Adolescente de 13 anos tem mão decepada em crime de vingança

Crueldade foi registrada na manhã de ontem, e jovem apontou como suspeito um outro morador do bairro que teria usado violência como retaliação a homicídio ocorrido no final de semana


Por Marcos Araújo

27/03/2018 às 15h13- Atualizada 28/03/2018 às 08h59

Um adolescente, de 13 anos, teve a mão direita decepada e a esquerda quase arrancada do braço durante uma tentativa de homicídio registrada na Vila Olavo Costa, Zona Sudeste, na manhã desta terça-feira (27). O crime que, segundo o boletim policial, teria sido motivado por uma vingança em razão do duplo homicídio ocorrido no bairro, no final de semana, aconteceu na Rua Hortogamini dos Reis, por volta das 11h. A violência marca, mais uma vez, nesta semana, a Vila Olavo Costa que está prestes a receber o programa estadual de prevenção a homicídios Fica Vivo, voltado para adolescentes e jovens entre 12 e 24 anos. O atentado contra o garoto de apenas 13 anos, evidenciando uma crueldade inédita em Juiz de Fora, deixou os moradores alarmados.

Conforme a ocorrência da Polícia Militar, a corporação recebeu a notícia de que havia um rapaz esfaqueado no local e que o Samu já estava em deslocamento para atendimento à vítima. As viaturas partiram para o endereço indicado e lá encontraram o adolescente. Ele ainda estava consciente e, ao ser questionado pelos militares, apontou quem seria o suspeito de cometer o crime, um morador da vila, de 31 anos.

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O adolescente teria dito aos policiais que a violência havia sido cometida como retaliação, uma vez que o suspeito acredita que ele teria participação na morte de Elder Luiz Diogenes Justino, 26, executado a tiros, em plena luz do dia, por volta das 16h30, também na Rua Hortogamini dos Reis, no último dia 24. Elder foi encontrado no interior de um bar, com marcas de oito tiros e seria parente do suspeito. Na mesma ocasião, foi assassinado Washington dos Reis, 38, que também foi encontrado pela PM caído em via pública com três perfurações à bala.

Depois de receber diversas denúncias anônimas, a PM realizou buscas nos possíveis locais onde o suspeito poderia estar escondido, mas ninguém foi encontrado. Em um dos escadões que dá acesso ao ponto conhecido como “Terreirão” foram encontrados uma carteira de identidade e um celular que seriam pertencentes ao suspeito.

O adolescente foi sorrido pelo Samu e conduzido ao Hospital de Pronto Socorro (HPS). A vítima, além da mão decepada e de outra quase arrancada, teve um corte profundo no pescoço e outro no ombro esquerdo. Durante toda a tarde de ontem, o paciente esteve na sala de cirurgia. A Secretaria de Saúde não tinha informações sobre o estado de saúde dele até o fechamento desta edição. Segundo o boletim policial, os moradores afirmaram que os ferimentos no garoto foram cometidos com um facão.

Um inquérito policial foi instaurado para investigar a tentativa de homicídio. A equipe de policiais da Delegacia Especializada em Homicídios, como informou o delegado Rodrigo Rolli, esteve na Vila Olavo Costa para colher informações, dando início à apuração.

 

Comunidade quer mostrar o que tem de melhor para combater a violência

Como a Tribuna mostrou em janeiro na série de reportagens “Vidas perdidas – um raio X dos homicídios em JF”, 46 pessoas foram executadas somente na Olavo Costa entre 2012 e 2017. Somando o entorno com as vilas Ideal, Ozanan e o Bairro Furtado de Menezes, os óbitos chegaram a 86, mais de um décimo do total de assassinatos contabilizados em todo o município no mesmo período. As recentes mortes reforçam a necessidade de uma atenção especial ao bairro, marcado pela violência.

O vice-presidente da Associação Lixarte, sediada na Vila Olavo Costa, Reginaldo Barbosa da Silva, o Bulú, como é conhecido, considera que o início do funcionamento do Fica Vivo pode trazer esperança para os moradores. Todavia, na visão dele, é preciso que o projeto absorva as lideranças e as vocações da comunidade. “É preciso aproveitar nossos talentos e mostrar o que a vila tem de melhor”, afiança Bulú.

Segundo ele, o caso do adolescente com a mão decepada e o duplo homicídio deixaram os moradores em clima de pânico e, ao mesmo tempo, de luto. “Apesar dos problemas, o garoto é cria aqui da nossa comunidade. A gente precisa trabalhar para não ver mais mães chorando pelos seus filhos”, adverte.
O Fica Vivo integra o Centro de Prevenção à Criminalidade (CPC) e vai funcionar no mesmo prédio do Núcleo Travessia, na Vila Olavo Costa.

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Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informou, nesta terça-feira, o projeto deverá ser inaugurado nos próximos dias, mas, a data ainda não foi confirmada em razão de burocracia. A demanda é antiga, e a sociedade juiz-forana anseia há anos pela implantação do Fica Vivo.

Em entrevista à Tribuna, no último dia 25, a subsecretária de Prevenção à Criminalidade em Minas Gerais, Andreza Gomes, afirmou que as pessoas envolvidas na iniciativa já estão trabalhando desde meados de janeiro para conhecer as demandas da população. “Neste primeiro momento, estamos na fase de implantação. A equipe só faz diagnóstico e circula no território apresentando os programas de prevenção. Não fazemos ainda atendimento e não executamos as oficinas, porque é importante que a equipe conheça o território, e que os moradores compreendam o trabalho realizado, para conseguirmos apresentar um plano e começarmos essa execução.”

 

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