programação do 1º Fórum Próximo Futuro, realizado entre terça e quinta-feira no Paschoal Carlos Magno, com objetivo de conectar as potências criativas do município e pensar o presente e o futuro de Juiz de Fora. Participaram da solenidade a prefeita Margarida Salomão; o coordenador da Agenda 21 da Cultura, Jordí Pascual, que falou diretamente de Barcelona, na Espanha; a diretora-geral da Funalfa, Giane Elisa Sales de Almeida; o presidente do Instituto Fábrica do Futuro, Cesar Piva; e os secretários municipais Ignácio Delgado e Lívia Delgado, além da consultora Marta Porto.
Considerado o primeiro grande documento internacional que discorre de forma sistematizada sobre a importância da relação entre a cultura, a cidadania e a sustentabilidade, a Agenda 21 da Cultura tem ganhado novos adeptos entre governos locais de várias esferas – como locais e regionais, além de agentes da sociedade civil, ministérios de países e organizações internacionais.
Dentre as cidades que participam da iniciativa estão Córdoba (Argentina), Bogotá (Colômbia), Puebla (México), Dakar (Senegal), Montreal (Canadá), Barcelona e Bilbao (Espanha), Swansea (País de Gales), Rijeka (Croácia), Lisboa (Portugal), Jinju (Coreia do Sul) e Ramallah (Palestina). No Brasil, cidades como Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife já estão associados à Agenda 21 da Cultura.
Cultura que gera renda, riqueza e oportunidades
Durante a solenidade, Jordí Pascual destacou a importância de Juiz de Fora participar dessa iniciativa, enquanto que a prefeita Margarida Salomão falou sobre a honra de receber esse legado do Fórum Social Mundial, que teve início em 2001, em Porto Alegre, e de assumir essa missão e compromisso. “O Fórum conseguiu desenvolver não apenas discussões de alto nível, mas também despertar expectativas e esperanças com essa agenda tão importante, de ter a cultura como agente de mudança nas cidades”, declarou.
Após o evento, Margarida contou que foram realizados vários encontros pela cidade para a preparação da cidade na Agenda 21 da Cultura. “Realizamos encontros setoriais das várias áreas de economia criativa, com toda a riqueza que temos no campo da cultura, do urbanismo, nas áreas acadêmicas tecnológicas. Foram esses encontros preparatórios que desaguaram nessa reunião com a lavratura final desse termo, que é um legado de cidades como Porto Alegre e Barcelona, de entender que a cultura é um eixo estruturante do desenvolvimento da cidade”, diz, “Acho que Juiz de Fora tem isso para si de uma forma muito clara ao longo de sua história, mas é necessário que abrace isso como uma proposta política, como uma condição vetorial para que tenhamos de fato o melhor dos aproveitamentos dessa ideia.”
Margarida destacou, ainda, que a cultura é vista em sua administração como algo muito mais amplo que simplesmente as expressões artísticas. “A cultura é também a convivência nas praças, a maneira como aproveitamos o espaço urbano, o esporte. E o que há de interessante nessa quadra de início do século XXI é que isso tem um potencial muito grande de gerar trabalho, renda, riqueza”, pontua. “Essa é, na verdade, a maior matriz geradora de riqueza no mundo: se você for olhar quem são os mais ricos verá que são pessoas que, de alguma fora, praticam ou são proprietários de economia criativa, então obviamente é uma oportunidade imensa para a cidade.”
A prefeita falou, ainda, sobre o que se pode esperar a curto e médio prazo da entrada de Juiz de Fora nessa iniciativa de escopo mundial. “Acho que é colocar no centro das preocupações, não só do nosso governo, mas da cidade inteira, essa percepção de que é fazendo esses investimentos em pessoas que teremos uma cidade mais justa, contemporânea e certamente mais rica também.”
Diretora-geral da Funalfa, Giane Elisa Sales de Almeida considerou esse um dia “histórico para a Cultura de Juiz de Fora”. “Não tem como a gente pensar em desenvolvimento sem pensar na cultura, em todos os fazeres culturais que são produzidos pela humanidade. A Funalfa vem fazendo isso de maneira determinada. E ganha força aquilo que a gente vem fazendo desde que aqui chegamos, que é pensar a cultura como algo muito maior do que só as belas artes, pensar a cultura como algo que de fato importantíssimo pro desenvolvimento da sociedade, dos povos, pela valorização das diversas formas de estar na vida e de produzir pensamento.”