Companhia da PM deixa de funcionar na Praça da Estação

Pedido de desocupação teria partido da Prefeitura, que estaria pagando aluguel do prédio. Responsável pelo policiamento no Centro, 30ª Cia vai funcionar no Bairro Santa Terezinha, por tempo indeterminado


Por Michele Meireles e Sandra Zanella (colaborou Rafaela Carvalho)

27/12/2017 às 11h52- Atualizada 27/12/2017 às 19h25

Atualizada às 19h25

Na manhã desta quarta-feira (27), unidade estava fechada, sem o letreiro e com objetos prontos para mudança (Foto: Leonardo Costa)

A 30ª Companhia da Polícia Militar, responsável pelo policiamento no Centro de Juiz de Fora, deixou de funcionar na Praça da Estação. A saída da sede física da companhia aconteceu, segundo a PM, a pedido da Prefeitura de Juiz de Fora, que havia cedido, em 2011, o espaço do Edifício Wagner Pereira para a corporação e estaria pagando o aluguel até então. A informação é de que os policiais têm até o próximo sábado (30) para deixar o espaço. A 30ª Companhia passa a funcionar no 2º Batalhão, no Bairro Santa Terezinha, região Nordeste, a cerca de quatro quilômetros da agora antiga sede no Centro.

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A assessoria de comunicação do 2º Batalhão informou que o pedido de desocupação foi feito pela Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania, “tendo em vista que (a secretaria) não tem mais como arcar com as despesas para que a companhia continue no local”. Segundo a nota, a mudança para o prédio do comando do 2º Batalhão é por tempo indeterminado. Na manhã desta quarta-feira (27), policiais faziam a mudança dos materiais para Santa Terezinha. A companhia no Centro já não está mais atendendo ao público, e o letreiro que indicava a unidade policial também foi retirado. A PM informou que não haverá impacto para a segurança e já está avaliando outro local para que a Companhia retorne ao Centro o mais breve possível.

Conforme matéria divulgada na Tribuna no dia 19 de agosto de 2011, quando foi inaugurada a sede no Centro, o comando da 4ª Região da PM informou que a instalação da 30ª Cia na Praça da Estação visava a aproximação da polícia com a comunidade, além de tornar mais eficiente o combate ao crime. Uma matéria publicada no site da Prefeitura, no mesmo dia, afirmava que o Executivo Municipal, que na época era chefiado pelo ex-prefeito Custódio Mattos, pagaria o aluguel do prédio e que a função era “de ampliar a segurança pública na área central da cidade”.

Sindicato do comércio defende mobilização

A saída da Companhia da Praça da Estação, um dos pontos de maior movimento do Centro, preocupa a população. Um comerciante que atua nas proximidades acredita que a desocupação pode agravar a violência no Centro. “É uma perda muito grande para a cidade. Aqui é um local de muito movimento, porta de entrada de muita gente que chega pelo terminal de ônibus que fica nas proximidades. Eu tenho comércio nas imediações e vejo muita gente de má índole. Acredito que a segurança vai ser prejudicada”, disse, sem querer se identificar.

A comerciante Adriana Zambelli, dona de outro estabelecimento comercial nas imediações, considera “muito ruim” a saída dos policiais do local. “Tenho o empório faz seis anos, e a segurança aqui melhorou muito depois que a Companhia veio para cá. Aqui é uma área que, mesmo com a PM, tem problemas. A saída da sede vai trazer muita insegurança, será uma perda enorme”, comentou.

Maicon Soares é dono de um hortifrúti na esquina das Rua Marechal Deodoro com a Avenida Getúlio Vargas. Ele vê com preocupação a desocupação da sede. “Era uma segurança a mais que tínhamos. Não inibia 100% o cometimento de crimes, mas inibia os criminosos, que ficavam com medo de ser presos. É muito preocupante, espero que tenha uma solução”, comentou.

O presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti, disse que a saída da 30ª Companhia já estava sendo debatida pelas entidades ligadas ao comércio. “Este assunto já vem se arrastando faz algum tempo. Entendemos que a Prefeitura de Juiz de Fora, assim como as outras do país, esteja passando por problemas financeiros, mas a saída da companhia é um fator preocupante. A base estava em um local estratégico. A saída afeta a sociedade como um todo, traz insegurança”, disse.

Beloti afirmou que chegou a ser ventilada a possibilidade de a unidade funcionar em seu local antigo, no prédio onde hoje funcionam a Prefeitura e a MRS. “Não sei como ficou esta questão, se o local é viável. Vamos tentar com os deputados federais de Juiz de Fora alguma ajuda, é um assunto de interesse coletivo, tem que haver uma mobilização e envolver vários segmentos”, afirmou.

Coronel garante que segurança não será afetada

Segundo o comandante da 4ª Região da PM, coronel Alexandre Nocelli, o imóvel da Praça da Estação era alugado pela Prefeitura, que arcava com os custos da locação. “Pediram o prédio e tivemos que recolher a companhia ao 2º Batalhão, até conseguirmos uma nova sede no Centro. Mas é bom que fique bem claro que o policiamento no Centro fica mantido da mesma maneira.” Ainda conforme ele, o Executivo chegou a disponibilizar outros locais, mas a PM ainda está em fase de estudos para encontrar o endereço mais conveniente. “Já está bem encaminhado. Mas, como o imóvel é locado e precisa ser devolvido ao proprietário, vamos recolher ao 2º Batalhão e, assim que encontrarmos outro lugar adequado, voltamos novamente com a sede para o Centro.”

Conforme o comandante da 30ª Cia, capitão Alexandre Barbosa Antunes, as negociações com a Prefeitura vêm acontecendo já há algum tempo, e o Executivo teria, inclusive, oferecido outros imóveis para serem sede da companhia. No entanto, os locais não teriam a estrutura necessária. “Em contrapartida, nós chegamos a sugerir outros dois imóveis da Prefeitura aonde a sede poderia se fixar, mas nos disseram que já havia outros planos para estes locais. Não conseguimos achar uma solução para esse problema e acabamos sem alternativa.” Uma preocupação é o tempo de deslocamento entre o Centro e o batalhão em Santa Terezinha.

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Bases comunitárias
Em relação à falta de uma base da polícia no coração da cidade, o coronel Alexandre Nocelli disse que pretende suprir a demanda com as bases comunitárias móveis e o ônibus utilizado pela corporação. A ideia é alternar os veículos em pontos de grande circulação de pessoas, como o Calçadão da Rua Halfeld, a Praça Antônio Carlos e a própria Praça da Estação. “Não vai faltar referência. O policiamento continua sendo lançado, o esquema tático não muda. Como a base comunitária tem essa característica de ser dinâmica, pode atender a vários locais, como praças e pontos estratégicos já mapeados.” Conforme o comandante, os veículos possibilitam os Registros de Eventos de Defesa Social (Reds), mas a população também pode recorrer ao Centro de Registro de Ocorrência Policial (Crop) do Santa Cruz Shopping.

Apesar de não haver prazo definido para o retorno da 30ª Cia ao Centro, o coronel garantiu que a situação será resolvida assim que possível. “Não pode ser qualquer local. Temos que guardar viaturas e precisamos de segurança por causa dos armamentos. Tem alguns requisitos e questões que precisam ser verificados.”

A Prefeitura de Juiz de Fora informou que a manutenção da sede da 30ª Cia no local foi inviabilizada por questões financeiras junto ao proprietário do imóvel, mas a PJF já vem, em conjunto com a PM, buscando outro local que atenda às necessidades da corporação.

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