O que fazer ao encontrar um animal abandonado?

Especialistas dão dicas para ajudar cães e gatos que estejam nas ruas e saber quando é necessário solicitar o recolhimento deles


Por Bárbara Riolino

20/10/2018 às 07h00

Animais de rua tanto podem estar perdidos como abandonados. Atentar-se à aparência e ao comportamento deles é o primeiro passo para ajudá-los (Foto: Leonardo Costa)

Ao deparar com algum animal doméstico solto nas ruas, muita gente sente vontade de ajudá-lo, seja levando-o para sua casa ou encaminhando-o às entidades de proteção animal. Logo pensamos que aquele gato ou cachorro foi abandonado e dificilmente passa pela nossa cabeça que ele pode estar apenas perdido. Ou, como costuma acontecer, tratam-se de animais já adaptados a viver daquela forma. Para conscientizar a população sobre quais procedimentos tomar nestas situações, especialistas da área animal compartilharam, a pedido da Tribuna, algumas dicas para evitar problemas e chegar a um final feliz.

Animais de rua tanto podem estar perdidos como abandonados. Atentar-se à aparência e ao comportamento deles é o primeiro passo para ajudá-los (Foto: Leonardo Costa)A primeira coisa a ser observada é a aparência do animal. Segundo a médica veterinária Márcia Rezende, a mesma pode indicar se o cão ou o gato possuem dono ou são frutos de um abandono. Animais com tutores tendem a apresentar coleira com identificação, pelos brilhantes e bem cuidados e peso dentro da normalidade. Dentro dessas condições, o animal não é recolhido pelos órgãos de proteção animal, mas podem ficar sujeitos a equívocos por parte de protetores independentes ou de pessoas sem experiência, causando transtornos.

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“Percebemos que os animais estão sendo recolhidos de maneira intempestiva. Ou seja, aquele gatinho bonito sentado do lado de fora de sua própria casa é recolhido e encaminhado para algum lugar. Por estar com boa aparência, rapidamente ele é adotado e é neste momento que começa o desgaste, pois a pessoa que o perdeu sai em busca dele. A mesma coisa acontece com os cães. Ao ver um animal circulante, a pessoa se desespera, mas, na verdade, trata-se de um animal que já se adaptou naquele ambiente”, explica a presidente da Sociedade Juizforense de Proteção aos Animais e ao Meio Ambiente (SJPA), Maria Elisa de Souza.

Uma forma de ajudar um animal já habituado na rua é dar água e comida. “Ao entregar comida a ele, é bom se afastar. Ele come e vai embora. Se ele for mais afetuoso, vai ficar próximo de você”, comenta. O recolhimento do animal de rua, para Elisa, é necessário, mas do animal da rua, que circula pelo bairro e, muitas vezes, é cuidado por várias pessoas (animal comunitário), não. “É preciso trabalhar a cabeça das pessoas para retirar essa urgência de encontrar um lar de forma imediata. A urgência é quando há riscos”, aponta.

Para tentar minimizar esses problemas, tanto a Sociedade Juizforense de Proteção aos Animais quanto o Canil Municipal de Juiz de Fora adotam critérios específicos para realizar o recolhimento, e a prioridade é por aquele animal que esteja em situações de risco, bem como animais doentes, feridos, atropelados, que sofrem ameaças e fêmeas que estejam no cio, prenhas ou com filhotes. “O ideal seria recolher todos os animais, mas não temos condições, por isso damos prioridade a esses casos. O número de adoções aumentou, e o de recolhimento diminuiu. O grande problema que enfrentamos hoje são as ordens judiciais contra os acumuladores de animais, em decorrência de denúncias de maus-tratos. São situações muito difíceis, pois, na cabeça dessas pessoas, elas estão fazendo o bem, mas não estão. Já encontramos lugares com 60 animais, muitas vezes, amarrados em correntes e em péssimas condições”, ressalta a gerente do Departamento de Controle Animal, Miriam Neder.

Ela acrescenta que o abandono não aumentou, pois ele sempre existiu, mas a divulgação sim, pois as pessoas têm tirado mais fotos e colocado nas redes sociais. “O que falta hoje não é um canil maior, mas sim a conscientização das pessoas. Cem por cento do sofrimento do animal é fruto da maldade e da ignorância humana, pois as pessoas continuam os colocando para fora de casa”, aponta.

Saúde e adoção

Caso você decida retirar o animal por conta própria, independentemente se ele esteja doente ou saudável, a veterinária Márcia Rezende orienta buscar atendimento médico. “No caso do doente é para tratá-lo. Já no aparentemente saudável, é para descartar que ele possa transmitir alguma doença, desde viroses a ectoparasitas (pulgas e carrapatos) para os animais que já se tenha em casa. É preciso que ele fique um tempo de quarentena, separado desses animais” pontua.

Se a pessoa optar por adotá-lo, Márcia ressalta que é preciso ter em mente as necessidades básicas do animal, que são os cuidados médicos (vacinas, consultas, vermifugação, castração), alimentação de boa qualidade de acordo com a idade e necessidades específicas (alergia alimentar, animal castrado, gestante ou lactante). “Ter tempo para dar atenção ao animal para brincar e passear com ele, ter um local adequado com abrigo para dormir e descansar livre de medo, seja ele real ou imaginário, e de temperaturas extremas (muito frio ou muito quente), além de espaço para correr e brincar”, enumera.

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Mas, se não puder ficar com o cão ou o com gato, a veterinária indica buscar um bom adotante que possa suprir essas demandas. “As redes sociais são um ótimo meio para divulgar fotos e compartilhar com um maior número de pessoas”, finaliza.

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