‘É guerra. É para ficar preocupado’


Por Kelly Diniz, Eduardo Maia e Juliana Netto

20/02/2016 às 07h00- Atualizada 20/02/2016 às 16h03

O registro de seis mortes em decorrência da dengue grave em um intervalo de menos de um mês coloca Juiz de Fora em uma situação alarmante. A situação levou o prefeito Bruno Siqueira (PMDB) a afirmar ontem que a cidade vive uma guerra contra a dengue. “Tivemos óbitos nessa semana que assustam muito, em hospitais conceituados de Juiz de Fora. Não tem conforto. É guerra! É para alarmar. É para ficar preocupado. Temos o Exército trabalhando desde janeiro. Isso já mostra que é uma guerra declarada. Cada um tem que fazer o seu papel. Se tiver algum vizinho com situação propícia para foco, bata na porta do vizinho. Peça para ele resolver. Se não resolver, entre em contato com o Poder Público para a gente atuar”, disse o chefe do Executivo em entrevista exclusiva à Tribuna. Além das mortes, a cidade vive uma epidemia da doença com o registro de 1.653 casos.

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Todas as vítimas eram mulheres, sendo cinco idosas e uma adolescente (ver quadro abaixo). Somente na última quinta-feira, o vírus fez três vítimas. A filha da idosa de 87 anos que faleceu quinta-feira na Santa Casa, Maria Aparecida Lima, conta que demoraram para diagnosticar a idosa. “A minha mãe passou mal no sábado, com febre e diarreia, em Cataguases. Minha irmã a levou ao hospital de lá. Eles a medicaram e mandaram para casa sem identificar a dengue. Ela retornou ao hospital segunda, mas a situação ficou a mesma. Na quarta-feira, resolvi trazê-la para Juiz de Fora.” A filha conta que o quadro da mãe evoluiu rapidamente para taquicardia, falta de ar, até iniciar a disfunção dos rins. “A minha mãe era mais saudável que eu e não tinha nenhuma doença crônica.”

Conforme a geriatra Miriam Pontes Ferreira, os idosos são mais suscetíveis à doença. “A dengue em idosos é mais preocupante porque eles são mais frágeis e, se tiver doenças crônicas, como cardiopatia, hipertensão, diabetes, ficam mais suscetíveis. A doença em idosos também evolui de forma mais rápida, por isso é importante que, assim que aparecer os primeiros sintomas, como febre, apatia, dores, eles devem procurar rapidamente atendimento médico.” A médica enfatiza que os medicamentos tomados pelos idosos que têm doenças crônicas não aceleram a evolução da doença. Ela desta ainda que as mulheres idosas não são mais afetadas pela doença, que atinge ambos os sexos igualmente.

Outro fator que chama a atenção é que, na maioria dos casos, as pacientes eram residentes na Zona Sul, sendo duas moradoras do Alto dos Passos e uma do Bom Pastor. O prefeito afirma que as mortes não necessariamente apontam que esses bairros estão mais infestados. No entanto, a região tem recebido atenção especial. “O fumacê já passou ontem lá na região, está passando hoje também. O Exército também está indo para essa região a partir da semana que vem.”

 

Ações

Bruno Siqueira conta que foi realizada uma reunião com as gerências das UPAs para afinar o tratamento à dengue. O chefe do Executivo ainda afirma que o Centro de Hidratação para a Dengue de Benfica, na Zona Norte, deve começar a funcionar no próximo dia 29, com 20 leitos para acamados e 40 cadeiras para hidratação venosa. Uma parte dos 50 novos agentes que estão sendo contratados começa a atuar na semana que vem e o restante na semana seguinte. “O pico da dengue nunca foi em janeiro e fevereiro. A gente está tomando todas as providências para atender uma situação que normalmente tem pico em março e abril.” Na próxima terça-feira, às 18h, haverá uma reunião com lideranças comunitárias, instituições e sociedade civil para definir um trabalho coletivo na cidade. Também está sendo realizada articulação com a associação de imobiliárias e com as administradoras de condomínio para que, na semana que vem, seja realizada ações de combate ao mosquito. No dia 29, haverá uma reunião da Prefeitura junto à Promotoria de Saúde e Superintendência Regional de Saúde para verificar o andamento das ações.

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Questionado sobre falhas que possam ter ocorrido no combate ao mosquito no ano passado, em decorrência às trocas de secretários de saúde, Bruno ressaltou que as mudanças não interferiram na gestão. “Não teve nenhuma troca específica na área de endemias. O Rodrigo é nosso subsecretário há algum tempo. Também não houve problema em relação à troca de secretários, já que a Elizabeth Jucá vem fazendo esse trabalho constante mesmo como secretária de Planejamento, acompanhando casos relacionados à saúde. E, mesmo na semana que ela não ficou à frente da secretaria, ela estava dentro da secretaria, fazendo os trabalhos e repasses que deveriam ser realizados naquele momento.

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