Licitação para reforma de Grupo Central é anunciada pelo Estado
De acordo com edital, a execução dos trabalhos está prevista para 720 dias após a assinatura do contrato de prestação de serviço. Recurso disponível é de cerca de R$ 10 milhões
Após quase cinco anos fechado, o Palacete Santa Mafalda, prédio histórico que abrigava a Escola Estadual Delfim Moreira (Grupo Central), poderá, finalmente, ser restaurado. O aviso de licitação do edital 038/18, que prevê a reforma do imóvel, foi publicado esta semana pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER). No dia 16 de julho, a Comissão Permanente de Licitação, em Belo Horizonte, vai receber a documentação para a habilitação das empresas interessadas em participar da concorrência. Apesar de não haver um cronograma definido para o início da reforma, que contará com investimento de R$ 10.062.247, 70, a divulgação da licitação foi comemorada pela direção do colégio de 1.400 alunos que, desde agosto de 2013, funciona provisoriamente em um edifício na esquina das ruas Santo Antônio com Fernando Lobo, no Centro. A obra foi anunciada durante a inauguração do Teatro Paschoal Carlos Magno e confirmada pelo próprio governador Fernando Pimentel (PT), em sua visita a Juiz de Fora no mês passado. A expectativa agora é que a restauração seja, de fato, viabilizada. De acordo com o diretor financeiro da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Juiz de Fora, Marcelino José do Carmo Rocha, o prazo de execução das obras é de 720 dias e começará a contar somente após a assinatura do contrato de prestação de serviço com a empresa vencedora do certame.
“O anúncio da concorrência é uma vitória para os alunos, para o corpo docente e para a cidade. A licitação, no entanto, não é garantia que a obra será finalizada. Apesar de estarmos muito felizes com a notícia, queremos que a obra comece, porque a gente deseja voltar para nossa casa”, comenta a diretora do Delfim Moreira, Letícia Natalino. A diretora sonha com a retomada das atividades no antigo endereço, no prédio com pátio, quadra e amplas salas de aula.
Quando funcionava na Avenida Rio Branco 2.437, a escola chegou a contar com dois mil alunos. Mas os problemas na infraestrutura, que levaram à interdição de quatro salas de aula e ao risco de queda do telhado, contribuíram para a migração de cerca de 600 alunos. Para agravar a situação da escola, a mudança para o endereço provisório – realizada em julho de 2013 -, impôs vários desafios, como a adaptação do colégio do sexto ano do ensino fundamental ao ensino médio em um espaço sem nenhuma área externa, com umidade e problema de alagamento. A crise no Estado também levou ao atraso no pagamento do aluguel do prédio atual. Há dez meses, o repasse não é feito. A SRE confirmou o débito, que está em cerca de R$ 450 mil, e atribuiu o problema às dificuldades financeiras enfrentadas pelo governo mineiro.
Deteriorado
O fechamento da Escola Estadual Delfim Moreira, na Avenida Rio Branco, impôs novos desafios para a restauração do espaço que se encontra ainda mais deteriorado do que antes, segundo a direção do colégio. “Com o prédio fechado, a umidade aumentou. Mas o projeto de reforma e restauração é lindo. Os nossos alunos merecem voltar para lá”, defende Letícia.
O diretor financeiro da SRE de Juiz de Fora, Marcelino José do Carmo Rocha, afirma que o valor previsto, superior a R$ 10 milhões, será suficiente para a realização dos trabalhos, uma vez que foi baseado na planilha de cálculo elaborada para o projeto de reforma e restauração do imóvel cuja construção é da segunda metade do século XIX.
Prédio foi construído para Dom Pedro II
O prédio do Grupo Central foi construído no final da década de 1850 pelo comendador Manoel do Vale Amado, um abastado proprietário rural que desejava homenagear Dom Pedro II durante a primeira visita do imperador a Juiz de Fora. Batizada de Palacete Santa Mafalda, a construção foi erguida em ponto nobre da cidade, na esquina das ruas Braz Bernardino e Principal, hoje Avenida Rio Branco. O imperador chegou a utilizar o casarão com mobiliário importado de Paris, em 1861, para a assinatura de importantes documentos.
No local também foi realizada a famosa cerimônia do Beija-Mão, na qual Dom Pedro recebia os convidados e pessoas comuns que tinham audiências marcadas. No entanto, ele recusou a oferta do comendador para que ficasse com o imóvel de presente, sugerindo que fosse doado ao Estado para abrigar uma escola ou obra de caridade, o que só aconteceu em 1907, quando o prédio foi adquirido por Minas Gerais, época em que o primeiro grupo escolar mineiro foi inaugurado. Em 1983, o prédio foi tombado pela municipalidade.